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Bovinos / Grãos / Máquinas Dos escritórios para o estábulo

A fascinante trajetória da marqueteira que hoje produz 14 mil litros de leite por dia

Conforme a gestora de negócios da fazenda Bacelar Agroleite, Fernanda Krieger Bacelar, “O agronegócio evoluiu muito nos últimos e as mulheres chegaram para ficar, para estar à frente dos negócios, primando por uma gestão com muita firmeza, foco, consistência e atenção aos detalhes”.

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Gestora de negócios da fazenda Bacelar Agroleite, Fernanda Krieger Bacelar - Fotos: Gabi Maistrovicz

Em um mundo que está em transformação o tempo todo, é preciso coragem e uma certa dose de ousadia para ajustar a trajetória e seguir por novos caminhos. Características essas que não faltam a Fernanda Krieger Bacelar, que, após construir uma sólida carreira na área de Marketing e Comunicação, decidiu migrar para o campo e dedicar-se à pecuária leiteira em Arapoti, cidade situada na região dos Campos Gerais, no Paraná.

Ela conta que a decisão de fazer a transição para um setor até então desconhecido foi tomada quando se tornou mãe, ganhando apoio da família, especialmente do seu pai. “Quando meu filho Lucas nasceu percebi que conciliar a maternidade com uma carreira que me exigia bastante e morando em uma cidade como Curitiba era um desafio constante. Nesta mesma época meus avós faleceram. Eles tinham uma propriedade de mil hectares em Arapoti, que até então eram arrendados para agricultura. Meu pai assumiu a gestão agrícola da fazenda e sugeriu que eu montasse uma leiteria, porque a propriedade fica em um dos grandes polos leiteiros do Brasil, com o argumento de que desta forma estaríamos investindo no patrimônio da família”, relata Fernanda.

Fascinada com a ideia, mesmo sem conhecimento prévio do setor, a publicitária aceitou o desafio e assim nascia a fazenda Bacelar Agroleite. “Começamos a elaborar o projeto, a visitar outras propriedades leiteiras e a realizar prospecções financeiras para viabilizar a construção de uma leiteria capaz de abrigar 400 animais em lactação. Iniciamos o empreendimento com 80 vacas prenhas, que gradualmente foram incorporadas à produção de leite à medida que iam parindo. No início, a quantidade de leite produzida era modesta, mas ao longo do tempo dobramos a produção, até atingir, após sete anos, a marca de 400 animais em lactação e uma produção diária de 14 mil litros de leite”, conta Fernanda, orgulhosa.

Atualmente, a propriedade tem um rebanho de 850 animais, composto por 483 vacas e 367 novilhas. Há seis anos, a Bacelar Agroleite tem sido reconhecida como uma das melhores leiterias em termos de qualidade do leite no Paraná, distinção concedida pela Associação Paranaense de Raça Holandesa e pela Capal Cooperativa Agroindustrial. “Essa premiação é resultado do nosso compromisso em produzir leite de alta qualidade, respeitando os mais elevados padrões sanitários e de bem-estar animal”, ressalta a gestora de negócios.

Desafios da transição

A transição não foi fácil. Fernanda teve desafios desde a busca de conhecimento sobre a criação de gado leiteiro até a adaptação das instalações e do manejo dos animais. No entanto, sua dedicação, perseverança e vontade de aprender foram essenciais para seguir adiante. “Começar uma atividade do zero, sem nenhum conhecimento prévio, experiência anterior ou repertório foi complicado, porque é muito difícil tomar decisões com base em algo que você ainda não vivenciou, especialmente considerando o fato de que comecei com poucos animais em lactação”, pontua.

Com um número pequeno de gado leiteiro, Fernanda conta que a preocupação inicial era garantir a liquidez do negócio, uma vez que havia feito um grande investimento em infraestrutura, o que gerou um ativo fixo imobilizado considerável. “A liquidez dependia do volume de leite produzido, mas para alcançar esse equilíbrio financeiro, para conseguir o payback do meu negócio precisaria ter 400 animais em lactação e 10 anos de operação em um crescimento linear”, relembra a produtora, que conseguiu atingir essa marca em pouco mais de seis anos de trabalho.

