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Semente salva exige cuidados com a armazenagem

Reserva de grãos para o uso próprio passa por regulagem dos equipamentos de colheita e monitoramento constante de umidade e temperatura

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Foto: Divulgação/Sistema Faep/Senar-PR

Reservar parte da produção de grãos para o uso próprio como semente no plantio seguinte é um direito do produtor rural. Mas a opção exige cuidados com o insumo, para que essa escolha não se converta em prejuízo. Afinal, o beneficiamento e o armazenamento adequados são fundamentais para um bom resultado futuro.

Além de questões técnicas, há exigências legais atualizadas pela Portaria 538/2022 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que estão valendo desde 1° de março. Salvar sementes sem declarar previamente ao Mapa ou desobedecer o regramento vigente pode trazer complicações legais (confira a nota técnica clicando aqui).

Os produtores rurais paranaenses têm tradição em salvar semente. O Estado é o que mais realiza o procedimento no país, de acordo com os dados de Declaração de Uso Próprio no Sistema de Gestão da Fiscalização (Sigef). “Salvar semente é uma prática em muitas propriedades do Paraná. O produtor apenas precisa seguir as regras de declaração e tomar os cuidados necessários com a armazenagem”, destaca Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep/Senar-PR.

De acordo com o diretor-executivo da Associação Paranaense de Produtores de Sementes e Mudas (Apasem), Jhony Möller, o beneficiamento deve ocorrer dentro da propriedade. “Para que se possa utilizar e ter qualidade [nas sementes], é preciso que haja um bom beneficiamento feito dentro da propriedade. Não pode ser feito em terceiros”, afirma o executivo.

Möller explica que o beneficiamento feito por produtores autorizados de sementes é diferente daquele realizado por produtores que reservam sementes para uso próprio. No primeiro caso, trata-se de um processo altamente tecnificado que envolve várias etapas, como limpeza e determinação de tamanho para garantir, entre outros parâmetros, o nível de germinação e as características genéticas daquele cultivar. No caso das sementes salvas, deve haver um cuidado especial com a qualidade na colheita, para que patógenos, impurezas e outras sementes de plantas daninhas não venham junto às sementes da cultivar. Dessa forma, manter a colheitadeira bem regulada e a lavoura sadia são fundamentais para reservar bons grãos. Após a colheita, as sementes devem passar por um processo de secagem e limpeza dentro da propriedade.

O armazenamento é outro ponto-chave para manter a qualidade. As sementes devem ser acondicionadas em local fechado, protegido das intempéries. Podem ser colocadas em sacas ou big-bags, que devem ficar sobre pallets de madeira, para evitar o contato direto com o chão. As novas regras para sementes salvas exigem que as embalagens de armazenamento sejam identificadas com o nome da cultivar e o peso. Também se recomenda que esses sacos não fiquem encostados nas paredes nem no teto da estrutura para facilitar a circulação de ar. Ainda, é preciso verificar se o galpão não tem goteiras ou problema similar, pois a umidade é inimiga da longevidade das sementes.

Tradição

Todos esses preceitos estão incorporados na rotina do engenheiro agrônomo e produtor rural Jacob Rickli, de Prudentópolis, na região dos Campos Gerais, que semanalmente monitora os bags de sementes que salvou durante a colheita para o plantio seguinte. Essa prática já é tradição na propriedade, pois a família salva sementes há 25 anos. Atualmente, para as futuras lavouras de soja, feijão e trigo. “Os principais cuidados são com a temperatura e umidade relativa dos grãos. Quanto mais alta a umidade e a temperatura, mais rápido ela vai se degradar”, adverte Rickli.

A umidade ideal deve ser de 14%. Em relação à temperatura, algo entre 20˚C e 25˚C, nunca ultrapassar os 45˚C. Para facilitar esse monitoramento, o produtor mantém os bags espaçados entre si. Além de facilitar a movimentação de pessoas, a estratégia permite melhor circulação de ar.

Na hora de realizar a secagem dos grãos também é preciso cuidado especial, afinal as temperaturas elevadas podem danificar as sementes. “Principalmente cultivares um pouco mais sensíveis, como o trigo”, alerta o produtor.

Rickli também aconselha a eliminação dos grãos muito pequenos, que podem estar contaminados por fungos. “Esse monitoramento é importante para o fungo não proliferar dentro dos bags e contaminar os grãos bons”, explica. Outra dica é promover o controle efetivo de ratos e outros intrusos no local onde estão armazenadas as sementes.

Uso de semente pirata resulta em prejuízos financeiros

As regras descritas na legislação vigente, trazidas recentemente pela Portaria 538/2022 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), devem ser seguidas corretamente, sob o risco de o produtor ser enquadrado no crime de pirataria. “Produzir, comercializar, transportar, ou utilizar semente sem procedência comprovada, semente pirata, é crime”, alerta o diretor executivo da Apasem, Jhony Möller.

Em fevereiro, a entidade lançou a campanha de combate à pirataria de sementes no Paraná: “Não conte com a sorte! Produzir, comercializar, transportar e utilizar semente pirata é crime”. A utilização de sementes piratas traz inúmeros malefícios ao campo e à atividade agrícola, como a redução do incentivo à pesquisa, prejudicando o desenvolvimento de novas tecnologias e cultivares; contribuição para a disseminação de doenças, insetos e ervas daninhas; aumento do custo de produção, exigindo mais entradas de defensivos na lavoura, mais manejo e mão de obra.

Inclusive, a prática de uso de sementes piratas é crime passível de sanções administrativas, como responder a processo administrativo nas esferas federal ou estadual, apreensão do produto irregular e o pagamento de multas que podem chegar a até 250% do valor comercial desse produto. Por sua vez, as sanções judiciais envolvem ações movidas por empresas detentoras de biotecnologia, no caso do uso não autorizado de cultivares transgênicos e que são protegidos pela Lei de Patentes.

Denúncias de prática ilegal podem ser feitas no site apasem.com.br. A identidade do denunciante é mantida em sigilo.

Fonte: Assessoria Sistema Faep/Senar-PR

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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