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Suínos Editorial

A defesa da sanidade como pilar do progresso

Como guardiões da sanidade dos seus rebanhos, os produtores precisam estar constantemente vigilantes e informados sobre as melhores práticas de manejo e controle sanitário.

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A suinocultura brasileira enfrenta desafios constantes que ameaçam sua produtividade e sustentabilidade. Entre esses desafios, a sanidade dos plantéis se destaca como uma preocupação crítica. Enfermidades suínas não apenas acarretam prejuízos econômicos significativos, mas também desperdiçam o trabalho árduo realizado ao longo de toda a cadeia produtiva até o frigorífico. Neste contexto, a biosseguridade é uma medida imprescindível para proteger a saúde animal e garantir a eficiência da produção.

Os impactos das doenças suínas são devastadores. Elas comprometem a saúde dos animais, reduzem a eficiência produtiva e podem levar a perdas substanciais em termos de mortalidade e custo de tratamento. Além disso, a presença de enfermidades afeta diretamente a qualidade da carne, gerando repercussões negativas para toda a cadeia de valor. Para mitigar esses riscos, a implementação rigorosa de práticas de biosseguridade nas propriedades rurais é vital.

A biosseguridade, tema amplamente debatido no Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural, envolve um conjunto de medidas preventivas destinadas a proteger os rebanhos de agentes patogênicos. Cada etapa é crucial para impedir a entrada e a disseminação de doenças, preservando assim a integridade dos plantéis o status sanitário brasileiro.

O papel do produtor rural nesse cenário não pode ser subestimado. Como guardiões da sanidade dos seus rebanhos, os produtores precisam estar constantemente vigilantes e informados sobre as melhores práticas de manejo e controle sanitário. Isso exige um compromisso contínuo com a educação e a atualização técnica. Participar de eventos, cursos e treinamentos específicos sobre biosseguridade e sanidade animal é fundamental para que os produtores estejam sempre à frente das ameaças sanitárias.

Além disso, a colaboração entre produtores, veterinários e órgãos de defesa sanitária é essencial. A troca de informações e experiências, aliada à implementação de programas de monitoramento e controle, fortalece a capacidade de resposta rápida e eficaz a surtos de doenças. A união de esforços cria uma barreira robusta contra as enfermidades, protegendo não apenas os rebanhos individuais, mas também a sanidade do setor como um todo.

Ao adotar medidas de biosseguridade e investir em educação e colaboração, os produtores podem proteger seus rebanhos e garantir a longevidade e o sucesso da suinocultura brasileira. A saúde animal não é apenas uma questão de eficiência produtiva, mas de responsabilidade e compromisso com o futuro do agronegócio nacional.

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Fonte: Por Giuliano De Luca , jornalista e editor-chef do O Presente Rural

Suínos

Especialista aponta desafios e soluções na transferência de imunidade aos suínos

Ter uma boa imunidade desses animais é uma garantia para não haver perdas na produção. E uma das estratégias para assegurar a melhor imunidade dos animais são os protocolos vacinais.

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A saúde de bem-estar dos animais deve ser um dos focos de toda a cadeia produtiva, desde o produtor até a indústria, que busca por bons resultados na produção. Dessa forma, ter uma boa imunidade desses animais é uma garantia para não haver perdas na produção. E uma das estratégias para assegurar a melhor imunidade dos animais são os protocolos vacinais. A partir desse gancho, e olhando especialmente para as matrizes e sua prole, é que o médico veterinário, doutor em Ciência Veterinária e professor associado na UFPR (Universidade Federal do Paraná) Geraldo Alberton, fala sobre a importância da imunidade materna nos protocolos vacinais, durante o SBSS (Simpósio Brasil Sul de Suinocultura), realizado em meados de agosto em Chapecó (SC).

De acordo com o especialista, a imunidade materna é a garantia de sobrevivência e desenvolvimento adequado para os leitões. Alberton explica que a transição do ambiente uterino para o ambiente da maternidade gera um desafio microbiológico gigante para o recém-nascido, e o que irá protege-lo de infecções é a imunidade passiva. “Entretanto, essa imunidade é transitória e será substituída em poucas semanas pela imunidade ativa, gerada pelo próprio leitão a partir da infecção natural e pela vacinação. Portanto, existe uma fase de transição, em que os títulos maternos estarão altos suficientes para ainda proteger o leitão de infecções, mas não tão altos para que o antígeno vacinal não seja totalmente inativado”, informa.