Durante esse período, Fernanda adotou várias táticas e estratégias para melhorar a liquidez e superar os desafios diários na atividade. Ela adquiriu animais jovens para aumentar o número de vacas em lactação e assim duplicar sua capacidade de produção de leite. Além disso, diversificou seu negócio, aproveitando as opções disponíveis na fazenda, como a venda de feno e palha de trigo, a fim de aumentar sua rentabilidade. “Os desafios de administrar uma fazenda são complexos, porque você precisa entender um pouco de tudo, desde gestão pessoas, saúde animal, agronomia para poder fazer a gestão das safras e as vacas tenham comida, de processos operacionais, porque a fazenda é uma fábrica a céu aberto rodando sete dias por semana, 24 horas por dia, então todos os processos operacionais precisam estar muito bem alinhados para garantir que tudo ocorra bem”, salienta.

E o fato de ser uma mulher à frente de um negócio no setor agropecuário trouxe à tona desafios estruturais e culturais, que Fernanda teve que enfrentar no dia a dia com fornecedores, outros produtores e funcionários. Para desmistificar os estereótipos e a desconfiança inicial, Fernanda teve que trabalhar arduamente para obter resultados tangíveis e assim conquistar sua posição no mercado.

Por sua vez, Fernanda ressalta que o fato de ter vindo da publicidade favoreceu para que ingressasse na atividade com uma mentalidade aberta, voltada aos processos operacionais e com uma abordagem empresarial, adotando a criação de departamentos específicos e estabelecendo as funções de cada um dos funcionários, o que contribuiu para a eficiência e o profissionalismo na gestão do negócio.

Fernanda destaca ainda que sua relação com o leite é B2B. Como cooperada da Capal, sua produção leiteira é vendida por meio dessa cooperativa. “Não tenho uma marca para meu leite, mas tenho uma marca para o meu negócio, que é a Bacelar Agroleite, a qual representa nossa busca constante pela qualidade, eficiência, gestão e preservação do patrimônio familiar”, enfatiza, acrescentando: “Meu objetivo é me tornar cada vez mais eficiente, para que meu negócio seja cada vez mais lucrativo, para que eu possa trabalhar com o bem-estar dos animais e focar na qualidade de vida dos meus funcionários. Quando alcançar isso minha empresa vai se tornar completa e eu uma gestora muito satisfeita com o meu negócio. Por isso que eu, no momento, não tenho interesse em produzir uma marca própria”.

Em busca de conhecimento

Para adquirir o conhecimento necessário para gerenciar a produção de leite, Fernanda utilizou uma combinação de recursos e estratégias. Inicialmente, ela reconhece que começar do zero em um negócio tão complexo como a produção de leite demandou muita resiliência, mas, por outro lado, trouxe benefícios, pois teve a liberdade de trilhar seu próprio caminho e construir o negócio com base em suas próprias crenças.

Sua experiência anterior em gestão de empresas e os 15 anos de atuação em Marketing e Comunicação proporcionaram a ela uma perspectiva diferenciada, focando sua atenção em processos operacionais e na eficiência produtiva do rebanho, o que contribuiu para a rápida profissionalização do negócio.

Além disso, Fernanda ressalta a importância do contato e apoio de outros produtores no início de sua jornada. “Essa troca de informações e experiências foi muito valiosa, pois recebi dicas e pude esclarecer dúvidas sobre o dia a dia na atividade. A Capal, cooperativa em que sou associada, também desempenhou um papel fundamental, fornecendo suporte técnico especializado em áreas como alimentação, manejo de safras, sanidade e qualidade do leite. Atrelado a isso, a nossa propriedade está localizada em uma região reconhecida por sua alta tecnologia e excelência nos indicadores de qualidade do leite, o que serviu como referência e inspiração para elevar os padrões do meu negócio”, enfatiza.

Para complementar seu conhecimento, Fernanda também participou de diversos cursos voltados para a produção leiteira, os quais forneceram a base necessária para que pudesse gerenciar e tomar decisões mais embasadas no dia a dia de seu negócio.

Gestora de negócio

Desde o início, Fernanda diz que tinha plena consciência de que seria uma gestora do negócio e para isso precisaria ter profissionais qualificados e parceiros para atuar na atividade. “Antes mesmo de começar o negócio, fechei uma parceria com o médico-veterinário Nilton Vieira para nos ajudar na adequação do projeto e seleção dos animais. Ele segue até hoje na fazenda nos ajudando na parte sanitária, clínica e cirúrgica dos animais”, menciona.

