Conectado com

Suínos

A escolha contra a circovirose pode impactar no desempenho dos leitões?

As vacinas mais eficazes apresentam como principal diferença um de seus componentes, o adjuvante, que é responsável pela ativação do sistema de defesa no suíno

Publicado em

em

Artigo escrito por Daniele de Lima, médica veterinária, mestre em Ciências Veterinárias e consultora Técnica de Suinocultura da Boehringer Ingelheim Saúde Animal 

A vacinação é uma das ferramentas mais efetivas na prevenção de circovirose, pois tem a função de reduzir sinais clínicos, evitar as mortalidades pela doença e melhorar indicadores zootécnicos. Existem no mercado brasileiro diversas vacinas para o controle da circovirose. As vacinas mais eficazes apresentam como principal diferença um de seus componentes, o adjuvante, que é responsável pela ativação do sistema de defesa no suíno. Os adjuvantes classificam-se em oleosos e aquosos. Normalmente, adjuvantes oleosos causam efeitos colaterais não desejáveis após a aplicação da vacina.

Esses efeitos negativos, causados pelas vacinas contra circovírus que têm adjuvantes oleosos, geralmente passam despercebidos na granja pela grande maioria dos profissionais da área, mas provocam reações locais e sistêmicas, como inchaço no local da aplicação, aumento de temperatura corporal de até 2º C (febre), letargia e redução do consumo de ração. Visualmente estas reações são passageiras, mas é “aí que mora o perigo”, pois escondem impactos diretos no ganho de peso diário do animal e ainda, casos de granulomas e abscessos que podem persistir até o abate.

Existem diversos trabalhos na literatura demonstrando que o uso de vacinas de circovírus reativas (com adjuvantes oleosos), atrasa o crescimento do leitão na fase de creche. Essa perda pode variar de 500 gramas a 1,2Kg aos 63 dias de vida.

Apesar de toda essa informação, ainda existiam algumas dúvidas: Será que esse atraso no peso é compensado na fase de crescimento e terminação? Será que a vacina de circovírus para ser eficaz deve ser reativa? Para responder essas e outras perguntas, avaliações de campo foram realizadas em diferentes realidades de granjas brasileiras, no decorrer deste ano pela equipe da Boehringer Ingelheim e seus parceiros.

Em todas as quatro avaliações o objetivo principal era comparar o ganho de peso, do desmame até o abate de leitões vacinados para circovírus com vacina reativa (com adjuvante oleoso) contra leitões vacinados para circovírus com vacina não reativa (com adjuvante aquoso).

No dia do desmame e antes da vacinação, todos os leitões foram individualmente identificados com brincos, pesados um a um e distribuídos de forma aleatória em dois tratamentos, sendo que o peso médio inicial foi igual nos dois grupos.

Foram avaliados sempre 2 tratamentos: T1 – vacina de circovírus não reativa (dose única de 1 mL) e T2 – vacina de circovírus reativa (dose única ou duas doses). Cada grupo de leitões foi vacinado pela via intramuscular com seu respectivo tratamento, seguindo o protocolo recomendado de cada fabricante.

Outro detalhe importante é que todos os animais de cada avaliação foram alojados no mesmo galpão de creche e no mesmo galpão de terminação, ou seja, todos os manejos de rotina foram mantidos, de modo que os animais foram submetidos às mesmas condições ambientais e nutricionais durante o trabalho de campo. As pesagens foram feitas no desmame, saída de creche e no final de terminação.

Vacina não reativa (dose única) versus vacina reativa (dose única)

Na primeira avaliação conduzida em uma das maiores agroindústrias de Santa Catarina (SC), foram acompanhados 400 leitões (200 vacina não reativa x 200 vacina reativa) até o abate. O desempenho dos animais vacinados com vacina não reativa foi melhor, representando um ganho de 1,2 kg a mais no peso de abate. Uma avaliação semelhante foi conduzida em uma agroindústria do Rio Grande do Sul (RS-1), sendo o peso médio final ao abate 1,21 kg melhor no grupo com suínos vacinados com vacina não reativa.

Vacina não reativa (dose única) versus vacina reativa (duas doses)

A primeira avaliação foi realizada em uma granja multiplicadora no estado do Rio Grande do Sul (RS-2). Foram acompanhadas 54 leitoas desmamadas destinadas à reprodução até o momento da seleção (150 dias de vida). As leitoas que receberam vacina não reativa ganharam 1,1 kg a mais na fase de creche e pesaram 4,4 kg (p < 0,05) a mais aos 150 dias de vida. O aproveitamento de leitoas para reprodução vacinadas com vacina não reativa foi 11% melhor em comparação ao grupo que recebeu vacina reativa.

A segunda avaliação foi realizada em uma cooperativa do Paraná (PR). Foram utilizados 400 leitões, os quais foram divididos em dois grupos (vacina conjugada de circovírus e Mycoplasma hyopneumoniae não reativa dose única x vacina conjugada de circovírus e Mycoplasma hyopneumoniae reativa de duas doses). O desempenho dos leitões vacinados com vacina não reativa foi melhor, com peso de saída de creche 400 gramas superior ao grupo que recebeu vacina reativa. Alguns dias antes do abate os animais foram novamente pesados individualmente e a diferença que era de 400 gramas no final de creche aumentou para 2,2 kg (p < 0,05) no peso médio final para os animais do grupo que recebeu a vacina não reativa.

Nas quatro avaliações de campo brasileiras, não foram observados casos clínicos ou mortalidades por circovirose, independentemente da vacina utilizada, pois todas as vacinas avaliadas atenderam o propósito de prevenção da circovirose.

Reações

Durante os estudos, foi frequente em leitões que receberam a vacina reativa frente o circovírus, a ocorrência de inchaço no local da aplicação, letargia (apatia e sonolência), febre e redução do consumo da ração pelos animais caracterizando o quadro de narcolepsia transitória, que é bastante intenso após a aplicação da segunda dose da mesma vacina.

Em resumo, nas quatro realidades distintas foram avaliados individualmente 1.254 leitões e o peso final foi impactado negativamente pelo uso de vacinas reativas frente ao circovírus, com diferenças variando entre 1,2 kg a 4,4 Kg a menos. Este impacto negativo no desempenho é decorrente da reação adversa causada pelo adjuvante oleoso das vacinas reativas utilizadas, observada inicialmente na fase de creche pelo baixo consumo de ração. A perda de desempenho iniciada na creche não foi recuperada no decorrer da vida do leitão, mas persistiu e se multiplicou durante a fase de terminação.

Considerando estes resultados obtidos no Brasil, é importante que todos os envolvidos na produção de suínos reflitam sobre o velho paradigma de que as reações adversas (leitão com febre, sem apetite e com dor) são indicativas de que a vacina está fazendo efeito e que, por isso é boa. Devem ter em mente que nos dias atuais existem tecnologias aplicadas na produção de vacinas não reativas seguras com adjuvantes inovadores e modernos que possibilitam, inclusive, aplicação de apenas uma dose com proteção duradora e efetiva contra a circovirose.

Mais informações você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de novembro/dezembro de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Continue Lendo

Suínos

Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Suínos

Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

Publicado em

em

Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.