Suínos Suinocultura
A Biossegurança como oportunidade histórica para o Brasil
O maior avanço cabe aos produtores, em cada granja, com a adoção das medidas de biossegurança na base da produção

Artigo escrito por Alessandro Crivellaro, médico veterinário e consultor de serviços técnicos para saúde animal na Agroceres Multimix
O Brasil, sobretudo o agronegócio brasileiro, passa por um grande momento, que poderá ser a maior oportunidade da história, em função das consequências da ocorrência da Peste Suína Africana – PSA, na Ásia, Europa, e sobretudo na China.
Para isso, no entanto, devemos fazer o “dever de casa”, no que se refere a biossegurança.
Nos últimos anos, houve evoluções no Brasil, quanto a biossegurança, o que é muito positivo e nos dá algumas garantias para evitar a entrada das doenças com maior impacto econômico.
O maior avanço, no entanto, cabe aos produtores, em cada granja, com a adoção das medidas de biossegurança na base da produção.
Em tempos de pandemia de coronavírus humano (COVID – 19), as medidas de biossegurança implantadas fazem a diferença no Brasil, impedindo a entrada de várias doenças externas, como a PRRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos Suínos), a PSA (Peste Suína Africana), e ainda, dos coronavírus suíno.
Existem muitos tipos de coronavírus – um tipo para cada espécie animal – diferente do coronavírus humano, segundo o Médico Veterinário virologista Paulo Brandão, da USP (Universidade de São Paulo). Diferentes tipos de coronavírus infectam os suínos, aves, cães, gatos, cavalos, bovinos, ovinos e caprinos, e outras espécies.
Uma perigosa doença acomete as aves (frangos de corte e postura) aqui no Brasil, que é a IB (Bronquite Infecciosa Aviária), causada por um tipo de coronavírus.
Nos suínos, existem dois coronavírus principais que causam as doenças: TGE (Gastroenterite Transmissível), e a PED (Enterite Epidêmica Suína), ambas sem diagnóstico no Brasil, porém muito importantes em várias partes do mundo, a exemplo dos Estados Unidos da América.
Biossegurança
A biossegurança é um conjunto de procedimentos técnicos que, de forma direta ou indireta, previnem, diminuem e controlam os desafios gerados na produção de suínos, frente aos agentes patogênicos.
É importante compreendermos que a biossegurança não é somente para impedir a entrada de doenças exóticas, é também para reduzir as doenças já existentes na granja, o que viabiliza os custos de implantação.
Biossegurança – principais ameaças para o Brasil
PRRS: Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos.
Vírus da família Arteriviridae, foi detectada nos Estados Unidos em 1985 e chegou na Europa em 1990. Atualmente, é uma das mais importantes enfermidades infecciosas dos suínos. Nove, entre dez dos maiores produtores de suínos, reportaram a presença do vírus, excluindo somente o Brasil.
O custo anual com a enfermidade é de 664 milhões de dólares pelas perdas anuais de produtividade, o equivalente a 9.930.000 suínos vendidos, ou 1.090.000 toneladas de carne suína comercializada.
Peste Suína Africana – PSA
Vírus da família Asfarviridae, foi registrado no Brasil um surto de Peste Suína Africana no ano de 1978. O surto aconteceu em Paracambi – RJ, transmitido aos suínos através de restos alimentares de aeronaves oriundas de Portugal e Espanha. Anos mais tarde (1984), o Brasil conseguiu erradicar a doença.
Sem dúvida, a transmissão via restos alimentares é uma das maneiras mais efetivas e preocupantes da transmissão da doença.
Em 2019, que seria o ano do porco chinês, ocorreu um dos maiores surtos da doença, em curso até esse momento. Ainda não há uma vacina válida para o controle da doença, a qual dizimou metade do rebanho suíno chinês, segundo a instituição Rabobank. A doença espalhou-se pela Ásia e chegou à Europa, e continua apresentando novos casos. Estima-se que a epidemia tenha causado, até novembro/2019, cerca de 127 milhões de euros em prejuízos.
Peste Suína Clássica – PSC
Vírus da família Flaviviridae, em 2019, foram registrados focos da doença na região brasileira considerada não livre de PSC, nos estados do Ceará e do Piauí. Em outubro de 2019, foi notificado um foco da doença no estado de Alagoas, limite das zonas livre e não livre da doença.
A região livre da PSC é a região onde há a maior concentração de suínos, com criação tipo industrial, com grande exportação da carne suína.