Além disso, Fernanda reconhece a importância de contar com bons funcionários, que estejam comprometidos com o cuidado diário dos animais. A fazenda atualmente emprega 16 funcionários, sendo parte deles responsável pelo manejo dos animais e outra parte dedicada às atividades de ordenha, alimentação, manejo das camas e dos processos operacionais, que abrangem desde a manutenção dos equipamentos até a gestão de pessoas, compras, estoque e demais tarefas inerentes à rotina da fazenda.

Tirando o projeto do papel 

Para dar início à criação de gado leiteiro, a família Bacelar realizou um investimento inicial por meio de um financiamento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para a construção de dois barracões free stall, cada um com capacidade para abrigar 200 animais, além da instalação de uma sala de ordenha de porte médio, com 12 postos, e um bezerreiro. Posteriormente, buscaram novos financiamentos para viabilizar a construção de uma área destinada ao pré-parto, bem como espaços específicos para vacas secas e novilhas. “Essas expansões foram essenciais para o crescimento e aprimoramento de nossas instalações, proporcionando condições adequadas de manejo e bem-estar animal em todas as fases de desenvolvimento do rebanho”, frisa a gestora da fazenda.

Referência em qualidade

A produtora de leite destaca que sua busca constante é pela qualidade, colocando o bem-estar animal e a excelência do leite como seus principais focos. Para Fernanda, produzir alimentos é uma grande responsabilidade, especialmente quando se trata de um alimento nobre como o leite. Desde o início da Bacelar Agroleite, ela direcionou seus esforços para produzir leite com a máxima qualidade, o que se reflete nos índices de contagem de células somáticas (CCS), bactérias mesófilas (CTB) e ausência de resíduos de antibióticos ou outros contaminantes, certificada com as melhores médias anuais nestes indicadores. “Recebemos bonificação no preço do leite pela qualidade do produto entregue quando atingimos todos esses indicadores.

Desde que comecei o meu negócio sempre peguei a bonificação máxima em qualidade do leite”, exalta, complementando: “Todas as premiações do Paraná referentes a qualidade do leite ganhamos desde o começo do nosso negócio, que vai fazer sete anos, ou seja, há seis anos ganhamos como o melhor leite de qualidade na região de atuação da Capal e a nível de Paraná somos reconhecidos pela Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa”, enaltece.

Na propriedade da família Bacelar, o bem-estar animal e o conforto são as principais prioridades, a fim de garantir uma boa produção em harmonia com a saúde e o conforto dos animais. “Nosso objetivo é proporcionar um ambiente confortável para eles. Nossos barracões foram projetados com muito cuidado, oferecendo um alto nível de conforto. As camas são limpas, repostas e higienizadas duas vezes ao dia. O trato é fornecido duas vezes ao dia, garantindo uma alimentação adequada. Na linha de cocho, as vacas recebem aspersão de água oito vezes por dia, proporcionando resfriamento e ajudando a reduzir a temperatura corporal para que se sintam mais confortáveis”, expõe Fernanda.

Durante o processo de ordenha, as vacas são conduzidas por um percurso curto e nenhum animal é submetido a qualquer forma de agressão. Na sala de espera, também é fornecido aspersão de água para evitar qualquer estresse térmico antes de entrar na ordenha. “Nosso principal objetivo é garantir o bem-estar de todos os animais, desde os bezerros até as vacas em lactação, por meio de cuidados e tratamentos exemplares”, frisa Fernanda.

Em 2017, a fazenda Bacelar Agroleite produzia 2,9 mil litros de leite diariamente no tanque, e até o final de 2022, alcançou a marca de 14 mil litros. “Essa evolução foi bastante rápida, acompanhada do crescimento da produção e do plantel ao longo dos anos”, pondera a produtora rural, ampliando: “E o que me traz muito orgulho também é de talvez servir de inspiração para futuras gerações de mulheres. Não tem nada mais poderoso do que uma mulher estar onde ela deseja estar. O agronegócio evoluiu muito nos últimos e as mulheres chegaram para ficar, para estar à frente dos negócios, primando por uma gestão com muita firmeza, foco, consistência e atenção aos detalhes”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital de Bovinos, Grãos e Máquinas. Boa leitura!

 

Fonte: O Presente Rural

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Aliança Láctea Sul Brasileira avança nas ações de promoção do desenvolvimento da cadeia produtiva do leite

Evento reuniu um grupo de especialistas do setor lácteo, representantes das Secretarias de Agricultura dos três estados do Sul, dos Sindicatos das Indústrias de Laticínios e das Federações de Agricultura dos três estados do Sul.

