Avicultura
A Competitividade da Avicultura Brasileira
*Vitor Hugo Brandalize
O Brasil é um País fantástico e com condições diferenciadas na área do agronegócio, segmento que vem permitindo que a balança comercial e o PIB brasileiro se mantenham positivos. No entanto, devido à globalização e às mudanças no cenário macroeconômico, o Brasil vem perdendo parte desta competitividade. Isto poderá ser um sério problema para o futuro do País, portanto, empresários e governantes precisam desenvolver rapidamente uma estratégia, a médio e longo prazo, que permita que sejam corrigidas as deficiências que vem comprometendo o nosso negócio.
Certamente, o agronegócio é uma área de investimento promissora, pois até o ano de 2050, teremos um incremento na população mundial de aproximadamente 2 bilhões de habitantes, o que fará com que a demanda por alimentos no mundo aumente em 70%. Além do crescimento da população mundial, principalmente em países da África, Oriente Médio e Ásia, a economia vem reagindo positivamente e em alguns países como China e Índia, este crescimento está muito acima da média internacional. Estes dois fatores o crescimento da população associado a um maior incremento financeiro da população-, fazem com que ocorra um aumento no consumo das proteínas no mundo. O gráfico (foto- anexo 1) em anexo demonstra os incrementos que ocorreram no consumo de proteínas (em milhões de toneladas) nos últimos anos e a tendência futura.
Se a disponibilidade de terras agricultáveis é finita, quem serão os grandes players neste negócio?
A figura em anexo( anexo 2) enfatiza que Brasil, Estados Unidos e Argentina serão os grandes fornecedores de alimentos do mundo.
Mas o que nos leva a crer que nós estaremos entre os grandes produtores de alimentos do mundo?
A MBrasil (Advanced Business Intelligence) apresenta no mapa no anexo 3, o potencial de crescimento global na agricultura.
A África Subsaariana é o continente com o maior potencial a ser explorado. No entanto, apresenta sérios problemas como fatores climáticos adversos, economia debilitada, instabilidade política e atraso tecnológico.
Desta forma, a América do Sul, e em especial o Brasil, serão os grandes responsáveis por suprir a demanda de alimentos do mundo. O Brasil poderá aumentar a produção de grãos de uma forma sustentável, utilizando novas áreas de terra produtiva. Atualmente, 170 milhões de hectares são utilizados para pastagem, dos quais 62 milhões de hectares poderiam ser facilmente transformados em áreas agrícolas. O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo e o segundo de soja (provavelmente, será o primeiro nas próximas safras). Além disso, o Brasil é um País onde as condições climáticas permitem que em algumas regiões possamos produzir três safras em um mesmo ano. E este é um grande diferencial em relação aos outros países.
Se o Brasil é um dos maiores produtores de grãos (ingredientes fundamentais para a produção de frangos) e é o terceiro maior produtor e o maior exportador de frangos do mundo, porque estamos perdendo a nossa competitividade?
A resposta é simples: no passado, algumas de nossas ineficiências eram superadas pelos baixos custos dos grãos no Brasil. No entanto, nos últimos anos os preços passaram a ser definidos pelo CBOT (Chicago Board Of Trade), o que fez com que ocorresse um balizamento entre os preços dos grãos do Brasil e os do mercado internacional. A tabela abaixo apresenta um comparativo entre alguns países dos custos de produção dos frangos processados no frigorífico:
Custo de produção (US$ / Kg)
EUA – 1,42
China – 2,17
Brasil – 1,37
México – 1,42
India – 1,15
A partir da década de 80, os Estados Unidos passaram a utilizar uma grande quantidade de milho para a produção de etanol e, mais recentemente, em 2010, a China iniciou a importação de milho. Estes dois fatores foram os grandes responsáveis pelas mudanças nos custos dos grãos no mundo. Até o ano de 2000, os preços do milho em Chicago eram de aproximadamente US$. 100,00 / ton. No entanto, nos últimos anos estes valores mudaram de patamar e encontram-se acima de US$. 180,00 / ton. Sendo assim, provavelmente, os custos de produção brasileiros não retornarão aos patamares de 10 anos atrás! Se segmentarmos os custos de produção dos frangos processados, observaremos que os custos do frango vivo na plataforma, a mão de obra e as embalagens representam mais que 95% de todos os custos:
Mão de Obra 13,2%
Energia 1,5%
Embalagem 5,1%
Frango Vivo na Plataforma 77,4%
Outros (Depreciação, etc…) 2,7%
Total 100%
Em relação aos custos de produção dos frangos vivos, as nossas atitudes não terão muito efeito já que os grãos representam entre 65% e 70% dos custos totais dos frangos vivos e a definição dos preços dos grãos depende do mercado internacional. A mão de obra é o segundo maior custo e se considerarmos salários e encargos estes custos vem aumentando mais que 10% ao ano. Se seguirmos com esta mesma tendência, nos próximos 10 ou 15 anos os salários dos colaboradores das plantas ultrapassarão os salários dos colaboradores dos Estados Unidos, o maior produtor de frangos do mundo! Salário elevado é muito bom, pois esta é a forma de aumentarmos o consumo, mas o problema é quando temos salários elevados com baixa produtividade, e esta é a situação do Brasil!