Embora haja vacina eficaz para prevenir a doença, as vacinas não estavam sendo utilizadas nas regiões em surto. Barreiras foram instaladas nas divisas para evitar a propagação da PSC. O surto de PSC ocorreu em regiões brasileiras com criações de suínos de subsistência, com baixa tecnificação, o que lembra a situação relatada na China no surto da outra peste, a Peste Suína Africana – PSA.
O maior risco para a região livre do Brasil, região produtora e exportadora de carne suína, é o trânsito de veículos entre as regiões, que transportam os animais para o abate.
Em 2020, a PSC está controlada nas regiões que sofreram o surto. As barreiras nas divisas demonstraram-se eficazes. A vacinação, antes não utilizada, foi liberada nas regiões brasileiras consideradas não livres da doença. Um novo plano de erradicação está em andamento: Plano Brasil Livre de Peste Suína Clássica, pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), com o apoio da ABCS (Associação Brasileira dos Criadores de Suínos). Os frascos de vacina deverão ser menores, em função de atender pequenas criações na região. O plano iniciará no estado de Alagoas, local do último surto registrado no Brasil.
Coronavírus suíno: PED (Diarreia Epidêmica dos Suínos):
Vírus da família Coronaviridae, a PED, doença altamente contagiosa, com alta morbidade e mortalidade, apresentou um grande surto nos Estados Unidos em 2013, causando enorme prejuízos, que resultou em sete milhões de leitões mortos, ou, aproximadamente, 10% da população de suínos do país.
A PED (Diarreia Epidêmica dos Suínos), é uma das doenças causadas aos suínos por coronavírus. Outras doenças são a TGE (Gastroenterite Transmissível), a PRCV – Porcine Respiratory Coronavirus – Coronavírus Respiratório Suíno; a SADS – Diarrhea Syndrome Coronavirus – Síndrome Aguda de Diarreia Suína; a PHEV – Porcine Hemagglutinating Encephalomyelitis Virus – Vírus da Encefalomielite por Hemaglutinação Suíno; e a PDCov – Porcine Deltacoronavirus – Delta Coronavírus Suíno.
A boa notícia é que não temos diagnóstico positivo desses seis coronavírus suíno no Brasil.
Javalis
Considerado uma das maiores pragas atuais, os javalis (Suis scrofa), espécie exótica, erradicada no Brasil, estão distribuídos em todo o território brasileiro, conforme o mapa acima. Como são parentes muito próximos dos suínos, são portadores de todas as suas doenças, no entanto, não ficam enfermos, devido a maior resistência, e são potenciais transmissores, já que não há nenhum controle, pois vivem livres na natureza.
O Uruguai registrou granjas positivas para a PRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratória do Suíno) em 2017. Os javalis, comuns aos dois países, constituem um potencial risco de transmissão desta e de outras doenças ao Brasil, com entrada no estado brasileiro que faz fronteira, o Rio Grande do Sul.
Há uma norma para o controle de javalis no Brasil, com a caça dos animais, mediante autorização exclusiva a caçadores cadastrados pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente).
Não há recursos na suinocultura brasileira para pagar os prejuízos com a entrada de enfermidades com alto impacto econômico, como a PRRS, PSA, PED, e a disseminação da PSC nas áreas livres. Por outro lado, os USA e a Europa têm recursos para combater as doenças, com programas de controle e erradicação.
A única alternativa viável é promover as práticas ideais de biossegurança, para prevenir e ou minimizar os possíveis prejuízos com essas doenças.
A biossegurança no Brasil
Não é por acaso que as principais doenças que acometem os Estados Unidos, Europa e Ásia ainda não entraram no Brasil. Houve uma grande evolução em biossegurança no país nos últimos anos.
A maior evolução brasileira, em biossegurança, foi a quarentena de suínos importados, na ilha de Cananeia – litoral do estado de São Paulo. Através de um acordo entre o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a ABEGS (Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos) foi organizada e financiada a quarentena aos suínos importados pelo Brasil.
A ilha de Cananeia proporciona o isolamento ideal para impedir quaisquer riscos de transmissão de doenças exógenas, o que pode ser responsável, até o momento, pela não entrada das principais doenças de alto valor econômico no Brasil. Os suínos importados trazem certificado de origem livre de várias doenças, e são submetidos a outros exames durante a quarentena.
Quanto as medidas de biossegurança nas granjas de suínos brasileiras, um bom exemplo vem do estado do Paraná, através da ADAPAR (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), onde emitiu uma nova norma de biossegurança, portaria 265, para as granjas de suínos, já em vigor, que compreende a instalação imediata de cercas, barreira sanitária, manejo adequado de suínos mortos, uso adequado da água, e outras medidas de biossegurança.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2020 ou online.

Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.