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Objetivo foi atualizar sobre o cenário atual da Aliança Láctea Sul-Brasileira e relatar as ações de cada estado do Sul

Atualizar sobre o cenário atual da Aliança Láctea Sul-Brasileira (ALSB), relatar as ações de cada estado, principalmente sobre a entrada de leite em pó importado do Mercosul e conhecer o diagnóstico do leite no Paraná, feito pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) foram as pautas da reunião ordinária da ALSB promovida nesta quinta-feira (2), na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc).

Encontro teve como anfitrião o presidente do Sistema Faesc/Senar e vice-presidente de finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Zeferino Pedrozo – Fotos: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O encontro teve como anfitrião o presidente do Sistema Faesc/Senar e vice-presidente de finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Zeferino Pedrozo, e reuniu um grupo de especialistas do setor lácteo, representantes das Secretarias de Agricultura dos três estados do Sul, dos Sindicatos das Indústrias de Laticínios e das Federações de Agricultura dos três estados.

A programação foi conduzida pelo coordenador geral da Aliança Láctea, Rodrigo Ramos Rizo, e contou com a participação do presidente do secretário de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Valdir Colatto, do secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Rio Grande do Sul, Giovani Feltes, do secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Anacleto Ortigara, do presidente Sistema Farsul, Gedeão Silveira Pereira, do representante do Sistema Faep e presidente da Comissão Nacional de Pecuária do Leite da CNA, Ronei Volpi, do presidente do Sindileite Paraná, Éder Quinto Salvadori Deconsi, do presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Cesar Martins, entre outras lideranças.

Após um momento de solidariedade com a grave situação do Rio Grande do Sul, o presidente Pedrozo agradeceu aos representantes da Aliança Láctea pela participação no evento, comentou sobre a importância do Programa Leite Bom, recém-criado pelo Governo do Estado de Santa Catarina, falou sobre a longa trajetória para conquistar o valioso status sanitário catarinense e realçou o êxito do trabalho da ALSB para cumprir o propósito de atuar de forma conjunta para solucionar os problemas comuns enfrentados pelo setor. Também frisou o quanto o Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro (PDCGL) é essencial para propor ações que contribuem para um ambiente favorável aos investimentos na ampliação da produção. “Com cooperação será possível aumentar nossa competitividade no mercado global e criar oportunidades para potencializar o setor”.

Rodrigo Ramos Rizo agradeceu a receptividade da Faesc e salientou que a reunião foi fundamental para vencer mais alguns pontos importantes do setor. “O encontro teve um início muito emocional em função do quadro que o Rio Grande do Sul está vivendo neste momento pelas chuvas e enchentes, mas avançamos nas questões que a Aliança Láctea tem se proposto, ou seja, nos dez itens que representam a nossa bíblia no sentido de fortalecermos as exportações e trabalharmos cada vez mais as nossas indústrias para que estejam adequadas ao mercado internacional. Sabemos que os produtores não exportam, ou seja, quem exporta é a indústria, mas somos todos elos de uma cadeia só. Acredito que é possível avançarmos. Também estão de parabéns os representantes do Paraná que elaboraram todo esse trabalho de levantamento de diagnóstico muito bem feito. Além disso, a presença dos secretários de agricultura conosco abrilhantou a reunião trazendo toda a sua bagagem, conhecimento e as ações que cada estado tem feito no sentido de barrar a entrada de leite em pó do Mercosul”.

Leite Bom SC

Valdir Colatto enfatizou as iniciativas desenvolvidas pelo Governo do Estado para fortalecer a cadeia produtiva do leite e, entre as medidas, citou o Leite Bom SC – programa que beneficia direta ou indiretamente os 22,2 mil produtores catarinenses. O pacote garante R$ 300 milhões em apoio ao setor nos próximos três anos. Paralelamente aos investimentos, decreto do governador Jorginho Mello suspende a concessão de qualquer incentivo fiscal para a importação de leite e derivados por Santa Catarina, acabando com a concorrência desleal que vinha prejudicando a produção leiteira catarinense. O pacote se divide em três ações: o decreto, os financiamentos aos produtores e os incentivos fiscais para a indústria leiteira. “Santa Catarina hoje está produzindo hoje cerca de 3,2 bilhões de litros de leite, o que corresponde a 9,3% da produção do Brasil. É um setor importante que precisamos valorizar e proteger para que nossos agricultores possam superar esses momentos difíceis de custo de produção e outros prejuízos”, assinalou Colatto.

