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44ª Expointer se encerra com faturamento de R$ 1,62 bilhão
Esta Expointer passa a ser referência para todo Brasil e será lembrada pelo pioneirismo de ter ocorrido com segurança, em meio a uma pandemia

A 44ª Expointer, que já marcou a história como a única feira agropecuária de grande porte a se realizar no país em 2021, se encerra no domingo (12) contabilizando faturamento de R$ 1.629.550.234,30 e um público de 66,2 mil visitantes presenciais (até 16h). Também houve 56 mil visualizações na plataforma on-line da feira, de 25 diferentes países.
Os dados foram divulgados durante coletiva de imprensa no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, na presença do vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, da secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Silvana Covatti, da secretária da Saúde, Arita Bergmann, e dos copromotores (Febrac, Fetag-RS, Farsul, prefeitura de Esteio, Simers e Sistema Ocergs-Sescoop/RS). Também participou o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos Júnior.
O volume de negócios não alcançou o valor movimentado em 2019 (R$ 2,69 bilhões), ano da última feira antes da pandemia. De qualquer forma, o balanço é positivo e surpreendente na visão dos copromotores, levando em consideração a limitação considerável de público que pode circular no parque neste ano, em função dos protocolos de saúde. Em 2019, a Expointer recebeu 416 mil visitantes.
O faturamento no Pavilhão da Agricultura Familiar chegou a R$ 2,82 milhões, valor um pouco mais da metade do faturamento de 2019, apesar de o público visitante ter reduzido seis vezes em relação à feira de dois anos atrás. No setor de máquinas e implementos agrícolas, o mais rentável do evento, o volume de negócio bateu R$ 1,42 bilhão. O setor automobilístico somou receita de R$ 200,3 milhões, crescimento de 43,6% na comparação com a última Expointer presencial.
Os 108 artesãos participantes da 38º Exposição de Artesanato do Rio Grande do Sul (Expoargs), realizada no Pavilhão do Comércio, comercializaram R$ 650 mil durante os nove dias de evento. A venda de animais somou R$ 854,8 mil. O número ficou abaixo do resultado de 2019, porque na 44º Expointer não ocorreram leilões presenciais, o que costuma movimentar valores expressivos.
Para o vice-governador, esta edição da feira tem um duplo significado. “O significado de sempre, do que representa para o povo e para o agro gaúcho, mas também o que representa para os grandes eventos. Não tenho dúvida de que o que nós fizemos aqui, observando todos os protocolos sanitários, servirá de exemplo para grandes eventos”, disse Ranolfo. O vice-governador disse que a Expointer, que retornou de forma presencial depois de ter ocorrido no ambiente digital em 2020, serve de palco para os gaúchos mostrarem a vocação do Estado ao Brasil e ao mundo.
“Sabemos que o agro não parou, e não para, botando alimento na mesa de todos nós, durante este período”, reforçou, ao saudar as secretárias Silvana e Arita e suas equipes “pelo brilhantismo na condução da 44ª Expointer”.
Para a secretária da Agricultura, Silvana Covatti, esta Expointer passa a ser referência para todo o Brasil e será lembrada pelo pioneirismo de ter ocorrido, com segurança, em meio a uma pandemia. “A nossa Expointer está cumprindo o seu papel de ser uma feira que ultrapassa negócios. Inspirada pela força do agro, a feira mostra o caminho da retomada econômica, da solidariedade entre as pessoas e da esperança por dias melhores”, destacou.
A secretária da Saúde, Arita Bergmann, lembrou que foram muitos meses de preparação, estudos e ajustes para montar os protocolos e a estrutura necessária para fazer esta feira, que certamente já virou referência e irá inspirar futuros eventos no Estado. “Estamos imensamente orgulhosos do que conseguimos construir e executar aqui”, afirmou a secretária da Saúde.