Além disso, o País segue uma legislação trabalhista obsoleta, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que surgiu há mais de 70 anos. Naquele momento, esta legislação foi importante, pois foi uma forma de proteger os empregados. Mas será que nada mudou nestes 70 anos?
Às vezes me pergunto porque não seguirmos exemplos de países onde as legislações não são complexas e protecionistas. Nestes países, estas legislações estão funcionando bem e consequentemente as economias seguem crescendo de uma forma sólida e consistente. Para que possamos entender melhor a situação, os benefícios e previdência sobre os salários no Brasil são muito superiores aos da França, Holanda, Alemanha, Estados Unidos e Tailândia. Além das dificuldades trabalhistas que os empresários enfrentam diariamente, recentemente, foi aplicada nos frigoríficos brasileiros a Norma Regulamentadora (NR) 36, com intervalo intrajornadas. Esta medida aumentou os custos industriais em aproximadamente R$ 0,02 / kg!
O Brasil é o maior exportador de frangos do mundo. Exportamos mais que 30% de toda a nossa produção e enviamos a nossa carne de frango para mais de 150 países. A qualidade de nossos produtos indiscutivelmente está entre as melhores do mundo. O problema é que alguns países impõem restrições baseadas em decisões emocionais de seus clientes e para que a indústria brasileira consiga atender a estas solicitações, acabamos comprometendo os custos de produção. O SIF (Serviço de Inspeção Federal) brasileiro vem desenvolvendo um excelente trabalho, no entanto, os custos proporcionados por estes controles possui um peso expressivo no custo final dos produtos. Atualmente, o número de funcionários ligados ao SIF em plantas representa mais que 3% do número total dos colaboradores ligados à produção.
Além dos pontos citados acima, poderíamos falar sobre as cargas tributárias elevadas. De acordo com um levantamento realizado no final de 2013, pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), as carnes chegam à mesa dos consumidores brasileiros com uma carga tributária de 29,32%. A ineficiência de nossa logística, que devido à Lei dos Caminhoneiros aumentou em 20% os custos dos fretes rodoviários no último ano, somada à falta de investimentos portuários e os elevados custos para construir uma planta de abate no Brasil (se considerarmos os custos de investimento por cabeça de ave abatida), tornam os custos brasileiros mais elevados do que dos Estados Unidos e Tailândia.
Os pontos citados acima são os principais fatores que vem comprometendo a perda da competitividade da avicultura brasileira. O que precisamos fazer é manter o foco em rendimento, eficiência, mão de obra, controle de custos e qualidade.
No entanto, além dos pontos que estão sob a nossa responsabilidade, não poderemos deixar de discutir com as classes empresariais e governantes as causas de nossa perda de competitividade, pois se lembrem de que temos uma responsabilidade social e que, além de alimentarmos o nosso País, precisaremos alimentar o mundo também!
Para concluir, gostaria de citar uma frase do Joelmir José Beting, jornalista e sociólogo brasileiro, de grande contribuição para o jornalismo, a economia e a comunicação de nosso País:
No Brasil, fomos dopados pela cultura da abundância, irmã siamesa da cultura da ineficiência, da acomodação e da tolerância; responsável pelo nosso atávico desperdício de terra, de água, de mata, de energia, de sossego e de gente (Joelmir Beting)
*Vitor Hugo Brandalize é especialista do time de suporte técnico mundial da Cobb-Vantress
Fonte: Ass. Imprensa da Cobb

Avicultura
Brasil abre mercado em Moçambique para exportação de material genético avícola
Acordo sanitário autoriza envio de ovos férteis e pintos de um dia, fortalece a presença do agronegócio brasileiro na África e amplia para 521 as oportunidades comerciais desde 2023.

O governo brasileiro concluiu negociação sanitária com Moçambique, que resultou na autorização de exportações brasileiras de material genético avícola (ovos férteis e pintos de um dia) àquele país.
Além de contribuir para a melhoria de qualidade do plantel moçambicano, esta abertura de mercado promove a diversificação das parcerias do Brasil e a expansão do agronegócio brasileiro na África, ao oferecer oportunidades futuras para os produtores nacionais, em vista do grande potencial do continente africano em termos de crescimento econômico e demográfico.
Com cerca de 33 milhões de habitantes, Moçambique importou mais de US$ 24 milhões em produtos agropecuários do Brasil entre janeiro e novembro de 2025, com destaque para proteína animal.
Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança 521 novas oportunidades de comércio, em 81 destinos, desde o início de 2023.
Tais resultados são fruto do trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
