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Seis tendências para o agro responsável em 2023

A virada de 2022 para 2023 foi particularmente fértil em acontecimentos com potencial de impactar o agronegócio de forma duradoura.

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Foto: Divulgação.

Política, economia, clima, tecnologia. Além dos insumos usados no campo, há muitos outros fatores externos a influenciar as decisões de quem produz. A cada ano, a cada safra, desenhar cenários, acompanhar a evolução dos mercados e pesquisar avanços que possam ser incorporados às boas práticas agropecuárias torna-se mais importante para quem procura produzir de forma responsável.

A virada de 2022 para 2023 foi particularmente fértil em acontecimentos com potencial de impactar o agronegócio de forma duradoura. A atenção global cada vez maior com a rastreabilidade das cadeias produtivas de alimentos, por exemplo, esteve em pauta na Conferência Global sobre o Clima (COP 27), em novembro passado, indicando que essa preocupação deve se acelerar nos próximos anos.

No início de dezembro, a União Europeia enviou um sinal de alerta aos produtores de todo o mundo ao aprovar uma nova regulamentação que proíbe a entrada no bloco de commodities produzidas em áreas desmatadas depois de 31 de dezembro de 2020. E, no cenário interno, a transição de governo traz consigo indagações sobre a postura da nova gestão em relação ao setor.

A despeito de dúvidas que pairam no ar, é possível destacar uma série de tendências que podem nortear decisões e trazer benefícios ao produtor rural responsável em 2023 e nos anos seguintes. Confira seis delas:

1ª: Recuperação de áreas degradadas: prática crescente no campo, é apontada como a melhor solução para o aumento da produção sem a necessidade de avanço sobre áreas com vegetação nativa. Não por acaso, foi um dos primeiros pontos de atenção do novo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que em seu discurso de posse anunciou que o governo estuda maneiras de financiar, com recursos do BNDES, produtores dispostos a restaurar pastagens hoje quase improdutivas. Segundo afirmou Fávaro ainda antes de sua nomeação, a ideia seria incorporar, a cada ano, “cerca de 5% da área degradada do Brasil”, estimada por ele em até 40 milhões de hectares.

2ª: Valor para a floresta em pé: Uma medida provisória editada na última semana do governo anterior abriu uma nova frente para a valorização da produção combinada com a preservação da vegetação nativa. Além de abrir a possibilidade da geração de créditos de carbono dentro dos contratos de concessão de florestas públicas, a MP nº 1.151/2022 garante o reconhecimento dos ativos ambientais de vegetação nativa nas propriedades privadas. Assim, propicia a valoração econômica e monetária das florestas preservadas e sua identificação patrimonial e contábil. Com isso, produtores rurais ganham um incentivo importante para manterem suas reservas intactas, reduzindo a pressão por novos desmatamentos, além de poderem incluir essas áreas como garantias em contratos de crédito, por exemplo.

3ª: Agricultura circular: o reaproveitamento dos resíduos da produção agropecuária também tem se disseminado em muitas propriedades. Pesquisadores como o ex-presidente da Embrapa, Maurício Lopes, apontam que esse conceito pode ser ampliado com a incorporações de ideias da economia circular já utilizada em algumas indústrias. A biomassa oriunda da agricultura, por exemplo, “já pode ser transformada para produzir insumos e matérias-primas de base biológica, como bioenergia, biofertilizantes, biodefensivos, bioaditivos, compostos bioativos, etc”. Dessa forma o setor reduziria sua dependência de insumos externos, “permitindo o fechamento dos ciclos de nutrientes e reduzindo descargas de resíduos e emissões para o meio ambiente, recuperando balanços críticos perdidos com a economia convencional”.

4ª: Bioinsumos: Preços em alta, irregularidade no fornecimento, emissões de gases de efeito estufa. A indústria de insumos agrícolas sofreu vários baques nos últimos anos, o que ajudou a acelerar a busca de alternativas e, consequentemente, o interesse pelos bioinsumos. Com impacto positivo na redução da pegada de carbono das propriedades e na recuperação orgânica dos solos, devem estar cada vez mais presentes. Grandes companhias do mundo agro multiplicaram suas apostas nessa área e devem investir ainda mais.

5ª: ClimateTech, a tecnologia a favor do clima: Ainda vivemos o período de consolidação das agtechs (empresas de tecnologia com foco no agronegócio) e das agfintechs (startups voltadas para transformar as finanças do agro), mas já temos de nos acostumar a ouvir falar das climatetechs. O novo conceito favorito dos investidores de risco abrange as empresas que oferecem soluções tecnológicas para os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Como não podia deixar de ser, várias delas têm foco nos sistemas de produção de alimentos, ou seja, no agronegócio. Nos Estados Unidos, atualmente, as climatetechs são responsáveis pela maior migração de talentos na área tecnológica.

6ª: Democratização da assistência técnica: a revolução necessária para a produção responsável exige compartilhamento de conhecimento. Não se faz a transformação de modelos produtivos sem a adoção de boas práticas, com orientação e acompanhamento de profissionais capacitados. Para que todos os tópicos anteriores se realizem é preciso profissionais com qualificação e, hoje, esse é um gargalo a ser enfrentado. A Produzindo Certo, por exemplo, desenvolveu ferramentas educativas e tecnológicas apara qualificar, gratuitamente, extensionistas rurais interessados em atuar na assistência técnica em sustentabilidade para fazendas em diferentes regiões do Brasil. Se o caminho do agro responsável não tem volta, é hora de cuidar para que ele seja mais rápido e seguro.

Aline Locks é engenheira ambiental, cofundadora e atual CEO da Produzindo Certo, solução que já apoiou a maneira como mais de 6 milhões de hectares de terras são gerenciados, através da integração de boas práticas produtivas, respeito às pessoas e aos recursos naturais. Liderou projetos com foco em inovação e tecnologia, como o ‘Conectar para Transformar’, um dos vencedores do Google Impact Challenge Brazil. Recentemente foi selecionada pela Época Negócios como um dos nomes inovadores pelo clima, é uma das 100 Mulheres Poderosas da revista Forbes e uma das líderes do agronegócio 2021/2022 pela revista Dinheiro Rural.

Fonte: Artigo escrito por Aline Locks, CEO Produzindo Certo

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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Fotos: Shutterstock

No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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