Estado investiu R$ 1,5 milhão para executar protocolos de saúde
A Secretaria da Saúde atribui o sucesso sanitário do evento a fatores como a testagem prévia de todos os trabalhadores e expositores, requisito para a entrada no parque, à retestagem durante a feira e à ação assertiva dos mais de cem monitores que circularam pelo parque pedindo o cumprimento dos protocolos.
Além disso, estavam espalhados pelo parque 100 lavatórios equipados com duas pias cada, sabonete líquido e álcool gel, que foram aliados da higienização das mãos, reduzindo os contágios e agradando os visitantes. A bordo de um carrinho e usando megafones, técnicos do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) realizaram durante toda a feira 64 rondas da saúde, quando percorreram as vias internas do parque alertando sobre os protocolos e estimulando comportamentos adequados frente à pandemia.
Antes da feira, foram realizados 628 testes (RT-PCR e antígeno) em trabalhadores e expositores que chegaram ao parque sem o teste prévio. Desses, 13 foram detectáveis, e as pessoas não puderam acessar o parque. Durante o evento, para monitorar a circulação do vírus, foram feitas 198 novas testagens, com cinco detectáveis, que foram imediatamente isolados.
“Rastreamos os contactantes desses casos positivos e fizemos dezenas de testes para examinar a cadeia de transmissão, e não houve surto. Foram cinco casos isolados”, disse a diretora do Cevs, Cynthia Molina Bastos, que capitaneou a estratégia de Saúde na feira. “Outro dado positivo é que o Estado investiu R$ 1,5 milhão no cercamento eletrônico, nos dispensers de álcool e na contratação dos monitores e isso reverteu em saúde, evitando internações”.
A limitação de público, tanto para acessar o parque quanto para circular nos pavilhões, também se mostrou uma estratégia acertada para evitar aglomerações e diminuir o risco de disseminação do coronavírus. Nos pavilhões, catracas e sensores contabilizavam em painéis o número de visitantes que acessavam os locais, o chamado cercamento eletrônico. A catraca do pavilhão da Agricultura Familiar bloqueava automaticamente quando o limite de pessoas era atingido.
Avaliação dos copromotores
“Há alguns meses, quando decidimos realizar a Expointer, tomamos uma decisão ousada e fizemos uma grande aposta porque não sabíamos exatamente o momento que estaríamos vivenciando da pandemia e como a feira seria aceita pelo público. A Expointer é o maior evento teste realizado no país.”
Leonardo Paschoal, prefeito de Esteio
“Essa exposição novamente entrou para a história, nos dois anos mais difíceis da vida dos gaúchos, do Brasil e do mundo. A Expointer mostrou a sua força e a sua tradição, não deixou de se realizar, e esta edição deixa um grande legado, que é o alinhamento entre as entidades copromotoras e o governo do Estado”.
Leonardo Lamachia, presidente da Febrac
“Os números foram espetaculares, acima da nossa expectativa. Destaco a importância política desta Expointer, dificilmente será superada nos próximos anos: nunca teve tanta autoridade dentro deste parque. A Expointer foi o grande palco nacional de reaparecimento para o mundo.”
Gedeão Pereira, presidente da Farsul
“Nós conseguimos trazer 85 empresas, num momento em que as indústrias de máquinas agrícolas do Rio Grande do Sul, que representam 62% das máquinas fabricadas no Brasil, não têm entregas para menos de 120 dias. Conseguimos fazer esse movimento extraordinário. Estou com um sorriso do tamanho do mundo.”
Claudio Bier, presidente do Simers
“Estamos muito felizes com o resultado do Pavilhão da Agricultura Familiar. Por trás daqueles 228 empreendimentos tem o sonho de uma família de agricultores, que conta a sua história por trás de cada produto lá exposto. Durante a pandemia, tivemos agroindústrias que reduziram até 80% de seu faturamento. Quem sabe a Expointer de 2021 sirva de exemplo para a retomada dos grandes eventos”.
Eugênio Zanetti, vice-presidente da Fetag-RS

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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.
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Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.



