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8º Encontro do Trigo aponta oportunidades para evolução sustentável da cadeia produtiva
Evento recebeu players de São Paulo e de todo o Brasil para discutir tendências e projeções para o futuro do setor.

Após um ano de incertezas e muita volatilidade, a cadeia do trigo paulista se reuniu novamente para debater o cenário atual e as tendências para o mercado mundial, na manhã do dia 29 de setembro, durante a realização da 8ª edição do Encontro da Cadeia Produtiva do Trigo de São Paulo, promovido pelo Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo – Sindustrigo, na Fiesp.
Com o objetivo de integrar todos os elos produtivos e, principalmente, promover conhecimento de temas relevantes e estimular o debate sobre expectativas futura para a cadeia do trigo, a programação do evento contou com palestras, que também foram transmitidas pelo canal do Sindustrigo no YouTube.
Para o Presidente do Sindustrigo, Amedeo di San Marzano, encontros e reuniões como as de hoje auxiliam o setor a traçar metas e tomar decisões que serão importantes para o futuro dos negócios do trigo.
“O evento foi um espaço para a realização de debates de temas relevantes relacionados ao segmento como um todo, sendo uma oportunidade para reunir os principais players do mercado e promover trocas de experiências, informações e conhecimentos, de forma a traçar um panorama completo sobre o trigo e nortear as decisões das empresas”, destaca.
O trigo no Brasil
Para falar sobre o crescimento da produção de trigo no Brasil e das pesquisas referentes a evolução do grão em solo nacional, o Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski abriu as apresentações do evento, com a palestra “Avanços da Produção de Trigo no Brasil”, reforçando a importância da expansão e do aspecto sustentável da cultura.
“A oportunidade avaliada pela Embrapa no Brasil central é a disponibilidade de 4,5 milhões de hectares de área cultivável, sendo um terço dela para trigo irrigado e o restante de sequeiro, sem necessidade de abertura de nenhum novo espaço nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal”, afirma Lemainski.
“O trigo é descarbonizante. Isso quer dizer que os nossos sistemas produtivos tendem à sustentabilidade, por isso, trabalhamos para os vazios serem preenchidos por uma terceira safra, num processo chamado de intensificação sustentável”, reforça.
Mercado mundial do trigo
A conjuntura mercadológica internacional e nacional do trigo foi o tema principal da segunda apresentação do dia, realizada pelo Head de Grains da Aliança Agrícola do Cerrado, Grupo Sodrugestvo, Douglas Araújo, que apresentou brevemente o atual cenário do grão no mundo, destacando as estimativas de safra para os principais países produtores e perspectivas do mercado para os próximos meses e para 2024.
Em relação ao contexto mundial, Araújo trouxe aos participantes do evento dados que a produção atual é inferior ao ano anterior, e os estoques globais acompanham a mesma tendência. O profissional trouxe atualizações sobre o cenário em países como China, Índia, Ucrânia, Rússia, Estados Unidos, Austrália, Argentina e no continente europeu.
“Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a projeção de produção na safra 2023/24 em setembro é menor do que o valor a registrado na safra anterior. Por consequência, os estoques estão mais reduzidos. A China concentra a maior parte do trigo dos estoques globais, com o objetivo de garantir a segurança alimentar do país”, salienta Araújo.
No Brasil, de acordo com informações levantadas pela StoneX, a produção na região Sul deverá ser menor na safra 2023/24, enquanto as outras praças do País devem aumentar seus resultados. O Brasil, nesse biênio, permanece como importador e exportador de trigo.
“No caso das importações, o trigo russo passou a ocupar a segunda posição nas origens do cereal comprado de outros países, tendo chegado a São Paulo nesse ano. Além disso, a produção total brasileira é estimada em, aproximadamente, 11,2 milhões de toneladas, valor 0,5% maior do que o registrado na última safra”.
No estado paulista, Douglas Araújo apresentou dados de uma pesquisa encomendada pelo Sindustrigo, que indicam elevação no uso de trigo produzido em São Paulo pelos associados do Sindicato, na ordem de 11,4%, no último ano safra.
Tecnologia a favor dos alimentos
O evento também trouxe em suas apresentações o papel da tecnologia como aliada da saudabilidade, por meio de inovações e pesquisas, além de debater mitos e verdade sobre alimentos industrializados, com a participação do Instituto de Tecnológica de Alimentos – ITAL.
O Diretor de Assuntos Institucionais do ITAL, Luis Madi falou aos presentes sobre um tema que sempre levanta questões, os alimentos industrializados, apresentando tendências e desmentindo mitos com fatos sobre o assunto.
“Temos hoje cinco macrotendências envolvendo os alimentos: sensorialidade e prazer, saudabilidade e bem-estar, conveniência e praticidade, confiabilidade e qualidade, sustentabilidade e ética, sendo essa última a mais estratégica para as empresas em 2023”, indica.
Madi explica, ainda, que esses indicadores nortearam a produção de trabalhos referentes à importância dos alimentos industrializados. “No site do ITAL, temos documentos que descrevem a origem desse tipo de produto, valor nutricional, disponibilidade de nutrientes, ou seja, dados e informações para comprovar que a aplicação de ciência e tecnologia nos alimentos é benéfica para as pessoas”.
No campo das inovações para o setor de alimentos, a Vice-Diretora do ITAL, Gisele Camargo, falou aos presentes sobre o avanço do Brasil nessa questão. “Nos últimos cinco anos, evoluímos por volta de 20 posições no ranking de inovação, ou seja, estamos avançando nesse quesito. O trabalho em prol da segurança alimentar e dos alimentos, além da criação de novos produtos cada vez mais sustentáveis, é fundamental para continuarmos fornecendo produtos de qualidade para a população”.
Consumidores e futuro do trigo
Fechando a programação do evento, o painel “Um novo olhar para consumidores e canais para a indústria do trigo” contou com duas apresentações ministradas pelo sócio-fundador e Head de Estratégia e Gestão da Gouvêa Consulting, Jean Paul Rebetez, e o Head da Gouvêa Consulting, Rodrigo Catani.
Rebetez elaborou sobre as mudanças de padrão de consumo. “Os índices de confiança do consumidor nunca estiveram tão altos como hoje, o que sinaliza melhorias no varejo e no consumo. Hoje, essas pessoas estão mais conscientes, são protagonistas e mesclam os meios de compra, buscando conexões que vão além dos produtos”.
Complementando a apresentação, Catani falou sobre a importância da abordagem multicanal e no meio digital para que o setor possa atingir cada vez mais pessoas com suas estratégias de distribuição. “O consumidor brasileiro está mixando suas compras, chegando a buscar até 10 formatos diferentes de distrubuição para atender suas necessidades. Nesse cenário, os canais digitais chegaram na realidade dessas pessoas, o que exigiu mudanças na maneira de vender, para atender às novas formas de comprar”, pontua.
“Após um dia de muita troca de informação e atualização, tenho a certeza de que saímos do Encontro preparados para o futuro dos negócios do trigo e com dados importantes para traçarmos as metas dos próximos meses. Esse foi um evento enriquecedor e muito importante para toda a cadeia do grão no estado”, finaliza o Presidente do Sindustrigo.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