Alberton comenta que, via de regra, quando os leitões são vacinados com pelo menos 21 dias de idade, essa transição é adequada. “Leitões vacinados mais jovens podem ter a eficácia vacinal comprometida não somente pelos altos títulos da imunidade passiva, mas principalmente pela imaturidade do sistema imunológico, o qual ainda não está totalmente preparado para a imunização. Essa imaturidade é fisiológica, afinal a natureza programou o animal para estar protegido pela imunidade materna nesta fase”.

Além disso, a imunidade materna influencia de forma direta na saúde dos leitões, já que eles são colonizados por trilhões de microrganismos que irão compor a microbiota, defende o médico veterinário. “Mais de 90% desses agentes são benéficos, mas uma parte importante pode gerar doenças, como por exemplo a Escherichia coli e o rotavírus. Sem essa proteção do colostro, a colonização dos leitões poderia resultar em muitas enfermidades, com grande risco de morte”, alerta.

Cuidados essenciais

Segundo Alberton, para que a imunidade materna seja transferida adequadamente, os leitões precisam mamar colostro imediatamente após o nascimento. “Leitões fracos e aqueles que nascem por último em leitegadas numerosas (mais de 15) são os de maior risco, por ingerirem menos colostro, ou colostro de menor qualidade, respectivamente”, comenta.

Ele explica que permitir que os leitões mamem de preferência na mãe biológica, o quanto antes e pelo máximo de tempo possível – ideal pelo menos 8 a 12h na mãe biológica – é uma das medidas mais importantes. “As equalizações excessivas e precoces acabam prejudicando a ingestão de colostro. O revezamento de mamadas pode contribuir na melhor ingestão de colostro, mas quando mal executado, acaba prejudicando, pois os leitões acabam ficando muito tempo sem acesso ao úbere, gerando estresse, hipotermia e menor ingestão de colostro”, diz.

Para que a porca transfira a imunidade aos leitões, ela precisa ter sido exposta aos mesmos agentes que desafiarão precocemente os leitões, portanto a vacinação das matrizes e o manejo de feedback são indispensáveis para garantir que o colostro seja protetor, informa Alberton.

Ele comenta que outro ponto extremamente importante e que tem sido negligenciado é o investimento em saúde de plantel, com a adoção de medidas preventivas e curativas visando o aumento de longevidade das matrizes. “Atualmente, a longevidade das porcas é de 3,2 partos; muito aquém do ideal, tanto do ponto de vista econômico, quanto do sanitário. Com relação a esse último ponto, temos que lembrar que na medida que as matrizes ficam maduras, elas transferem maior competência imunológica para seus leitões, tanto via colostro, como via epigenética e via microbiota. Assim, nesse cenário de alta mortalidade de plantel e alta taxa de reposição, os leitões tornam-se muito mais suscetíveis às infecções”.

Imunidade merece atenção

Médico veterinário, doutor em Ciência Veterinária e professor associado na UFPR (Universidade Federal do Paraná) Geraldo Alberton: “Granjas de grande porte precisam treinar um colaborador para ter como atividade prioritária identificar e tratar precocemente as porcas enfermas” – Foto: Arquivo pessoal

As porcas devidamente imunizadas via vacinação ou via feedback e que gozem de boa saúde, irão produzir colostro e leite com a qualidade necessária para proteger os leitões até que imunidade ativa seja suficientemente robusta. Além disso, ela também transferirá a microbiota para seus leitões, que irá colonizar principalmente o intestino do leitão e irá treinar o sistema imunológico. “Assim, quando os níveis de imunidade passiva estiverem declinando, uma grande população de bactérias e outro microrganismos que colonizaram o leitão irão ajudar na defesa dele, fazendo a exclusão competitiva ou produzindo substâncias que inibam a proliferação dos agentes patogênicos. Essa combinação de imunidade passiva robusta com microbiota adequada permite que o leitão não adoeça mesmo sem ter seu sistema imunológico suficientemente maduro”, explica Alberton.

