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Suínos Pesquisador da Embrapa alerta

“A destinação de animais mortos merece mais atenção e criatividade”

Pesquisador Everton Luis Krabbe é um dos maiores estudiosos do país sobre a destinação de resíduos biológicos nas granjas de suínos

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Arquivo/OP Rural

O pesquisador Everton Luis Krabbe, um dos maiores estudiosos do país sobre a destinação de resíduos biológicos nas granjas de suínos, faz palestra durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, que aconteceu no início de agosto, em Chapecó, SC. O jornal O Presente Rural questionou o especialista, que categoriza: “A destinação de animais mortos merece mais atenção e criatividade. Deve ser uma preocupação, pois é um risco sanitário e ambiental. Precisamos criar destinos que embora representem custo, geram algum retorno ao produtor, até como forma de incentivo para que adote procedimentos adequados”.

O Presente Rural (OP Rural) – Como é a realidade da destinação de resíduos sólidos na suinocultura brasileira?

Everton Luis Krabbe (ELK) – Existe todo tipo de situação, algumas muito bem executadas e outras deixando muito a desejar. Mas em geral, a compostagem segue sendo a tecnologia predominante, principalmente em função do baixo custo de execução.

OP Rural – Quais são as outras alternativas hoje empregadas pelo produtor/indústria?

ELK – O mais comum é a compostagem convencional, em células. Mas ao longo dos anos, novos modelos de compostagem surgiram, como por exemplo a compostagem acelerada em rotoaceleradores. Mais recentemente, surgiu a desidratação, onde já é possível desidratar um suíno de grande porte sem a necessidade de trituração ou esquartejamento. Existem ainda trituradores apenas para carcaças suínas. Outras tecnologias como incineração não são utilizadas em geral pelo elevado custo.

OP Rural – Quais são as leis que regem o setor?

ELK – Na prática, a nível de granja, o processo segue a legislação ambiental. Cada propriedade deve ter seu licenciamento, e neste momento é que o produtor deve demonstrar qual tecnologia pretende utilizar. Existem debates sobre a possibilidade de remoção de cadáveres das granjas através de um serviço especializado de recolha, seguindo critérios técnicos rígidos. Mas na prática isso não está regulamentado ainda no Brasil. Em Santa Catarina, existe um projeto piloto justamente para avaliar aspectos técnicos e econômicos deste processo.

OP Rural – Que tipo de produtos é possível produzir a partir desses resíduos?

ELK – Por se tratar de resíduos e cadáveres, com diferentes causas de mortalidade, sem o controle do tempo entre a mortalidade e a destinação, existe um avançado estado de deterioração, o que impacta fortemente o nível de qualidade do produto final. Isso também sido observado comparando a degradação de cadáveres no inverno e no verão, o que é mais um fator que compromete a possibilidade de padronização. Além disso, deve se levar em consideração que muitos dos cadáveres animais, foram antes de seu óbito, tratados com expressivas doses de medicamentos, e assim, existe nele um nível residual elevado. Diante de tantas variáveis, o que tem sido recomendado é que esse material seja transformado em fertilizante para uso agrícola.

OP Rural – Esses produtos são seguros?

ELK – Considerando resíduos de medicamentos e compostos químicos oriundo da decomposição dos tecidos, não existe perspectiva no curto prazo, da possibilidade de uso em alimentos para animais, por exemplo. Seu uso na agricultura, após um período de compostagem, é considerado a melhor forma de destinação. Uma das possibilidades em estudo seria a transformação de cadáveres e resíduos biológicos em farinhas e gorduras animais. O destino das gorduras seria para geração de biocombustíveis (biodiesel) e as farinhas seriam direcionadas para fábricas de fertilizantes organominerais (parecidos com o adubo químico utilizado na agricultura). Contudo há que se dizer que as gorduras têm apresentado qualidade abaixo daquela que é necessária para biodiesel e por isso tem sido mal remuneradas. Já para as farinhas, ainda não temos um conjunto de industrias fabricantes de fertilizantes organominerais capaz de absorver esse volume de farinhas. Isso é algo que deverá ser incentivado para o futuro próximo.

OP Rural – Como o mercado consumidor tem encarado essa questão de uso de subprodutos, por exemplo, em rações, cosméticos, etc.?

ELK – Essa possibilidade tem sido tema de muita polêmica. No Brasil, existem muitas indústrias que captam farinhas de origem animal (não aquelas de cadáveres) e as transformam em produtos de alto valor agregado, como por exemplo alimento para cães e gatos. A remuneração dessas farinhas tem atingido níveis muito atrativos, desde que as farinhas sejam de qualidade. A possibilidade de que farinhas de animais mortos sejam regulamentadas para consumo animal é algo veementemente criticado. Mesmo na alimentação de suínos e aves, os nutricionistas não consideram essa possibilidade, uma vez que já é de conhecimento do setor de alimentação animal, que farinhas de baixa qualidade prejudicam o desempenho animal e sua saúde e bem-estar. Em última instância o próprio produtor passaria a sofrer com essas perdas, consequência de um pior desempenho das aves e suínos.

