Avicultura Produção de ovos comerciais
A influência da Bronquite Infecciosa na qualidade dos ovos
Reconhecendo que são várias as causas que afetam a qualidade dos ovos, seja a qualidade externa na casca, como a qualidade interna na gema e clara, é necessário buscar entender e minimizar ao máximo para melhorar a qualidade dos ovos: ambiência, nutrição, manejos, genética e doenças aviárias.

A qualidade de ovos é o ponto de maior importância dentro de uma produção de ovos comerciais. A sua composição compreende da casca, do albúmen e da gema. A propriedade principal da casca é a proteção natural e eficiente para o conteúdo do ovo. Reconhecendo que são várias as causas que afetam a qualidade dos ovos, seja a qualidade externa na casca, como a qualidade interna na gema e clara, é necessário buscar entender e minimizar ao máximo para melhorar a qualidade dos ovos: ambiência, nutrição, manejos, genética e doenças aviárias.
Cada um desses pontos citados possui maior ou menor importância, de acordo com a realidade em que o plantel se encontra inserido nas diferentes regiões. Dessa forma, elencamos discutir um pouco sobre os impactos que uma doença aviária de grande ocorrência no Brasil pode trazer para a postura comercial: a Bronquite Infecciosa.

O vírus da Bronquite Infecciosa das galinhas (VBIG) é um coronavírus disseminado mundialmente em galinhas. Na avicultura industrial está relacionado a uma síndrome infectocontagiosa com manifestações respiratórias, renais, reprodutivas e entéricas podendo infectar aves reprodutoras (para corte e postura), frangos de corte, poedeiras comerciais e codornizes.
O VBIG possuí uma fita simples de RNA e é envelopado. Sua morfologia é característica por ser em formato arredondado e circundado por uma coroa de espículas. Sua membrana apresenta 23 diferentes tipos de proteínas para sua classificação viral completa, entretanto, sua classificação em sorotipos é baseada na região hipervariável da proteína de espícula S, utilizada como fonte de dados tanto para reações sorológicas quanto de biologia molecular. E uma mesma classificação de sorotipo não indica que o VBIG terá o mesmo tropismo celular nem uma mesma patogenicidade.
O local primário de replicação é o trato respiratório superior, independente do sorotipo. (Epitélio da traqueia, pulmão, sacos aéreos e glândula de Harder). Depois, replica-se nos sistemas renais, reprodutivos e intestinais. O vírus se dissemina pela via horizontal rapidamente por contato direto ou indireto, ou seja, acontece a transmissão entre aves, entre diferentes galpões, entre diferentes granjas e entre diferentes regiões.
Por apresentar vários sorotipos que atuam com diferentes características, foi possível visualizar em trabalho de 2011 a correlação positiva entre o nível de homologia entre diferentes sorotipos de IBV e o nível de proteção cruzada entre essas cepas.
No Brasil, o termo variante é largamente utilizado do campo aos laboratórios de diagnóstico, no qual a cepa variante do VBIG BR1, têm sido a mais prevalente. Em um trabalho realizado por em 2018 verificou-se que 74,5% dos VBIGs identificados no Brasil, sequenciados e depositados do GenBank, são pertencentes ao Sorotipo BR1.
Esse agente representa grandes prejuízos econômicos que muitas vezes não são diagnosticados com os sintomas clássicos da doença. Além de ter sua disseminação de forma rápida o agente pode permanecer viável na granja por períodos de 12 dias e concomitantemente agir em granjas vizinhas. Em aves jovens, o VBIG pode cursar com os sintomas clássicos de doença respiratória, com edemas e exsudatos nas traqueias e brônquios, além de inflamações em sacos aéreos, pericardite e pleurite. Muitas vezes está associado ao quadro de síndrome da cabeça inchada. É importante realçar que a infecção de fêmeas de menos de duas semanas de idade, pode causar lesões permanentes do sistema reprodutor, causando o que se chama de falsas poedeiras. A mortalidade nessa fase de vida dependerá da evolução dos sintomas, da carga viral, do sorotipo e da interação com outros agentes patológicos. Já no sistema renal, quadros de nefropatogenicidade tem sido associada a cepas BR1.
Para as aves de postura comercial ou reprodutoras, além dos descritos nas fases mais jovens, a sintomatologia comumente se demonstra relacionada a qualidade dos ovos. O vírus pode causar uma queda discreta de produção, abaixo do standard, que dificilmente alcançará os níveis desejados novamente, ou mesmo uma queda severa com deterioração do formato, espessura e coloração da casca, além de um efeito liquefeito do albúmen. Em reprodutores machos a BIG pode estar relacionada a diminuição da fertilidade, com cálculos epididimais e orquite, levando em alguns casos a infertilidade.
Nesse contexto, a biosseguridade é uma grande aliada da prevenção e do controle de um surto da BIG. Os programas direcionados à prevenção utilizam ferramentas de segregação, limpeza, higienização e desinfecção dos fômites como um pilar reforçado do manejo.
Adicionados ao manejo preventivo atualmente o controle da BIG é obtido por meio da vacinação das aves. Através do uso de vacinas vivas atenuadas e inativadas. Sendo que as vivas têm a função de prevenir e controlar a infecção em frangos de corte e de servir como primo vacinação de poedeiras comerciais e reprodutoras. Já as vacinas inativadas são fundamentais para a indução de níveis de anticorpos elevados, uniformes e de longa duração (gráfico).

