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22° SBSA debate alternativas para o uso de antimicrobianos e impactos econômicos
As alternativas para o uso de antimicrobianos é um debate que tem ganho cada vez mais ênfase na avicultura comercial. A demanda de consumidores por alimentos livres de antibióticos, aliada à crescente resistência bacteriana, ascendeu um alerta na cadeia produtiva e fez avançar a busca por novas abordagens para reduzir e, até mesmo, substituir essas substâncias.

As alternativas para o uso de antimicrobianos é um debate que tem ganho cada vez mais ênfase na avicultura comercial. A demanda de consumidores por alimentos livres de antibióticos, aliada à crescente resistência bacteriana, ascendeu um alerta na cadeia produtiva e fez avançar a busca por novas abordagens para reduzir e, até mesmo, substituir essas substâncias. O especialista Mariano Enrique Fernandez-Miyakawa deu visibilidade ao assunto no Bloco Sanidade desta quarta-feira (06), no 22° Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA).
O SBSA e a 13ª Brasil Sul Poultry Fair são promovidos pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e seguem até esta quinta-feira (07), no Parque de Exposições Tancredo Neves, em Chapecó (SC). Os eventos são híbridos, com transmissão online ao vivo.

Especialista Mariano Enrique Fernandez-Miyakawa
Os antibióticos foram fundamentais para melhorar a qualidade de vida das pessoas e aumentar a eficiência na produção animal nos últimos 70 anos. “O uso prudente, apenas quando expressamente necessários e na dose mais adequada para o tratamento da doença, é uma estratégia de mitigação para impedir a disseminação de genes de resistência entre as bactérias”, ponderou Mariano.
Um ponto-chave para substituir o uso de antimicrobianos como profiláticos e promotores de crescimento são as “alternativas antibióticas”, definidas como qualquer substância que possa substituir medicamentos terapêuticos. “Essas alternativas não devem apenas melhorar a eficiência e a qualidade da produção de alimentos para animais, mas também garantir a saúde humana e animal, bem como a segurança alimentar.”
Essas alternativas não se tratam somente de produtos. “É também sobre como aplicamos novas tecnologias no campo, como medimos seus benefícios e, principalmente, como fazemos para capacitar e acompanhar o ambiente produtivo nessa transição tecnológica, entendendo que a abordagem básica é totalmente diferente daquela que se tinha na era dos antibióticos gratuitos”.
Segundo o doutor, existe uma vasta gama de produtos disponíveis e em desenvolvimento para substituir os antimicrobianos, usados tanto com objetivo preventivo como para promover crescimento dos animais, como vacinas, produtos químicos, enzimas, fitoquímicos e derivados relacionados ao sistema imunológico. O desafio é escolher qual é a alternativa mais efetiva. “Por isso é fundamental ter dados sólidos sobre os mecanismos de ação dessas alternativas, bem como sua eficácia experimental e de campo, analisar como foram avaliadas e, com essas informações, projetá-las no contexto de cada área produtiva. Mais do que nunca, é necessária uma forte interação e construção de vínculos sólidos entre o setor produtivo, os fornecedores de insumos e o campo científico”, finalizou.
Impactos econômicos
A doutora em zootecnia, Ines Andretta, completou os debates sobre o uso de antibióticos apresentando um levantamento desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que avaliou os impactos econômicos provocados pela retirada dos antimicrobianos na produção de aves.

Doutora em zootecnia, Ines Andretta
Ela aproveitou para destacar que a legislação em torno do tema muda com frequência e as restrições ao uso dos antibióticos é uma tendência mundial, até mesmo para atender às exigências de importantes mercados, como a União Europeia. Por outro lado, é preciso entender os impactos produtivos que a redução ou retirada do uso dessas substâncias pode gerar.
“Na pesquisa que fizemos para quantificar esses impactos no desempenho de frangos de corte tratados com dietas sem antibióticos promotores de crescimento, percebemos que houve perda de ganho de peso e de conversão alimentar. Estimamos cerca de 25 centavos de gasto extra por frango, já que eles teriam que consumir mais ração para atingir o mesmo desempenho”, explicou.
Apesar do prejuízo em conversão alimentar ter sido percebido em 84% dos casos em que o promotor foi tirado da dieta das aves, houve casos em que essa alteração não prejudicou o desempenho. “Ou seja, esse impacto não é igual para todo mundo. Quando se tira o promotor, também é possível economizar, porque o antibiótico tem seu custo”.
Esse processo de adequação e de busca por alternativas ao uso de antimicrobianos não é simples, mas necessário para se adaptar a uma tendência inevitável. “Neste contexto de resistência, é fundamental comunicarmos melhor nosso papel. Sabemos que temos que repensar nossas práticas, mas também não podemos assumir uma culpa que não é só nossa, porque já tomamos cuidados para fazer o uso dos antibióticos de maneira consciente. Ainda assim, podemos melhorar práticas, cuidar mais da biosseguridade e de outros pontos da granja para não perder tanto desempenho ao diminuir ou abrir mão dos antimicrobianos, em busca de um uso mais seguro e otimizado.
Confira a programação científica desta quinta-feira (07) do 22º Simpósio Brasil Sul de Avicultura
Bloco Manejo e Nutrição
08h “Aquecimento e qualidade de ar na fase inicial”
Palestrante: Rodrigo Tedesco
(15 minutos de debate)
09h “Empenamento em frangos de corte – impactos econômicos e produtivos”
Palestrante: Steve Leeson
(15 minutos de debate)
10h Intervalo
10h30 “Qualidade de água: sustentabilidade x crise hídrica”
Palestrante: Antônio Mário Penz Junior
(15 minutos de debate)
11h30 “Bem-estar e aspectos relacionados à saúde intestinal”
Palestrante: Ibiara Correia de Lima Paz
(15 minutos de debate)

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



