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A agenda ESG no setor pecuário e seus benefícios para a sociedade
Dentro da cadeia produtiva da pecuária, a gestão ESG tem ocupado cada vez mais o centro estratégico das negociações, sendo, atualmente, quase uma exigência que as empresas ligadas ao setor se adaptem a essa tendência.

Nos últimos séculos verificamos um crescimento vertiginoso da população mundial. Segundo dados do relatório de perspectivas da população mundial projetados pela ONU (Organização das Nações Unidas), estima-se que até o ano de 2050 o número de habitantes no planeta pode alcançar cerca de 10 bilhões. Em paralelo a isso, haverá também o aumento na demanda de itens básicos como água potável, alimentação, emprego, moradia, saneamento básico, energia elétrica de origem limpa, educação de qualidade, saúde e bem-estar, mobilidade, cultura, tecnologia, entre outros. Será que as pessoas, empresas, cidades e países estarão preparados para conviver com uma população desse tamanho?
Diante dessa situação, atrelado às constantes mudanças e evoluções do mundo corporativo, o ESG consiste em um novo modelo de gestão adotado por diversas empresas como forma de se adequar a estas novas tendências. Os pilares que esta forma de gestão propõe e apoia em sua agenda de discussões estão relacionados a temas voltados: ao meio ambiente (Environment), social (Social) e governança (Governance), que, em inglês, são as três letras iniciais da sigla.
O setor agropecuário é um dos principais responsáveis pelo fornecimento de diversos tipos de commodities, insumos e derivados para a produção de alimentos diretos e indiretos. No mercado mundial, o Brasil se destaca por ser um dos principais exportadores de alimentos, o que beneficia a economia nacional, gerando milhões de empregos, além de contribuir para minimizar os efeitos negativos da fome e da pobreza no mundo.
Dentro da cadeia produtiva da pecuária, a gestão ESG tem ocupado cada vez mais o centro estratégico das negociações, sendo, atualmente, quase uma exigência que as empresas ligadas ao setor se adaptem a essa tendência. Essa política é importante para suprir as expectativas e interesses dos principais stakeholders, que são seus próprios colaboradores, investidores, fornecedores, frigoríficos e clientes, nacionais e internacionais. De certa forma, eles estão envolvidos no segmento pecuário, fiscalizando e cobrando responsabilidades ambiental e social e governança das empresas ligadas ao setor.
Pilar ambiental
Em definição, sustentabilidade não consiste apenas em preservar os recursos naturais, mas também utilizá-los e explorá-los de modo que haja respeito aos equilíbrios da natureza, agregando valores e trazendo benefícios sociais de maneira rentável. Dessa forma, ser sustentável é contribuir para o crescimento de todos os envolvidos e visar a melhoria da qualidade e a perspectiva de vida das gerações presentes, sem prejudicar as futuras.
Neste aspecto, o setor pecuário tem evoluído bastante nos últimos anos. Atualmente, podemos dizer que os avanços técnico-científicos já levaram para o campo inúmeros novos conceitos e soluções relacionados à redução de áreas de desmatamento e a emissões de gases de efeito estufa. Dentre as tecnologias implantadas estão aquelas ligadas ao melhoramento genético dos animais e o uso de dietas de precisão contendo ingredientes de origem vegetal energéticos balanceados, que podem ou não competir com a alimentação humana. Em paralelo a isso, a inclusão de suplementação mineral equilibrada e aditivos naturais (sem o uso de antibióticos promotores de crescimento) proporcionou a redução do tempo de abate, o aumento na eficiência produtiva por hectare, a redução de emissões de gases de efeito estufa de origem entérica dos animais e a melhoria na qualidade e segurança de derivados como carne e leite.
Vale lembrar que grande parte do sistema produtivo pecuário brasileiro é realizado a pasto (“boi de capim”). Isto significa que, quando associado às boas e corretas práticas de manejo, as emissões de gases de origem entérica dos animais podem ser compensadas através do metabolismo da fotossíntese do próprio pasto, que mitiga o gás carbônico (CO2). Assim, é possível considerar que as emissões de gases de efeito estufa tendem a ser neutralizadas em sua totalidade, podendo, até mesmo, sequestrar ainda mais carbono da natureza, o que poderá gerar créditos positivos de carbono para o pecuarista. Essa prática é chamada de “manejo de carbono neutro” e tem sido calculada a partir de matrizes matemáticas desenvolvidas para fazerem associação entre as áreas de preservação e de pastagem com o número de animais presentes na propriedade.