Resultados em média aritmética para todos os lotes da granja, podendo observar que a vacinação com a associação de cepas de IBV na qualidade interna medida de forma indireta com a gravidade específica dos de ovos obteve resultados melhores
Uma vez conhecendo a realidade epidemiológica da doença na avicultura industrial, pode-se aplicar um programa vacinal que utilize um ou mais sorotipos diferentes de BIG. A intenção é sempre ampliar o espectro de proteção e ter a maior e melhor homologia com a cepa de campo, protegendo assim as aves frente aos desafios.

Caracterização da qualidade externa do ovo (ovos manchados de sangue, ovos sujos, ovos trincados, ovos com a casca deformada e ovos normais). Realizar a caracterização externa dos ovos por lotes de produção é uma técnica simples para mensurar de forma direta a saúde das aves. – Fotos: Arquivo pessoal/Jeniffer Pimenta/Vaxxinova

Gravidade específica dos Ovos – Utilização de 5 diferentes densidades, uma metodologia simples de baixo custo que quando realizada na rotina da granja auxilia no acompanhamento individual dos lotes e favorece a melhor caracterização do perfil do plantel avícola.

Avicultura
AVES reconhece os melhores ovos do Espírito Santo em 2025
Concurso reuniu 39 amostras e avaliou rigorosamente casca, clara e gema em três etapas técnicas, confirmando a evolução da avicultura capixaba e premiando produtores que se destacam em excelência e manejo.