Além disso, o Brasil é o maior exportador de carnes do mundo. Não se consegue imaginar quais as consequências de uma eventual liberação de farinha de cadáveres e resíduos biológicos para uso em rações. Traria impactos negativos diretos para o consumo de carnes, tanto dentro quanto fora do país.

OP Rural – Como funcionaria o recolhimento de animais nas propriedades?

ELK – O único estado de federação onde se recolhem animais, sob a perspectiva de um projeto piloto, é Santa Catarina. O processo segue todo um conjunto de critérios elaborado por uma equipe multidisciplinar, exigindo inclusive a inserção de dados em uma plataforma como aquela que emite os GTAs (Guias de Transito Animal), porém nesse caso é denominado DTAM (Documento de Transito de Animais Mortos), com recolha dos brincos (no caso de bovinos). O veículo é especial, não pode ingressar nas granjas, prevê que cada propriedade construa uma pequena sala na divisa de propriedade para deixar os animais até o momento da recolha. O maior entrave é a roteirização da recolha. Muitas vezes o caminhão já passou em frente a propriedade e não tem como retornar. Nesse caso esse animal morto permanece até sua recolha. Não existe recolha em finais de semana. O custo de ter um veículo circulando por estrada muitas vezes malconservadas implica em custos elevados, diferentemente do que acontece em outros países, com estradas melhores, mais planos, etc.

OP Rural – Quais são os benefícios e eventuais desafios para um recolhimento efetivo?

ELK – A recolha sem dúvida é mais prática para o produtor. Basta disponibilizar os animais no local e nas condições certas. Não precisará investir em outro processo dentro das granjas, e terá economia de mão de obra. Mas é importante salientar que ainda que o recolhimento seja regulamentado, do produtor continuará sendo exigido alguma destinação dentro da granja, seja compostagem ou outra prática. Isso é exigido para o caso de não haver a recolha, como por exemplo, dificuldades de acesso em épocas chuvosas, greves que impeçam o trânsito de caminhões, etc. Já em termos de desafios, o maior é assegurar a biosseguridade. Caminhões transitando com animais mortos em regiões com elevada população de animais é sempre arriscado. Mas o que se propõe é que seja um serviço profissional e todos os critérios sejam realmente atendidos.

OP Rural – Que tipo de mudanças (infraestrutura/manejo) da fazenda deve acontecer para este modelo ser empregado?

ELK – O mais importante é assegurar que os caminhões não transitem dentro das propriedades e que os animais sejam depositados em uma instalação construída especificamente para isso, com o devido isolamento e possibilidade de desinfecção. Isso na prática ainda não foi implementado.

OP Rural – A recolha é sustentável econômica e ambientalmente?

ELK – Ambientalmente sim, já economicamente o desafio é muito grande. O mundo todo paga por este serviço. Entendo que o produtor precisa entender que é seu dever destinar os animais mortos e resíduos biológicos de acordo com a legislação, ainda que represente um custo extra. De nada adianta que o produtor tenha um plantel de animais, se estes não tiverem sanidade. Esse é o entendimento que ele deve ter em relação ao assunto.

OP Rural – Ela é segura do ponto de vista sanitário?

ELK – Na Embrapa, onde estão sendo realizados diversos estudos avaliando tecnologias para destinação de animais mortos, foi também conduzido um estudo de análise de risco para avaliar se existe e qual o nível de risco quando se realiza a coleta e transporte de animais. Foram considerados os principais agentes vetores de problemas sanitários e assumindo a forma como é proposto o recolhimento no projeto piloto. Considerando todo este contexto, a conclusão foi de que o processo oferece risco muito baixo. Baseado na conclusão deste grupo de trabalho, pode-se dizer que o processo é seguro.

OP Rural – O senhor tem conhecimento de mais resultados desse projeto piloto?

ELK – O projeto de SC está sendo acompanhado pela Embrapa, a nível de pesquisa. Existem inclusive atividades focando em maneira de melhorar a qualidade das gorduras para a geração de biodiesel. Assim como, formas de destinar as farinhas para a fabricação de fertilizantes organominerais, com estudos de biodisponibilidade de nutrientes para as plantas, além da análise econômica. Até o momento o que se pode dizer é que o processo proposto apresenta eficiência técnica e segurança. Economicamente não é viável, diante dos destinos e preços para os produtos gerados. Contudo, existem pontos a ser considerados, como por exemplo os valores pagos pelo serviço por parte da cadeia produtiva, a oneração tributária do processo e assim por diante. É preciso entender se o recolhimento deve se viabilizar como um negócio ou como um serviço necessário, assim como é no caso dos resíduos urbanos, pagos via IPTU.

OP Rural – Qual seria o destino ideal para resíduos, incluindo animais mortos?

ELK – O ideal seria que fossem recolhidos e removidos das granjas, mas que não voltassem diretamente as cadeias produtivas (na forma de gorduras e farinhas). O ideal que fossem levados a centrais de geração de energia por exemplo e o produto final, estabilizado utilizado como fertilizando, ciclando assim os nutrientes.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Suínos

Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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