O especialista comenta que as porcas constituem o patrimônio imunológico da granja, pois delas virá a imunidade dos leitões bem como a microbiota. Portanto, não tem como esperar que os leitões possuam boa capacidade imunológica se as matrizes não estiverem saudáveis. “Como os planteis são muito grandes, as porcas muitas vezes adoecem e os colaboradores só percebem quando o animal já está muito debilitado ou já veio a óbito. Para ser possível o diagnóstico precoce, granjas de grande porte precisam treinar um colaborador para ter como atividade prioritária identificar e tratar precocemente as porcas enfermas, bem como organizar monitorias de infecção urinária e de problemas locomotores”, explica.

Ele diz que outro ponto importante é fazer o controle adequado das infecções urinárias, que deve ser feito com medidas de manejo e nunca com o uso preventivo de antibiótico, já que isso desequilibra a microbiota das porcas, com consequente desequilíbrio da microbiota dos leitões. “Dentre os pontos mais importantes para o controle de infecção urinária está a ingestão de água, limpeza das instalações e qualidade dos cascos”.

Estratégias eficazes

Alberton comenta que para que o leitão reaja adequadamente ao estímulo vacinal, ele precisa ter o sistema imunológico devidamente preparado para montar a resposta imunológica adequada. “Dessa forma, leitões que ingerem pouco colostro, que sofreram intervenções com antibiótico ao longo da lactação e que ao desmame não estão saudáveis, poderão ter a resposta vacinal comprometida”, avisa.

Ele diz que quando se trata de vacina oral, leitões que apresentam diarreia durante a vacinação ou que passaram por episódios de diarreia causadas pela rotavirose ou pela coccidiose, não terão as mucosas íntegras para processar adequadamente o antígeno vacinal, consequentemente menos protegidos pela vacina. “O sistema imunológico do leitão amadurece com o passar das primeiras semanas. Nas várias pesquisas que avaliaram a interferência dos altos títulos de anticorpos maternos e da idade da vacinação sobre a resposta vacinal, concluíram que a idade da vacinação interfere mais na resposta vacinal do que os títulos de anticorpos maternos. Portanto, os programas vacinais devem ser posicionados, de preferência, a partir dos 21 dias de idade”.

Para ele, a forma mais simples de monitorar a imunidade dos animais é por índices como ganho de peso diário, conversão alimentar, percentual da animais enfermos e mortos por lote e necessidade de intervenções com antibiótico. “Atualmente estão disponíveis muitos exames laboratoriais que permitem avaliar o status imunológico do plantel, mas são técnicas caras e mais aplicadas em estudos científicos. Uma técnica barata é a avaliação do Grau Brix do colostro, que é uma medida da concentração de imunoglobulinas no colostro. Essa avaliação é feita por um aparelho portátil denominado refratômetro. Uma gota do colostro é colocada no aparelho, e a leitura é feita contra a luz, gerando um valor que indica o quanto concentrado o colostro está em imunoglobulinas. Essa avaliação é muito interessante para monitorar a qualidade do colostro e avaliar o resultado de intervenções de manejo ou nutricionais, sobre a qualidade do colostro”, explica.

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Fonte: O Presente Rural
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10 passos para garantir aplicação segura e eficaz da medicação em suínos

A principal causa do aparecimento da resistência na cadeia produtiva é o uso de forma indiscriminada dos antimicrobianos.

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A identificação e tratamento de doenças em suínos é um dos maiores desafios enfrentados pelos produtores. A resistência aos antimicrobianos, em particular, tem se mostrado uma barreira para a eficácia dos tratamentos.

Médica-veterinária e presidente da Abraves-PR, Luciana Diniz da Silveira: “O tempo de tratamento e o diagnóstico preciso são fundamentais para o sucesso da produção em larga escala” – Foto: Sandro Mesquita/OP Rural

A importância da gestão correta e criteriosa dos antimicrobianos e do aprimoramento contínuo dos sistemas de registro e monitoramento na suinocultura foram tratados pela médica-veterinária e presidente da Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos – Regional Paraná (Abraves-PR), Luciana Diniz da Silveira, durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado em meados de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná.