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou em Santa Maria de Jetibá mais uma edição do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba, iniciativa já tradicional que reconhece o profissionalismo, o cuidado e a evolução técnica da avicultura do Estado. A edição de 2025 registrou uma forte participação, com 27 amostras de ovos brancos e 12 de ovos vermelhos enviadas por produtores de diversas regiões capixabas, reforçando o alcance da atividade e a importância do evento para a cadeia produtiva.
Marcado por rigor técnico, o concurso estruturou sua avaliação em três etapas conduzidas pela Comissão Organizadora e por um grupo de dez jurados convidados, representantes de empresas, instituições e entidades do setor avícola de diferentes estados. O médico-veterinário Leandro Marinho, do Idaf, atuou como auditor externo, garantindo neutralidade e transparência ao processo.
Na primeira fase, as amostras passaram pela análise objetiva da Máquina Digital Egg Tester, que avaliou resistência e espessura da casca e Unidade Haugh, parâmetro de referência internacional para medir a qualidade interna dos ovos. Todas as amostras foram submetidas aos mesmos critérios, e apenas as dez mais bem classificadas de cada categoria avançaram. A segunda etapa consistiu em uma análise visual minuciosa da qualidade externa, em que os jurados avaliaram uniformidade de tamanho, limpeza, textura e formato dos ovos, além da coloração da casca no caso dos ovos vermelhos. As amostras iniciavam com pontuação máxima e perdiam pontos conforme fossem identificadas pequenas imperfeições, o que destacou o cuidado dos produtores com manejo, nutrição e ambiência.
A etapa final abriu quatro ovos de cada amostra finalista para avaliação interna. Os jurados observaram presença de manchas de sangue, resíduos de oviduto, consistência do albúmen, centralização da gema e uniformidade de cor, consolidando a pontuação final. Representando a Avimig, o jurado Gustavo Ribeiro Fonseca elogiou o desempenho dos produtores capixabas: “No contexto geral, os avicultores estão de parabéns. São ovos de muita qualidade”, exaltou.
Já a médica-veterinária Karin Grossman, da Poly Sell, destacou a relevância do concurso para o fortalecimento do setor: “É uma satisfação para mim estar participando desse concurso. É um reconhecimento de um trabalho realizado ao longo dos anos, colaborando para a melhoria da qualidade dos ovos”, salientou.
Para a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre, os resultados reforçam o papel estratégico da iniciativa. Segundo ela, a edição de 2025 ocorreu exatamente como planejado, com forte adesão, avaliações criteriosas e alto nível de desempenho entre os concorrentes. “O concurso cumpre seu papel de estimular qualidade, aprimorar práticas e fortalecer a avicultura do Espírito Santo”, afirmou.
Vencedores
Ao final das três etapas, a AVES anunciou os vencedores. Na categoria ovos brancos, o primeiro lugar ficou com Jerusa Stuhr, da Avícola Mãe e Filhos, seguida por Waldemiro Berger, da Ovos Santa Maria, e por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, da Botelho Alimentos. Na categoria ovos vermelhos, o campeão foi Antônio Venturini, da Ovos da Nonna, enquanto Jesebel e Thiago Botelho ficaram em segundo lugar e Lourival Bold, do Sítio Pai e Filhos, em terceiro.
As empresas vencedoras do primeiro lugar que possuem marca comercial própria terão o direito de usar um selo especial em suas embalagens, identificando os produtos como “Melhor Ovo Branco do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025” e “Melhor Ovo Vermelho do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025”.
Empresas reconhecidas
Também foram divulgadas as empresas de genética e nutrição responsáveis pelo suporte técnico aos produtores vencedores, reforçando o papel fundamental desses parceiros na obtenção de resultados de excelência. Na categoria Ovos Brancos, a campeã Jerusa Stuhr contou com genética Bovans White e nutrição fornecida pela ADM-Nutriminas. O segundo colocado, Waldemiro Berger, utilizou genética Hy-Line W80 e recebeu assistência nutricional da DSM. Já o terceiro lugar, representado por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, trabalhou com genética Bovans White e nutrição da Brasfeed.
Na categoria Ovos Vermelhos, o primeiro colocado, Antônio Venturini, utilizou genética Hy-Line Brown e nutrição da Agroceres Multimix. Em segundo lugar, Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho competiram com genética Bovans Brown e suporte nutricional da Brasfeed. O terceiro colocado, Lourival Bold, participou com aves de genética Hy-Line Brown e nutrição fornecida pela Auster.
A edição 2025 do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba reafirma o compromisso da AVES com a promoção de boas práticas, a difusão de conhecimento e o reconhecimento do trabalho dos avicultores. Mais do que premiar os melhores ovos do ano, o evento funciona como ferramenta técnica e educativa, contribuindo diretamente para o avanço da avicultura capixaba.
Avicultura
Primeiro Encontro da Avicultura Capixaba impulsiona diálogo, inovação e qualidade
Evento da AVES reuniu a cadeia produtiva, premiou excelência em ovos e reforçou a importância econômica da atividade para o Espírito Santo.

