Suínos Análise
2023 é marcado por recorde de exportação de carne suína, estabilização da produção e queda no custo de insumos
A carne suína brasileira aumentou sua participação no mercado internacional em 2023, com um volume recorde de carne in natura exportado da ordem de 1.088.051 toneladas (tabela abaixo), o que representa 7,3% a mais que 2022 e 7,19% a mais que o recorde anterior que foi em 2021. Confira um panorama completo do mercado de suínos.
A carne suína brasileira aumentou sua participação no mercado internacional em 2023, com um volume recorde de carne in natura exportado da ordem de 1.088.051 toneladas (tabela abaixo), o que representa 7,3% a mais que 2022 e 7,19% a mais que o recorde anterior que foi em 2021. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o total exportado em 2023, entre carne suína in natura e industrializada foi de 1,229 milhão de toneladas (9,8% a mais que 2022), com receita de US$ 2,818 bilhões.
Embora continue sendo o principal destino das exportações brasileiras, a China reduziu consideravelmente as compras de nossa carne suína. O gigante asiático que já representou mais de 55% de nossos embarques fechou o ano de 2023 com 33,8% da carne suína in natura brasileira exportada, uma redução de 16,1% em relação a 2022. Esta redução das compras chinesas iniciou em agosto/23, se mantendo abaixo de 30% até o final do ano (tabela na sequência), indicando uma mudança consistente e significativa em relação ao que vinha ocorrendo nos anos anteriores recentes, desde que a China se tornou a maior importadora mundial desta proteína, em virtude do surto de Peste Suína Africana em 2018.
Se por um lado a China reduziu suas compras em 2023, por outro, o Brasil conseguiu aumentar as vendas de carne suína para outros destinos que mais que compensaram esta redução, visto que a China diminuiu 70,4 mil toneladas e ainda assim terminamos o ano com um total de quase 75 mil toneladas a mais que 2022. Destaca-se no crescimento das importações de nossa carne, além de Hong Kong, que manteve o segundo lugar, Filipinas, Chile e México (tabela abaixo).
Sobre o México, um dos maiores importadores de carne suína do mundo, depois de conseguirmos habilitar plantas e vender volumes consideráveis, infelizmente, no final de novembro/23, a justiça daquele país, por demanda dos produtores locais, suspendeu as compras do Brasil, o que já impactou nos embarques de dezembro/23, onde o México sequer aparece entre os quinze primeiros destinos (tabela a seguir).
Produção brasileira continuou crescendo, mas em ritmo bem menor que nos anos anteriores
A crise que afetou o setor e que, em grande parte se deveu ao excesso de oferta no mercado interno, fruto de elevado crescimento anual da produção nos anos de 2021 e 2022, finalmente arrefeceu, e um dos fatores que levou a este quadro, foi justamente a desaceleração da produção em 2023. Ainda não há números oficiais de abate do último trimestre de 2023. Porém, estima-se que o crescimento da produção em 2023, relacionado a 2022 deva fechar entre 2 e 3%, o que representa um aumento entre 100 e 150 mil toneladas de carcaças. Considerando o aumento das exportações, estima-se que a disponibilidade interna subiu pouco mais de 1%. Ou seja, a oferta e procura de carne suína se manteve ajustada ao longo de 2023, quando comparado com o ano anterior. Nesta condição de mercado ajustado era de se esperar uma reação dos preços do suíno, porém, se analisarmos a variação do preço médio do suíno em 2023 comparado com 2022 (tabela abaixo), na cotação das carcaças em São Paulo (CEPEA) a alta foi de apenas 3,94%; já no suíno vivo, São Paulo e Minas Gerais não ultrapassaram os 3%, enquanto a inflação oficial (IPCA) acumulou 4,62% em 2023. Por outro lado, os três estados do Sul, principais exportadores, tiveram alta no suíno vivo de mais de 7,5%.