Conforme a profissional, a principal causa do aparecimento da resistência na cadeia produtiva é o uso de forma indiscriminada dos antimicrobianos. “Medicação não efetiva é a resistência a antimicrobianos. E a pressão seletiva das bactérias resistentes dentro do sistema de produção surge da combinação do uso excessivo, incorreto ou subdosagem de medicamentos”, explicou.

A médica-veterinária chamou atenção dos produtores sobre a importância de fazer uma gestão eficaz da granja, com anotações periódicas sobre os animais. “Precisamos melhorar as nossas anotações. Hoje temos sistemas como S2 e S4, que fazem todo o gerenciamento animal. Quando o técnico vai até a propriedade e pede para visualizar o S4 sobre a mortalidade, já é um norte para ele no que está sinalizando quanto à doença, seja ela respiratória, entérica ou por encefalite. Então, precisamos cada vez mais melhorar os nossos processos em termos de anotações, para que o técnico possa trabalhar com precisão nos diagnósticos”, enfatizou Luciana.

A escolha do antimicrobianos

A escolha dos antimicrobianos (ATM) é um processo que deve ser feito com cautela, respeitando alguns pontos importantes, entre os quais considerar a sensibilidade do agente ao princípio ativo, utilizando o antibiograma para identificar a sensibilidade do agente patogênico; seguir rigorosamente a dosagem recomendada na bula do medicamento, assegurando que o tratamento tenha a duração correta; respeitar os intervalos recomendados entre as doses, sejam de 12, 24 ou 48 horas, é essencial para a eficácia do tratamento; evitar subdosagem ou superdosagem, uma vez que administrar a dose exata ajuda a prevenir resistência e toxicidade; e  observar o período de carência nos terminadores, que é o tempo necessário antes do abate dos animais tratados, afim de evitar resíduos medicamentosos na carne.

A presidente da Abraves-PR afirma que a ampla variedade de medicamentos disponíveis, combinada com o crescente problema da resistência aos antibióticos, torna cada vez mais difícil para os técnicos definir o tratamento mais adequado.

Vias de administração de medicação

Existem várias vias de administração de medicamentos em suínos, cada uma com suas particularidades e vantagens. A administração oral pode ser feita através do alimento, da água (usando dosadores ou bebedouros) ou diretamente na boca do animal. A via injetável inclui injeções intramusculares (IM), subcutâneas (SC) e intradérmicas (ID). Já a via tópica é aplicada diretamente sobre a pele, seja por spray, nebulização ou pomada.

Luciana ressalta que a medicação injetável é segura, eficiente e proporciona rápida absorção e resultados, sendo ideal para tratamentos individuais e casos específicos. “A medicação injetável é recomendada em situações específicas, como quando há um número reduzido de animais afetados. É ideal para casos em que os animais doentes têm dificuldade de acesso à água ou à ração, como em situações na maternidade. Além disso, é indicada para tratamentos preventivos e quando se precisa garantir a dose exata de medicamento”, salienta.

A administração via água também é tida como segura, mas sua eficiência depende da ingestão de água pelos animais, bem como da instalação e qualidade da água utilizada, sendo adequada para tratamentos em massa.

E a administração via ração é considerada segura e não depende de instalações específicas, sendo eficiente de acordo com a ingestão alimentar dos animais. “Essa é a via mais comum na suinocultura, especialmente para tratamentos em massa”, aponta.

Passos recomendados para a aplicação de medicação em suínos

A presidente da Abraves-PR recomenda seguir 10 passos para garantir a correta aplicação de medicação em suínos, confira:

1º Passo – Inspecionar os animais

Realize inspeções duas vezes ao dia para verificar o arraçoamento e a limpeza das instalações. Utilize um bastão marcador de cera para identificar os animais. Fique atento aos principais sinais clínicos, como falta de apetite, animais que não se levantam para comer, movimentos de pedalagem, tosse com ou sem catarro, batedeira, aumento das articulações e fezes líquidas.

2º Passo – Identificar a medicação

Após a aplicação, marque os animais doentes com um bastão marcador de cera para garantir a padronização e o controle dos tratamentos.

3º Passo – Definir os medicamentos e suas dosagens

Consulte a tabela de uso de medicamentos ou as orientações do técnico para definir a dosagem adequada. Atenção aos detalhes: dosagem, frequência, via de aplicação e período de carência.