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou, em 13 de novembro, a primeira edição do Encontro da Avicultura Capixaba, em Santa Maria de Jetibá. O evento reuniu produtores, empresas dos segmentos de corte e postura, pesquisadores, lideranças do setor e representantes do poder público para um dia de debates, capacitação e integração, reforçando a força da avicultura no Estado.
O produtor e presidente da Nater Coop e do Conselho Deliberativo da AVES, Denilson Potratz, destacou o avanço da atividade no Espírito Santo e o compromisso da entidade com o fortalecimento do setor. “Precisamos atuar de forma constante na cadeia para incentivar excelência na produção e garantir alimentos de qualidade ao consumidor”, afirmou.
O diretor executivo da associação, Nélio Hand, reforçou o papel econômico e social da avicultura capixaba, que fornece carne de frango e ovos com segurança e qualidade. “Eventos como este refletem a importância de um setor organizado e voltado à solução de desafios e geração de oportunidades”, salientou.
A abertura contou com autoridades estaduais e municipais, entre elas o secretário de Agricultura, Ênio Bergoli, o deputado estadual Adilson Espindula e o prefeito de Santa Maria de Jetibá, Ronan Zocoloto. Em seus discursos, destacaram a relevância da avicultura para a economia regional, especialmente na região serrana, e o papel da AVES como articuladora do desenvolvimento produtivo.
Santa Maria de Jetibá, conhecida como a “Capital do Ovo”, foi palco para o encontro. O município é o maior produtor de ovos do Brasil, com cerca de 14 milhões de unidades por dia. “Nada mais justo que este evento seja realizado aqui”, afirmou o prefeito.
Concurso valoriza qualidade dos ovos
Um dos destaques da programação foi o Concurso Qualidade de Ovos, que incentiva boas práticas de manejo, nutrição, sanidade e excelência no produto final. A edição recebeu 39 inscrições, 27 de ovos brancos e 12 de vermelhos, e teve avaliação técnica criteriosa. “O número expressivo de participantes mostra o interesse dos produtores em qualificar ainda mais seus produtos”, avaliou a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre.
O concurso foi transmitido ao vivo no YouTube, com grande participação de produtores e empresas.
Espaço Empresarial aproxima produtores e fornecedores
O encontro também contou com o Espaço Empresarial, área destinada à interação entre empresas e produtores, com demonstração de tecnologias, produtos e serviços. O formato interativo foi bastante elogiado pelos visitantes.
Durante o dia, duas palestras de destaque foram ministradas: Bruno Pessamilio apresentou detalhes do Plano de Contingência para Influenza Aviária, enquanto Christian Lohbauer analisou cenários e tendências para o agronegócio no Brasil e no mundo.
O evento terminou com apresentações de grupos de dança pomerana, valorizando a cultura local, seguidas de um jantar de confraternização.
Com a forte participação do público e o sucesso da iniciativa, a AVES anunciou que o Encontro da Avicultura Capixaba passará a ser anual, integrando oficialmente o calendário da entidade. A ação reforça o compromisso da associação em impulsionar o setor e valorizar o trabalho dos produtores.
Avicultura
Excesso de oferta amplia recuo dos ovos e limita reação das cotações
Segunda semana seguida de baixas registra até 8% de desvalorização, com expectativa de manutenção do viés negativo em novembro.

As cotações dos ovos seguem em queda nas regiões acompanhadas pelo Cepea, esse movimento é verificado pela segunda semana consecutiva.
Em parte das praças, as desvalorizações em sete dias chegam a 8%. De acordo com pesquisadores do Cepea, o menor ritmo de vendas vem aumentando gradualmente os estoques nas granjas.
Assim, produtores têm tido dificuldades em manter os valores da proteína e acabam cedendo nas negociações.
Colaboradores do Cepea indicam que, diante da maior oferta, não há espaço para reação positiva nos valores da proteína, e a tendência é de que os preços sigam enfraquecidos até o encerramento deste mês.










