Notícias Plantio
5 dicas para obter a melhor regulagem da sua plantadora de grãos
Um desajuste na plantadora pode resultar em um plantio de baixa qualidade e, consequentemente, em um baixo índice de germinação

Artigo escrito por Vinícius Gehlen, supervisor de Marketing do Produto Plantadoras da AGCO, detentora da marca Valtra
Encerrado o período de colheita de soja e milho, chega o momento em que o produtor rural começa a pensar no plantio da próxima safra – e uma colheita de alta performance se inicia com um bom planejamento. Considerando que qualquer operação agrícola depende do equipamento, das condições do ambiente e das habilidades de quem opera a máquina, um dos primeiros e mais importantes passos desse processo é uma boa regulagem da plantadora utilizada.
Há diversos modelos de plantadoras no mercado brasileiro, com diferentes sistemas e capacidades operacionais. Plantadoras pneumáticas preparadas para a agricultura de precisão e equipadas com itens como o vSet, da Precision Planting, vão trazer mais vantagens competitivas na hora do plantio. Mesmo assim, é vital que o agricultor entenda que é melhor investir algumas horas na manutenção e na preparação do maquinário antes do plantio, do que iniciar a semeadura sem a regulagem correta do equipamento.
Um desajuste na plantadora pode resultar em um plantio de baixa qualidade e, consequentemente, em um baixo índice de germinação, afetando diretamente a produtividade. Estudos apontam que semeaduras inadequadas podem acarretar em perdas maiores que 40% na produtividade de diferentes culturas. Além disso, é bom lembrar que as janelas de plantio têm sido cada vez mais curtas e qualquer contratempo deve ser evitado. Por isso, preparamos uma série de dicas para o produtor rural extrair o melhor da sua plantadora e obter o melhor índice de uniformidade e de população de plantas possível em sua lavoura.
1 – Antes de tudo, planejar o plantio
Pode parecer complexo falar em “planejamento do plantio”. Em termos agronômicos, até seria, mas em relação à máquina, o que vale é prepará-la bem antes de levá-la a campo. Muitos agricultores apenas retiram a máquina do galpão após o período entressafras e a põe para trabalhar. De nada adianta investir pesado em tecnologia e não investir tempo e cuidado no equipamento. Uma inspeção geral deve ser realizada no maquinário, a fim de checar peças quebradas ou desgastadas e que precisam de reposição. É importante ter atenção especial na seção de dosadores.
2 – Limpeza é algo básico e fundamental
O agricultor mais zeloso, ao final do plantio, lava e guarda sua plantadora bem coberta com lona, para proteger as peças do pó. Muitos fertilizantes são corrosivos e podem desgastar as peças da plantadora que contiverem resíduos. Mas tudo isso ainda não exime o agricultor de repetir os cuidados antes de iniciar a safra seguinte. Há também outros componentes que exigem cuidados especiais, como os sensores óticos dos condutores de sementes, que devem ser limpos para que a sujeira não interfira na leitura eletrônica dos grãos.
3 – Lubrificação exige atenção (e graxa de qualidade)
Cada vez mais, as plantadoras modernas têm evoluído para sistemas que facilitam a lubrificação. A nova plantadora da Valtra, a Momentum, possui apenas um ponto de lubrificação e poupa o agricultor da tarefa inglória – mas essencial – de lubrificar várias peças do equipamento. Algumas plantadoras chegam a ter até 14 pontos de lubrificação por linha de plantio e, em alguns casos, demandam mais graxa a cada 20 horas. Independentemente do nível de tecnologia do equipamento, o agricultor deve privilegiar uma marca de graxa de alta qualidade para a lubrificação. É isso que vai fazer com que a necessidade de aplicações seja menor. Uma boa aplicação vai evitar ferrugem e desgaste nas peças da plantadora, além de proporcionar um melhor funcionamento dos discos de corte. Um disco sem lubrificação vai exigir mais força para tração e, consequentemente, vai aumentar o consumo de combustível.
4 – Regule bem o disco de corte e sulcos
Um detalhe a que poucos se atentam é a regulagem do disco de corte. Os diferentes tipos de palha influem diretamente na performance dessa seção da máquina – alguns necessitam de menos pressão para o corte. Um problema clássico da fase de plantio é a imprecisão na profundidade das sementes. Privilegiar plantadoras pneumáticas vai praticamente zerar o problema e gerar vantagem competitiva ao agricultor, desde que ela esteja bem regulada. Uma plantadora bem regulada é capaz abrir o sulco de plantio e lançar a semente na profundidade correta.
5 – Um dosador de sementes bem regulado será decisivo
Existem diversos tipos de dosadores de sementes no mercado. Os mais comuns ainda são os mecânicos. Mas o mercado vem evoluindo diariamente e a migração para dosadores pneumáticos, como o vSet, da Precision Planting, vem ocorrendo mais rápido do que o imaginado. A qualidade de plantio que esses dosadores podem oferecer, garantindo níveis quase que perfeitos de singulação, ou seja, a eliminação de sementes falhas e duplas, é o principal atrativo para o agricultor.
Para o melhor uso dos dosadores pneumáticos, é fundamental que os discos, ejetores e singuladores estejam configurados de acordo com a cultura utilizada. Uma grande vantagem do vSet é possuir apenas um disco por cultura, independentemente do seu tamanho. Depois de instalar corretamente os kits de cultura do distribuidor de sementes, é preciso conectá-los aos reservatórios. Por fim, confira se o vácuo está conforme as indicações do fabricante. Isso deve evitar vazamentos no sistema de vácuo que poderiam diminuir a pressão de determinadas linhas, afetando a singulação. Em caso de vazamentos, vale conferir se a borracha de vedação atrás dos discos está em boas condições.

Notícias
Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.
Notícias
Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
Notícias
Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.