4º Passo – Conter os animais e aplicar o medicamento

Realize a contenção dos animais com calma para evitar lesões e estresse. Aplique o medicamento no local recomendado e registre todas as informações na planilha de controle, incluindo o número de animais medicados, data de início e término da aplicação, produto utilizado e período final da carência.

5º Passo – Mistura de medicamentos

Nunca misture diferentes medicamentos na mesma seringa. Cada medicamento deve ser administrado separadamente para evitar interações indesejadas.

6º Passo – Armazenar medicamentos e prazo de validade

Armazene os medicamentos em um armário fechado, em um local fresco e seco na granja. Mantenha apenas os medicamentos necessários para a atividade e verifique sempre o prazo de validade.

7º Passo – Higienizar agulhas e seringas

Após o uso, lave as agulhas e seringas com água e ferva as agulhas limpas por 10 minutos antes de armazená-las. Nunca guarde seringas com agulhas acopladas. Armazene as seringas secas em uma caixa plástica ou vidro com tampa, e coloque as agulhas em um frasco com tampa. Utilize pelo menos dois frascos: um para agulhas limpas e outro para agulhas usadas. Descarte agulhas tortas ou com ponta romba em local adequado.

8º Passo – Comunicar quebra de agulhas

Evite usar agulhas tortas ou com ponta romba. Caso uma agulha quebre, identifique imediatamente o local com um ‘x’ no lombo do animal e um círculo no local onde a agulha ficou alojada. Informe o técnico, identifique o animal com um brinco e providencie o seu abate separado, avisando o motorista.

9º Passo – Medicação via água

A medicação via água deve ser feita conforme a recomendação técnica e só nas propriedades com caixa específica ou dosador. Siga a dose recomendada, e os períodos de início e término do tratamento, bem como o período de carência. Limpe a caixa d’água e o dosador antes e após a medicação.

Luciana destaca os pontos críticos da medicação via água, que incluem solubilidade, uma vez que alguns antibióticos têm baixa solubilidade e são afetados pelo pH da água; integridade e limpeza do sistema de água, observando aspectos como a produção e descolamento do biofilme, sedimentação do produto, entupimento, vazamentos e vazão; estabilidade do princípio ativo também deve ser considerada, uma vez que alguns princípios ativos podem se degradar facilmente em meios ácidos ou básicos; portanto, é essencial respeitar as horas indicadas pelo fabricante. Além disso, a palatabilidade é um aspecto importante, já que suínos têm uma percepção gustativa aguçada e podem não consumir água medicada se ela tiver um gosto amargo, o que pode levar a uma subdosagem. “Para garantir uma hidratação adequada, a vazão ideal dos bebedouros deve ser de dois litros por minuto, com um bebedouro disponível para cada 10 leitões. É fundamental assegurar que a água fornecida seja de boa qualidade”, reforça a médica-veterinária.

10º Passo – Baia enfermaria/UTI

Respeite a lotação da baia enfermaria, utilizando leitoeiro (cortina sobre a baia) para manter os leitões uniformizados conforme o problema sanitário. Se houver mais de uma baia enfermaria, mantenha-as sempre limpas e secas.

Identificação rápida

Luciana destaca a importância da identificação precoce de doenças e enfatiza a necessidade de uma tomada de decisão ágil da cadeia produtiva na detecção de possíveis doenças no rebanho. “O tempo de tratamento e o diagnóstico preciso são fundamentais para o sucesso da produção em larga escala”, afirma.

Ela também observa que as perdas decorrentes do descarte de partes acometidas e condenações de carcaças afetam todos os elos da cadeia e reforça a necessidade de constância e rigor nos procedimentos para minimizar tais perdas.

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Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Depois de quatro meses de alta, preço do suíno vivo estabiliza

Depois de mais de 20% de aumento no preço do suíno vivo, tanto na Bolsa de Belo Horizonte/MG, quanto nas principais praças de comercialização do Brasil, atingiu-se o maior patamar do ano em meados de agosto, se mantendo relativamente estável desde então.

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Desde que as cotações do suíno começaram a subir de forma consistente, em maio deste ano, o setor se perguntava qual seria o teto. Depois de mais de 20% de aumento no preço do suíno vivo, tanto na Bolsa de Belo Horizonte/MG (Tabela 1), quanto nas principais praças de comercialização do Brasil (Gráfico 1), atingiu-se o maior patamar do ano em meados de agosto, se mantendo relativamente estável desde então.