Norberto Anacleto Ortigara frisou a importância do encontro para evoluir nas questões que envolvem a cadeia produtiva do leite e ressaltou que Paraná também tem dado passos importantes no sentido de continuar construindo uma política adequada aos interesses brasileiros, especialmente, do Sul do Brasil. Giovani Feltes destacou ações que o Rio Grande do Sul já vem colocando em prática para minimizar os efeitos da importação de leite, principalmente do Mercosul. “Nosso estado já vem há algum tempo tentando proteger, de acordo com suas possibilidades, a cadeia produtiva leiteira”, afirmou.

A Aliança Láctea foi constituída como o fórum público-privado para desenvolver e fomentar a implementação de um plano para harmonizar o ambiente produtivo, industrial e comercial dos três estados. Confira os 10 objetivos do Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro.

  • Produzir leite com alta qualidade, a custo baixo e com organização logística eficiente para ser competitivo no mercado global em relação aos principais exportadores mundiais.
  • Melhorar a eficiência e o desempenho agronômico e zootécnico da produção de leite na região Sul do Brasil, adequando a produção aos princípios da sustentabilidade, ESG e bem-estar animal.
  • Aumentar a escala de produção e reduzir os custos médios por litro de leite produzido e transportado.
  • Melhorar a qualidade e o rendimento industrial do leite, com aumento do percentual de gordura e proteína na sua composição e pagamento por sólidos totais.
  • Melhorar a logística e a infraestrutura nas regiões produtoras de leite com investimentos em estradas, energia trifásica e Internet.
  • Melhorar a organização e governança da cadeia produtiva do leite com estratégias setoriais pré-competitivas, eliminação de assimetrias tributárias, intercooperação visando eficiência na logística e investimentos em marketing e informação geral para aumento consciente do consumo de lácteos.
  • Promover a fidelização do relacionamento comercial entre produtores de leite e indústrias de laticínios por meio de parcerias duradouras.
  • Conquistar e manter a excelência sanitária e biossegurança dos rebanhos com robustos serviços públicos e privados de defesa agropecuária e sanidade.
  • Adequar e harmonizar o serviço de inspeção de produtos de origem animal.
  • Criar mecanismos para estimular indústrias a instalar ou adequar plantas voltadas à exportação de lácteos.

Fonte: Assessoria Aliança Láctea Sul Brasileira
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Veto à carne nas Olimpíadas: punição ou preservação?

Ao invés de uma postura enviesada e divisionista, uma abordagem mais individualizada e baseada em evidências científicas seria mais adequada

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Letícia Moreira - Nutricionista - Foto e texto: Assessoria

*Por Letícia Moreira

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 se aproximam e uma notícia recente tem gerado polêmica no mundo esportivo: a decisão do comitê organizador de reduzir drasticamente a oferta de carne nas refeições servidas durante o evento. Segundo o Comitê, o objetivo é limitar as emissões de CO2 decorrentes das refeições, diminuindo pela metade a pegada de carbono em comparação a edições anteriores.

No entanto, essa abordagem é uma medida nutricionalmente desequilibrada e prejudicial aos atletas, que precisam de um aporte nutricional adequado para o alto desempenho.

Diante desse cenário, é importante analisar a evolução histórica da alimentação de atletas e o papel da carne em suas dietas, bem como as perspectivas atuais sobre o tema.

Desde a antiguidade, a alimentação dos atletas tem sido motivo de debate e controvérsia. De acordo com o relato do historiador Philostratos, no início, os atletas confiavam em seus treinadores para garantir que suas necessidades nutricionais fossem atendidas. No entanto, com o tempo, os médicos assumiram o controle e os primeiros especialistas em medicina esportiva começaram a surgir.

Nesse contexto, dois importantes médicos da época, Celsus e Galeno, consideravam o consumo de proteína animal a forma mais nutritiva de nutrição para os atletas. Ambos concordavam que a carne era um alimento “forte” e nutritivo, essencial para os atletas. Galeno chegou a afirmar que a carne era o alimento mais nutritivo de todos, sendo visível nos próprios atletas o impacto positivo dessa proteína.

Outras fontes proteicas, como aves e peixes, também eram consideradas importantes.