Ainda dentro dos sistemas de manejos, podem ser destacados os avanços nos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que levaram ao campo importantes métodos de preservação de florestas, rios e nascentes, e recuperação de grandes áreas de pastagens degradadas. Além disso, outras práticas têm contribuído para tornar a pecuária efetivamente sustentável, como o uso racional da água ao longo da produção, a busca de fontes de geração de energia limpa, como a energia solar ou biodigestores, e o uso de aditivos naturais que geram menos resíduos ao meio ambiente e minimizam os riscos quanto ao surgimento de resistência antimicrobiana. Diante dessas condições, o Brasil se posiciona como pioneiro no sistema de produção sustentável, favorecendo a economia com a geração de empregos, renda e alimentos para a sociedade, conforme os ideais e conceitos propostos pelo modelo ESG.
Pilar da governança
No pilar da governança, muitos steakholders têm exigido ou dado preferência às negociações com criadores que possuem documentos de garantia de rastreabilidade dos animais ao longo da cadeia produtiva. Esse mecanismo não visa apenas garantir a fiscalização em relação à qualidade do manejo sanitário, mas também avalia se em alguma fase do ciclo da cria, recria e engorda, o animal passou por propriedades que desrespeitam as leis ligadas ao desmatamento ou preservação ambiental, ou ainda, se foi abatido em locais que não obedecem aos protocolos de bem-estar animal (abate humanitário).
Atualmente, diante dessas necessidades, a tecnologia chamada de block-chain tem auxiliado o pilar da governança no modelo de gestão ESG, sendo que muitos pecuaristas já começaram a adotar o sistema devido a exigência de alguns investidores e frigoríficos. Esse termo, que, em português, significa “cadeia de blocos”, visa monitorar as operações realizadas ao longo do ciclo de vida dos animais do rebanho, desde o nascimento até a carne no prato do consumidor final. Neste caso, é possível gerar rastreabilidade, transparência e confiança nos dados registrados dos animais ao longo da cadeia produtiva. Além disso, é muito importante também que as empresas apliquem regras de compliance (ética), possuam conselhos de administração com membros independentes, favoreçam a participação feminina e de pessoas negras e prestem treinamento e capacitação para o seu time corporativo.
Pilar social
No pilar social, muitos pecuaristas têm respeitado principalmente as populações que vivem em torno de sua propriedade, como pessoas carentes, povos indígenas e quilombolas. Neste caso, há de se preservar as terras que já são destinadas a essas populações e, em alguns casos, oferecer-lhes emprego, educação, cultura, moradia e acesso ao sistema de saúde.
Diante de toda a discussão aqui apresentada, podemos considerar o modelo de gestão ESG como uma inovação nos modelos de negócio para os próximos anos. No entanto, todo processo de inovação tende a ser uma prática disrruptiva, já que necessita quebrar os paradigmas antigos, como os sistemas de manejo produtivo que foram aprendidos de maneira errada. Por isso, é necessário desaprender e, em seguida, reaprender, de maneira que seja mais coerente aos novos conceitos e métodos de produção alinhados ao modelo ESG.
Muitos consumidores estão cada dia mais atentos às empresas que têm inserido os pilares da agenda ESG aos seus valores e propostas de gestão. Neste sentido, muito se tem fiscalizado sobre a prática de “greenwashing”, que são aquelas empresas que apenas aparentam fazer uso de boas práticas ambientais, mas por trás negam qualquer uma delas.
Conscientização
Portanto, alimentar o mundo de maneira ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável, de modo a atender aos padrões de consumo que passarão a ser exigidos pelas próximas gerações, não é uma tarefa fácil. Para isso, é necessário a aplicação de investimentos em tecnologia, inovação e, principalmente, liderança por parte dos pecuaristas e todos os demais steakholders envolvidos na cadeira produtiva, para que se construa um posicionamento que permita mudanças de paradigmas através da ação disrruptiva da ciência.
Apesar de toda a evolução aqui apresentada, muitos desafios ainda precisam ser superados. Neste sentido, é necessário que a sociedade conheça e entenda sobre os verdadeiros princípios holísticos do sistema pecuário moderno. Por isso, antes de tratar ou punir o setor como vilão e principal responsável pelo desmatamento e mudanças climáticas, é importante diferenciá-lo da atividade pecuária ilegal, que se constitui de práticas criminosas como o desmatamento, garimpo, queimadas, contrabando de madeira e especulação imobiliária de terras. Tais práticas não podem ser confundidas ou associadas com a atividade pecuária profissional, que obedece a todos os preceitos ambientais e sustentáveis que conciliam a produção e a conservação.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: daniel@dsvox.com.br.
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Brasil apresenta na COP30 ações que unem produtividade e redução de metano na pecuária
Iniciativas do Mapa destacam inovação, assistência técnica e parcerias internacionais para ampliar tecnologias sustentáveis e fortalecer a pecuária de baixa emissão.

Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou, nesta segunda-feira (17), na Blue Zone da COP30, as principais ações brasileiras que associam ganho de produtividade à redução das emissões de metano na pecuária. A agenda reuniu representantes de financiadores como Global Methane Hub e Environmental Defense Fund (EDF), além de organizações multilaterais como a FAO, a Climate and Clean Air Coalition (CCAC) e a Clean Air Task Force (CATF).
O Mapa foi representado por Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável, que destacou a integração entre inovação, assistência técnica e práticas sustentáveis para acelerar a transição climática no campo.

Foto: Mapa
Segundo ele, a adoção de tecnologias alinhadas ao Plano ABC+ e a estratégias de intensificação sustentável reforça o papel do Brasil como referência global em pecuária de baixa emissão. “A experiência brasileira demonstra que o ganho de produtividade na pecuária é uma medida efetiva na redução da intensidade de emissões de metano, conciliando sustentabilidade e renda para o produtor rural”, destacou Bruno Brasil.
Durante o encontro foram discutidas possibilidades de financiamento para serviços de ATER digital com foco em ampliar o acesso de produtores a soluções tecnológicas e sustentáveis. As instituições presentes reforçaram a importância de parcerias internacionais para fortalecer iniciativas que apoiam a redução do metano e a adaptação climática na agropecuária.
Bovinos / Grãos / Máquinas Irregularidades sanitárias
Cargueiro barrado na Turquia inicia retorno após dois meses sem desembarque
Retorno deve durar cerca de um mês, com chegada prevista para 14 de dezembro. As condições a bordo têm sido descritas por testemunhas como degradantes, com forte odor, infestação de moscas e carcaças acumuladas no convés, em processo avançado de decomposição.

Cerca de três mil vacas estão há dois meses confinadas em um navio que não obteve autorização para desembarcar sua carga na Turquia, após autoridades identificarem graves irregularidades na documentação sanitária e na identificação dos animais. A inspeção turca constatou que 146 bovinos estavam sem brincos de identificação ou com numeração ilegível, enquanto 469 apresentavam marcas que não correspondiam às listas oficiais de importação, falhas que acenderam o alerta para riscos sanitários, incluindo a possível transmissão de doenças. Também foi reportada a morte de 48 animais durante a viagem.
O cargueiro Spiridon II deixou Montevidéu, Capital do Uruguai, em 20 de setembro, e chegou à região do porto de Bandırma em 22 de outubro. Desde então, não recebeu permissão para desembarcar as vacas, destinadas à produção de leite. Após semanas ancorado, o navio deixou Bandırma na última sexta-feira (14), cruzou o Estreito de Çanakkale e agora navega de volta rumo ao Uruguai. Segundo dados da plataforma MarineTraffic, o retorno deve durar cerca de um mês, com chegada prevista para 14 de dezembro.

Fotos: Reprodução
Odor forte e infestação de moscas
As condições a bordo têm sido descritas por testemunhas como degradantes, com forte odor, infestação de moscas e carcaças acumuladas no convés, em processo avançado de decomposição. Além das mortes registradas, a organização Animal Welfare Foundation (AWF) relatou, com base em informações obtidas localmente, o nascimento de cerca de 140 bezerros durante a travessia.
Retorno a Uruguai
A especialista em bem-estar animal Maria Boada, da AWF, alertou que muitos dos bovinos não devem resistir a uma segunda viagem de um mês até Montevidéu e que o navio aparenta ter estoque insuficiente de alimento. Ela também afirmou ser provável que os animais mortos tenham sido descartados no mar.