Tabela 1 – Preço da Bolsa de suínos Belo Horizonte (BSEMG) em cada semana do ano de 2024 (R$/kg vivo). Na legenda (cores) é possível verificar o destaque para alguns movimentos relevantes do mercado de suíno vivo. Elaborado por Iuri Pinheiro Machado com dados da BSEMG.

 

Gráfico 1 – Indicador suíno vivo Cepea/Esalq (R$/kg) em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul nos último 60 dias úteis, até dia 13 de setembro (cotação indicada no gráfico) – Fonte: Cepea

A cotação da carcaça suína na Grande São Paulo, ultrapassou a marca dos R$ 13,00 em setembro (Gráfico 2), algo que só ocorreu em novembro de 2020 (Gráfico 3).

Gráfico 2 – Preço médio mensal da carcaça suína especial em São Paulo (R$/kg) nos último 2 anos, até dia 13/09/2024 (cotação indicada no gráfico). Fonte: Cepea

 

Gráfico 3 – Preço médio mensal da carcaça suína especial no atacado da Grande São Paulo (R$/kg) de 2020 até agosto de 2024. Fonte: Cepea/Esalq/USP

Certamente, uma das explicações para o preço do suíno atingir este teto momentâneo é a competitividade em relação às outras proteínas, com o preço da carcaça suína se aproximando da bovina e se afastando da de frango (Tabela 2). Na referida tabela observa-se que a menor competitividade em preço no ano foi atingida em agosto e nas primeiras semanas de setembro.

Tabela  -. Spread em porcento (R$/kg de carcaça) do boi em relação ao suíno, e do suíno em relação ao frango resfriado em São Paulo em 2021, 2022, 2023 e de janeiro a setembro de 2024 e no dia 13/09/24. Dados de setembro/24 até dia 13/09. – Elaborado por Iuri Pinheiro Machado com dados do Cepea.

O IBGE publicou em 05 de setembro os dados completos de abate do segundo trimestre de 2024, reforçando, no acumulado do 1° semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, a estabilidade na produção e disponibilidade interna das carnes de frango e suína e destacando a alta oferta de carne bovina (Tabela 3).

Na referida tabela a projeção de consumo per capita nos primeiros 6 meses do ano representa um aumento de 6,5% no consumo somado das três carnes, sendo quase praticamente todo este incremento se deve somente à carne bovina. Ou seja, o brasileiro está comendo 6 kg a mais de carne bovina no ano, sem diminuir o consumo das demais carnes.

Tabela 3 – Produção brasileira, exportação e disponibilidade interna mensais (em toneladas) das três carnes no primeiro semestre de 2023 e 2024. Volumes de exportação líquidos (descontados volumes importados). Consumo per capita ano projetado p/2024 sobre a mesma população do ano passado. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do IBGE e Secex.

Analisando exclusivamente o mercado de carne suína, se por um lado houve estabilização da produção, com crescimento insignificante do abate no 1° semestre em relação ao mesmo período do ano passado e retração em relação ao segundo semestre de 2023 (Tabela 4 e 5), as exportações no acumulado do ano, até agosto/24, continuam superando os volumes do ano passado (Tabela 6), com quase 5% a mais de embarques de carne suína in natura, sendo que, pela primeira vez na história, dois meses consecutivos (julho e agosto/24) ultrapassaram a marca de 100 mil toneladas de carne in natura exportadas.

Tabela 4 – Abate semestral de 2015 e 2024 em cabeças e em toneladas de carcaças de suínos e evolução percentual em relação ao semestre anterior e o mesmo semestre do ano anterior. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do IBGE.

Tabela 5  – Abate do 1°  semestre de 2024 e 2023 por estado, em cabeças e toneladas de carcaças e diferença entre um período e outro. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do IBGE.

 

Tabela 6 – Volumes exportados de carne suína brasileira in natura (em toneladas), mês a mês, em 2021, 2022, 2023 e 2024 e comparativo percentual de 2024 (de janeiro a agosto) com o mesmo período do ano passado. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

O mercado chinês e Hong Kong continuam em retração, enquanto Filipinas, Chile, Singapura, Japão, México e Coreia do Sul mais que compensam esta queda (Tabelas 7 e 8), seguindo o tão esperado processo de pulverização das exportações.