Essa visão histórica sobre a relevância da carne na dieta de atletas encontra eco nos dias de hoje. Um exemplo notável é o caso do atleta brasileiro Alessandro Medeiros, que se tornou conhecido mundialmente por alcançar grandes feitos esportivos seguindo uma dieta exclusivamente carnívora, ou seja, à base de carne.

Medeiros, com mais de 30 anos de dedicação ao esporte, desenvolveu habilidades físicas e mentais excepcionais, conquistando colocações de destaque em ultramaratonas e eventos de resistência, como o Mundial de Ultraman na ilha de Kona no Hawaii. Sua história mostra o impacto positivo que uma alimentação adequada, focada em proteínas e gorduras animais, pode ter no desempenho atlético.

Além da questão nutricional, explicada acima, neste ano, por meio de uma parceria de trabalho estabelecida com a Connan, empresa de nutrição animal, tive a oportunidade de me aproximar e informar sobre o processo de produção da carne no Brasil, acompanhando mais de perto os movimentos da pecuária.

Esta proximidade me fez conhecer um lado da atividade que é pouco difundida entre a população em geral: os investimentos em tecnologia na produção de animais. Hoje, existem empresas e entidades focadas no desenvolvimento de soluções que garantam a qualidade do produto final, a carne, mas que também ofereçam aos bovinos melhor qualidade de vida e menor emissão de gases, com uma alimentação mais balanceada e proteica.

Além disso, técnicas de manejo que proporcionem a recuperação de pastagens degradadas, adubação qualificada, manejo do pastejo, estratégias de suplementação e dietas adequadas em confinamento são alguns métodos que têm mostrado efeito positivo na mitigação da emissão de gases de efeito estufa da pecuária.

Já há trabalhos que mostram situações em que o carbono sequestrado no solo sob pastagem contribui para um balanço positivo de carbono numa fazenda de produção pecuária, isto é, em que há mais carbono fixado do que emitido.

Não há como negar que a pecuária tem sim uma parcela importante no cenário da emissão de gases de efeito estufa, mas antes de condenar uma atividade de extrema importância para a segurança alimentar mundial, é fato que as autoridades francesas deveriam olhar para outros setores, como os de energia e de transportes, por exemplo, que também são grandes emissores e que crescem ano a ano.

Para um impacto de relevância no cenário da preservação do meio ambiente, entendo que as medidas deveriam levar em conta o todo. De acordo com relatório da organização não governamental Carbon Market Watch (CMW), a organização das Olimpíadas de Paris-2024 só apresentou estratégia robusta de cobertura para 31% de suas emissões de gases de efeito estufa. Os outros 69% não são detalhados suficientemente.

No campo dos transportes, item de maior peso nas estimativas de emissões, a CMW considera satisfatório o plano do comitê para o transporte em Paris, já que mais de 80% das instalações esportivas ficarão a um raio de 10km da Vila Olímpica. Porém, os organizadores não apresentaram algo completo, segundo a ONG, para o transporte de espectadores, atletas e jornalistas para a França.

Diante das evidências históricas e dos casos atuais, é questionável a decisão dos organizadores dos Jogos Olímpicos de Paris em reduzir drasticamente a oferta de carne nas refeições servidas durante o evento. Essa abordagem, além de ser nutricionalmente desequilibrada, ignora o importante papel da pecuária no fornecimento de alimento para o mundo e pode comprometer o desempenho e a saúde dos atletas.

Ao invés de uma postura enviesada e divisionista, uma abordagem mais individualizada e baseada em evidências científicas seria mais adequada. Afinal, a dieta ideal para os atletas olímpicos deve priorizar um ótimo aporte nutricional e o atendimento de suas necessidades específicas, e não apenas uma preocupação ambiental que pode se sobrepor aos interesses da saúde e do desempenho desses esportistas de alto nível.

 

 

Referência: Uma comparação entre as dietas esportivas da Grécia Antiga e da Roma Antiga com as práticas modernas (https://www.omicsonline.org/open-access/a-comparison-of-ancient-greek-and-roman-sports-diets-with-modern-day-practices-2473-6449-1000104.php?aid=69865)

* Nutricionista formada há 18 anos pela Faculdade de Medicina de Itajubá (MG), Letícia Moreira, é especialista em dietas Low Carb, Cetogênica e Carnívora, com foco em emagrecimento e esporte de Endurance. É cofundadora da PRIMAL ENDURANCE e Nutricionista do primeiro Ultraman carnívoro do mundo, Alessandro Medeiros.