Foto: Reprodução
A veterinária australiana Lynn Simpson, referência internacional em transporte marítimo de animais, lançou novos alertas ao relatar vazamento de fluidos provenientes de carcaças em decomposição no convés, destacando riscos ao bem-estar animal, à saúde pública e à segurança ambiental.
Esta não é uma situação isolada envolvendo a exportação de animais vivos. Ao redor do mundo, casos como esse se repetem, cada vez com maior frequência, devido à péssima condição dos chamados navios boiadeiros. A exportação de animais vivos é uma das atividades de maior impacto negativo da pecuária, as más condições de higiene e bem-estar nos navios causam intenso sofrimento animal e oferecem riscos à saúde pública e ao meio ambiente.
Outros casos
Em 2024, o navio transportador de animais vivos Al Kuwait atracou no porto da Cidade do Cabo para carregar ração. A chegada do curral flutuante poluiu o ar da capital legislativa da África do Sul e seu cartão-postal mais característico com o cheiro fétido de esterco de 19.000 touros embarcados no Brasil para serem enviados ao Iraque. O episódio foi exposto pela National Council of Societies for the Prevention of Cruelty to Animals (NSPCA).
A equipe da NSPCA que embarcou no navio descreveu o que testemunhou como abominável. Além de animais mortos, outros animais feridos e doentes foram encontrados a bordo, alguns dos quais tiveram que ser sacrificados. Havia escassez de medicamentos necessários para lidar com os problemas de saúde animal encontrados, entre eles um surto de conjuntivite bovina. Tampouco havia assistência médica suficiente: apenas dois veterinários, auxiliados por quatro tratadores, acompanhavam os 19.000 touros.
Em 2019, o Queen Hind naufragou no Porto de Midia na Romênia, pouco após zarpar carregado com milhares de ovinos vivos. Em 2022, o Al Badri 1, também carregado, adernou e afundou em um berço de atracação do porto de Suakin, no Sudão. O navio que afundou no porto romeno, o Queen Hind, esteve no Brasil apenas alguns meses antes do acidente. Investigações subsequentes indicaram diversas irregularidades, inclusive a existência de compartimentos de carga ocultos. Tanto o Haidar quanto o Queen Hind e o Al Badri 1 eram navios convertidos.
Em 2018, uma operação de exportação de bovinos vivos causou intensa poluição do ar na cidade de Santos-SP, em decorrência do acúmulo de fezes e urina dos animais na embarcação, o navio de bandeira panamenha MV Nada. Os 27 mil bois pertenciam à Minerva e tinham por destino a Turquia. A empresa foi multada pela prefeitura municipal por infração ambiental e maus tratos animais.
Em 2015, na cidade de Barcarena (PA), o navio Haidar, com quase 5 mil bois vivos, 28 tripulantes a bordo e 700 toneladas de óleo, naufragou no Porto de Vila do Conde. A decomposição dos corpos dos animais mortos e o vazamento de óleo do navio provocaram um dos piores desastres ambientais da história do estado. As carcaças e o óleo que vazou do Haidar deixaram um rastro de contaminação que alcançou a cidade de Belém, cerca de 60 km rio abaixo.
Em 2012, 2.750 bois morreram asfixiados a bordo do navio de bandeira panamenha MV Gracia Del Mar, em decorrência de uma pane no sistema de ventilação durante a viagem. Os animais, fornecidos pela Minerva, foram embarcados no porto de Vila do Conde, em Barcarena-PA, e tinham por destino o Egito.
No Porto de São Sebastião, o terceiro do país que mais exporta animais vivos, a população relata como fica a cidade nos dias de operação: o trânsito fica congestionado pelo grande fluxo de caminhões; o mau cheiro das fezes e da urina dos animais empesteia o ar e prejudica o turismo na região. Este cenário foi retratado no documentário “Elias: O Boi que Aprendeu a Nadar”, da Mercy For Animals.
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Casos de raiva no Paraná exigem cuidados redobrados nas propriedades
Crescimento dos focos da doença mobiliza autoridades, Sistema Faep e produtores na vacinação obrigatória, reforço da vigilância e ações de educação sanitária em diversas regiões.

O Paraná tem registrado casos de raiva herbívora em rebanhos de animais de produção, o que acende o alerta para a necessidade de ações de controle da zoonose (doença infecciosa transmitida entre animais e seres humanos).
Por isso, as autoridades sanitárias, com apoio do Sistema Faep e produtores rurais, têm promovido uma série de medidas de controle, como vacinação obrigatória, reforço na vigilância e campanhas de educação. “Nas últimas décadas, o Sistema Faep investiu, de forma sistemática, na sanidade animal e na segurança das atividades agropecuárias. Agora, nas ações contra a raiva, não é diferente. Temos colaborado ativamente nas campanhas de disseminação de informações e de conscientização. É preciso ampliar a importância do controle dessa doença e garantir a proteção dos nossos rebanhos comerciais”, enfatiza o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette.