Tabela 7 – Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada entre janeiro e agosto de 2024, comparado com o mesmo período de 2023, com valor em dólar (FOB). Ordem dos países estabelecida sobre volumes de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Tabela 8 – Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada em agosto de 2024, com valor em dólar (FOB). Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex

A pergunta do momento é: “será que o último trimestre apresentará um novo patamar de preço, acima do que estamos vendo neste 3° trimestre?”

Ainda é cedo para responder a esta pergunta de forma categórica, mas, se analisarmos o histórico dos últimos 9 anos (gráfico 4), sempre o preço médio do suíno no 4° trimestre supera o preço médio do terceiro trimestre.

Gráfico 4 – Preço em R$/kg de carcaça suína especial na Grande São Paulo, média trimestral, de 2015 até 2024, sem correção inflacionária. No gráfico está marcado (em pontilhado vermelho) o crescimento do preço do quarto trimestre em relação ao terceiro, em todos os anos. *média do terceiro trimestre de 2024 até o dia 13*09*2024. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do Cepea.

Resta saber se os demais fatores contribuirão para que esta alta se repita no final de 2024. Exportações de carne suína em bom ritmo e carcaça bovina em alta (melhorando a competitividade da carne suína) são favoráveis à concretização deste novo ciclo de elevação de preço no fim de ano, mas é a relação oferta e procura da carne suína o maior determinante.

Como não se espera crescimento expressivo da produção de suínos nos próximos meses e o mercado consumidor doméstico, com desemprego em baixa e a entrada do 13° salário, deve manter o viés de alta, especialmente nos meses de novembro e dezembro.

Milho sobe após a colheita, mas relação de troca está muito favorável ao suinocultor

O custo dos principais insumos, principalmente o milho (Gráfico 5), cuja segunda safra se encerrou, teve alta nas últimas semanas, mas não na mesma intensidade da alta do preço do suíno.

Da mesma forma, o farelo de soja tem se mantido estável. Este comportamento do mercado resultou em um momento de melhor relação de troca do suíno com o mix de milho e farelo de soja (Gráfico 6).

Gráfico 5 – Preço do milho (R$/SC 60kg) em Campitas(SP), nos últimos 24 meses, até dia 13/09/24. Fonte: Cepea.

 

Gráfico 6 – Relação de troca suíno : mix milho + farelo de soja (R$/kg) em São Paulo, de julho/21 a set/24.
Composição do mix: para cada quilograma de mix são 740g de milho e 260g de farelo de soja por quilograma de mix – *média de setembro/24 até dia 13/09. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do Cepea – preços estado de São Paulo.

Segundo o levantamento mensal de custos da Embrapa, cruzando com dados de preço do suíno do Cepea (Tabela 9), o mês de agosto foi o melhor dos últimos anos em termos de margens financeiras para o produtor nos três estados do Sul.

Tabela 9 – Custos totais (ciclo completo), preço de venda e lucro/prejuízo estimados nos três estados do Sul (R$/kg suíno vivo vendido), em 2023 e de janeiro a agosto de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos) e Cepea (preço).

Ainda é cedo para projetar a safra 2024/25. O plantio do milho 1ª safra (verão) já foi iniciado nos estados ao Sul. Segundo a consultoria MBagro, por enquanto há pouca informação disponível. O plantio da soja, embora já autorizado para início de setembro, avança a partir de meados do mês.

O clima mostra precipitações no Brasil restritas aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Amazonas, mas com baixos acumulados. No restante do país o tempo seco e com temperaturas acima da média prevalece, mas está dentro do calendário normal. Segundo a mesma consultoria até o momento não há comprometimento da safra verão ou perspectiva de que o plantio da segunda safra fique fora da janela ideal.

De acordo com o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, com o mercado externo e doméstico aquecidos, a suinocultura brasileira consolida margens positivas e se prepara para o período historicamente mais favorável, o último trimestre do ano. “Todas as atenções ficam por conta do plantio da safra 2024/25 que, conforme o clima pode colocar pressão sobre os custos de produção”, expõe.

Fonte: Assessoria ABCS
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