Fonte: Assessoria
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Colibacilose em bezerros: importante tipo de diarreia

Como a transmissão da Colibacilose é feco-oral, sua prevenção exige cuidados quanto ao manejo dos animais, condições higiênico-sanitárias e alimentação, com destaque para a oferta de colostro em quantidade e qualidade adequadas, o mais rápido possível.

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Foto: Divulgação/JÁ Saúde Animal

A saúde intestinal dos bezerros é um aspecto importante na pecuária, afinal impacta diretamente o desenvolvimento e a produtividade desses animais. Dessa forma, a manutenção de um trato gastrointestinal saudável e funcional permite a digestão e a absorção adequadas dos nutrientes. Nesse contexto, entre os principais desafios da criação de bezerros, relacionado à saúde intestinal, está a diarreia, sendo responsável por uma série de prejuízos. O problema é caracterizado por uma grande perda de líquidos e eletrólitos corporais que vão ocasionar desidratação, perda de peso, com possibilidade de evoluir para choque hipovolêmico e morte do animal.

Vários fatores podem ter relação com a ocorrência da diarreia e os agentes etiológicos causadores podem ser diversos, incluindo as bactérias (Escherichia coli, Salmonella sp., Clostridium perfringens), os vírus (rotavírus e coronavírus), protozoários (Eimeria sp. e Cryptosporidium sp.) e as verminoses. Dentre esses, um dos principais no quesito mortalidade é a Escherichia coli, bactéria gram-negativa, que de forma geral é inofensiva. Contudo, quando tipos patogênicos infectam uma população susceptível ou quando há uma somatória de fatores (ambiente, manejo, imunidade) que estimula a proliferação bacteriana ocorre a chamada Colibacilose, termo atribuído a afecções provocadas por E. coli, que consequentemente podem ocasionar quadros de diarreia.

A Colibacilose pode acontecer de três maneiras: septicêmica, enterotoxêmica e entérica. A forma septicêmica se desenvolve quando a bactéria se multiplica rapidamente na corrente sanguínea, afetando geralmente bezerros que não tiveram uma boa colostragem. Nesse caso, a apresentação da afecção é aguda, variando de 24 a 96 horas, com sinais clínicos como depressão, febre alta, anorexia e taquicardia. Outra forma é a enterotoxêmica, quando a bactéria se prolifera na parte média e posterior do intestino, havendo a liberação de toxina. Nesse caso, os animais apresentam prostração intensa e morrem de endotoxemia. Por fim, existe a forma entérica, conhecida como “curso branco”, caracterizada por sinais como diarreia pastosa abundante, de coloração esbranquiçada ou amarelada, podendo progredir para diarreia aquosa severa, desidratação, acidose metabólica e morte.

Geralmente a ocorrência da Colibacilose é mais frequente em animais mantidos em confinamentos ou muito próximos uns dos outros, além de bezerros com poucos dias de vida. Outros fatores epidemiológicos que podem contribuir para o desenvolvimento de um quadro diarreico são: períodos chuvosos, sistemas de produção inadequados (manejo sanitário, instalações e nutrição ineficazes) e outras enfermidades como as endoparasitoses. A taxa de mortalidade pode variar de 10 a 50% para bovinos de leite criados em sistemas intensivos e de 5 a 15% para bovinos de corte. É importante salientar que ela pode chegar a 60% em propriedades com problemas de manejo.

Como a transmissão da Colibacilose é feco-oral, sua prevenção exige cuidados quanto ao manejo dos animais, condições higiênico-sanitárias e alimentação, com destaque para a oferta de colostro em quantidade e qualidade adequadas, o mais rápido possível. Além disso, é importante realizar a vacinação de fêmeas no pré-parto especialmente por conta da passagem de anticorpos da mãe imunizada para o bezerro, conferindo proteção durante os três primeiros meses de vida.

Para o tratamento recomenda-se a administração de antimicrobianos, sendo a Enrofloxacina um dos mais indicados, além do uso de anti-inflamatórios não esteroidais para o controle da febre, alívio da cólica e para proporcionar conforto ao animal. É importante que seja feita a reposição dos fluidos e eletrólitos pela via oral (em casos iniciais) ou pela via parenteral, pois a desidratação pode levar os bezerros à morte de forma muito rápida.

As referências bibliográficas desse texto podem ser solicitadas à autora pelo e-mail: juliana.melo@jasaudeanimal.com.br.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Juliana Melo, médica-veterinária e jornalista na JA Saúde Animal
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