Dois fatores contribuíram para uma limitação na alta das cotações do suíno: a queda dos custos de produção puxada pelos principais insumos, milho e farelo de soja, especialmente a partir da metade do ano e, principalmente, ao aumento do abate de bovinos, com a consequente queda da cotação do boi gordo ao longo de todo ano. Esta maior oferta de carne bovina a preços mais baixos determinou uma menor competitividade da carne suína que teve no encarecimento do boi entre 2019 e 2021 um dos fatores mais importantes para o ganho de espaço na mesa do consumidor brasileiro. A tabela a seguir demonstra claramente esta “aproximação” do preço da carcaça do boi gordo com o da carcaça suína em 2023 quando comparado com os dois anos anteriores. Na mesma tabela é apresentada a relação de troca entre o kg de suíno vivo e o kg do milho em São Paulo nestes períodos. Observa-se que em 2021 e 2022 o custo do milho pesou bastante, visto que a relação de troca foi inferior a 5. Já o segundo semestre de 2023 demonstrou relação de troca bastante favorável (a maior do período analisado).
Os números apresentados demonstram que a saída da crise da suinocultura evidenciada no segundo semestre de 2023 se deveu muito mais à redução do custo do que ao preço das carnes, em um ano em que o consumo per capita das três proteínas somadas deve bater recorde histórico, se aproximando dos 100 kg por habitante, principalmente pela maior oferta de carne bovina.
Ano de 2024 inicia com apreensão sobre a safra brasileira de grãos
Na questão dos insumos, o ano de 2023 foi marcado pelo recuo das cotações dos principais insumos da suinocultura, principalmente o milho que, depois de muitos meses de alta, a partir de abril/23, experimentou uma queda de preço vertiginosa (gráfico), mesmo antes da colheita da segunda safra com volumes recorde.
Essa queda nas cotações do milho refletiu diretamente no custo de produção, conforme a tabela na sequência, a seguir, em levantamentos de custos da EMBRAPA. Analisando a referida tabela é possível perceber que o primeiro trimestre ainda era de custo relativamente elevado, com queda paulatina nos trimestres posteriores.
Mas porque o milho voltou a subir em setembro/23, logo após a colheita da segunda safra?
A resposta está no clima e no comércio internacional. Com o fenômeno climático “El Niño”, o início do plantio da safra 2023/24 foi bastante conturbado, com problemas de falta de chuva na região Centro-oeste e excesso de precipitações na região Sul. Estas ocorrências ocasionaram replantio e outras perdas em áreas bastante significativas e CONAB e analistas privados, desde o final do ano passado, vêm alertando para a possibilidade de quebra na safra verão e incertezas na segunda safra, cujo volume de milho representa mais de 3/4 da produção total deste cereal no Brasil. Além disto, as exportações de milho têm superado as expectativas e devem fechar em 31 de janeiro com novo recorde anual, totalizando algo ao redor de 56 milhões de toneladas (CONAB).
De fato, a CONAB divulgou dia 10/01 o quarto levantamento da safra 2023/24 que traz nova redução da expectativa de safra de milho, com previsão de um total de 117,6 milhões de toneladas a serem colhidas (tabela abaixo). Na referida tabela destaca-se (em amarelo): as exportações da safra 2022/23 (56 milhões de toneladas), no período compreendido entre 01/02/23 e 31/01/2024, a se confirmar, estoque de passagem previsto para 31/01/24 (5,94 milhões de toneladas) e para a produção total de milho da safra 2023/24 (117,6 milhões de toneladas).
A consultoria MBagro afirma que a janela de plantio é hoje o grande definidor do tamanho da segunda safra de milho nesse ano atípico. Quanto mais o plantio avance para a finalização e além da janela ideal de plantio, menor a tecnologia utilizada e a produtividade esperada dado o risco da safra. A consultoria projeta uma produção de milho similar ao que preconiza a CONAB em seu último levantamento, com um total de 118 milhões de toneladas, sendo 93 milhões na segunda safra, ainda não plantada.
Considerações finais
De acordo com o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, “o ano de 2023 foi marcado pelo fim de uma das maiores crises da história recente da suinocultura, principalmente por conta da queda dos custos. Para 2024, apesar das condições climáticas, espera-se um ano, na média, melhor que 2023 neste quesito. As cotações do milho estão em elevação, mas não se espera que voltem ao patamar observado antes do segundo trimestre do ano passado. Por outro lado, o preço do suíno deve apresentar maior estabilidade em função da desaceleração do crescimento da produção observada ano passado e que deve se manter ao longo deste ano”, explica.
Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.