Foto: Licia Rubinstein
A presença da raiva no Paraná é recorrente, o que exige atenção constante dos produtores. Porém, há uma região que concentra boa parte dos casos. Em 2024, o Estado confirmou 227 focos de raiva, sendo mais da metade em propriedades localizadas na área de abrangência das regionais de Cascavel e Laranjeiras do Sul. A situação se repete em 2025. Até setembro, já foram contabilizados 166 focos em 41 municípios, sendo 81 na região Oeste.
De acordo com chefe do Departamento de Saúde Animal da Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adapar), Rafael Gonçalves Dias, esse número elevado motivou a publicação da Portaria 368/2025, que torna obrigatória a vacinação contra raiva em 30 municípios da região Oeste do Paraná (veja a lista mais abaixo) para bovinos, búfalos, cavalos, asnos, mulas, ovinos e caprinos a partir de três meses de idade. “Simultaneamente, intensificamos a mobilização com o projeto ‘Adapar Educa a Campo’, que tem percorrido municípios da região para fortalecer a conscientização e engajamento local. Essas ações visam a contenção de focos ativos e a prevenção em áreas vizinhas para evitar a expansão da doença”, detalha Dias.
Em outubro, o órgão e o Sistema Faep realizaram reuniões e encontros em propriedades rurais, assentamentos e prefeituras, com um público estimado em 1,1 mil pessoas. Além disso, a campanha teve divulgação nos veículos de comunicação do Oeste. “O Sistema Faep apoiou diretamente essa ação. Esse projeto-piloto, cuja proposta é expandir para outras áreas da defesa agropecuária, promoveu a integração entre a agência e a sociedade por meio da educação sanitária”, explica Nicolle Wilsek, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP.
Confira os municípios onde a vacinação é obrigatória
- Boa Vista da Aparecida
- Braganey
- Campo Bonito
- Capanema
- Capitão Leônidas Marques
- Cascavel
- Catanduvas
- Céu Azul
- Diamante d’Oeste
- Foz do Iguaçu
- Guaraniaçu
- Ibema
- Itaipulândia
- Lindoeste
- Matelândia
- Medianeira
- Missal
- Planalto
- Pérola d’Oeste
- Quedas do Iguaçu
- Ramilândia
- Realeza
- Rio Bonito do Iguaçu
- Santa Lúcia
- Santa Tereza do Oeste
- Santa Terezinha de Itaipu
- São Miguel do Iguaçu
- Serranópolis do Iguaçu
- Três Barras do Paraná
- Vera Cruz do Oeste
Saiba como identificar casos de raiva

Foto: Fabiano Bastos
A raiva em herbívoros é transmitida, entre outras formas, por morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue de animais). Entre os sintomas da doença estão o isolamento do animal, apatia ou agitação, perda de apetite, salivação intensa e dificuldade para engolir, fezes secas e escuras, e progressiva paralisia dos membros. “Diante desses sinais clínicos, a doença é praticamente irreversível e fatal para os animais acometidos”, alerta Rafael Gonçalves Dias, chefe do Departamento de Saúde Animal da Adapar.
Se um produtor suspeitar de raiva em algum animal do rebanho, a orientação é: isolar o animal suspeito, notificar imediatamente à Adapar e não mexer ou manipular o animal sem proteção. “É importante que quando o animal morrer, o produtor solicite a visita da Adapar para coletar uma amostra. Além disso, ações importantes são reforçar a vacinação no entorno da propriedade, identificar possíveis abrigos de morcegos e monitorar os demais animais da propriedade”, orienta Dias.
Outros cuidados
O chefe do Departamento de Saúde Animal da Adapar enfatiza que, mesmo em municípios onde a vacinação não é obrigatória, o ato de imunizar o rebanho previne que animais suscetíveis sejam infectados caso o vírus chegue até aquela área. “Mesmo sem obrigatoriedade legal, vacinar ajuda a formar uma ‘cobertura imunológica’, que reduz o risco de propagação desde as áreas de foco. Vacinar antecipadamente constitui uma medida preventiva responsável e vantajosa, independentemente de obrigatoriedade legal”, reforça.
Segundo Nicolle Wilsek, técnica do Sistema FAEP, há medidas complementares que ajudam na prevenção da raiva e de outras doenças que podem afetar os rebanhos. “É preciso seguir boas práticas sanitárias, como manter o registro detalhado de vacinações, investir em capacitação contínua, incluir cláusulas de sanidade em transações de animais e promover a conscientização de cuidados pessoais no manejo”, destaca.



