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100 anos da soja no Brasil: da introdução ao protagonismo mundial

Com mais de um século de cultivo no país, a cultura teve seu início comercial no Rio Grande do Sul e passou por transformações significativas até alcançar a posição de destaque que ocupa hoje no agronegócio mundial.

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Carro-chefe da produção agrícola nacional, a soja consolidou o Brasil como líder global na produção e exportação do grão. Com mais de um século de cultivo no país, a cultura teve seu início comercial no Rio Grande do Sul e passou por transformações significativas até alcançar a posição de destaque que ocupa hoje no agronegócio mundial.

A Embrapa Soja destacou essa trajetória durante o Show Rural Coopavel 2025, realizado entre os dias 10 e 14 de fevereiro, em Cascavel (PR), por meio de uma linha do tempo com as principais cultivares desenvolvidas ao longo das décadas. A exposição enfatizou o papel fundamental do melhoramento genético na adaptação da soja às condições tropicais do Brasil, um fator decisivo para o sucesso da cultura no país.

Chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno: “A soja é a alavanca do agronegócio e da economia brasileira, e isso foi possível graças aos cientistas, técnicos e produtores que fizeram um trabalho de excelência” – Foto: Divulgação/Embrapa Soja

A introdução da soja no Brasil remonta a 1914, para testes, e a partir de 1924 o cultivo comercial do grão foi iniciado em Santa Rosa (RS). Antes disso, no século XIX, houve uma tentativa de plantar soja na Bahia, utilizando sementes trazidas dos Estados Unidos. No entanto, os materiais disponíveis à época eram adaptados a climas temperados e subtropicais, resultando em uma experiência sem sucesso.  Somente com o avanço da pesquisa científica e os esforços de instituições como a Embrapa, a soja passou por um intenso processo de tropicalização, permitindo sua expansão para outras regiões do país. Porém, a soja obteve importância econômica somente na década de 1960, época em que teve um rápido crescimento do cultivo.

Embora tenha sido domesticada há cerca de quatro mil anos na Costa Leste da Ásia, a soja cultivada atualmente apresenta diferenças expressivas em relação à sua ancestral chinesa. “A soja semeada atualmente tem a constituição genética da China, mas ela é diferente tanto em aparência quanto em características morfológicas e de produção”, explica o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno.

Até o final da década de 1970, os plantios comerciais de soja no mundo se restringiam a regiões de climas temperados e subtropicais, em latitudes próximas ou superiores a 30º. No Brasil, os produtores utilizavam cultivares importadas dos Estados Unidos, adaptadas apenas à região Sul. Essa limitação foi superada com as pesquisas da Embrapa, que desenvolveu variedades adequadas às condições tropicais, permitindo a expansão do cultivo da oleaginosa em todo o país.

Desde a introdução experimental da soja no Brasil, diversas cultivares foram desenvolvidas para aumentar produtividade, adaptabilidade e resistência a doenças. A Embrapa Soja teve papel fundamental nesse avanço, desenvolvendo cerca de 440 cultivares nos últimos 50 anos. A instituição investe tanto em variedades convencionais resistentes a pragas e doenças quanto em cultivares geneticamente modificadas, adaptadas ao uso de herbicidas e ao controle de insetos.

O avanço genético e a adaptação da cultura foram determinantes para que o Brasil se tornasse referência na produção de soja. Hoje, o país não apenas atende à demanda interna, mas também exerce papel estratégico no abastecimento global de grãos, reforçando sua importância na segurança alimentar mundial. “A soja é a alavanca do agronegócio e da economia brasileira, e isso foi possível graças aos cientistas, técnicos e produtores que fizeram um trabalho de excelência”, destaca Nepomuceno

Linha do tempo da soja

Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Rogério de Sá Borges: “Com a expansão da área cultivada, novos problemas aparecem, exigindo que a pesquisa esteja sempre um passo à frente para antecipar e prevenir impactos expressivos no campo” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Ao longo das décadas, diversas cultivares foram lançadas, mas algumas se tornaram icônicas por sua permanência no mercado e impacto na produtividade agrícola. Na exposição da Embrapa no Show Rural Coopavel 2025, foram apresentadas diferentes variedades de soja, incluindo a soja selvagem, que é perene, e a soja Glycine, um ancestral mais próximo da soja cultivada, com ciclo anual. Além delas, também estiveram em exibição diversas cultivares de Glycine max (soja cultivada).

Entre as cultivares expostas, destaque para Amarela Comum, também chamada de Amarela do Rio Grande, introduzida dos Estados Unidos. Essa variedade foi cultivada no Brasil entre os anos 1920 e 1960, sendo fundamental para a expansão da sojicultura no país.

Outra cultivar em demonstração foi a Pelicano, introduzida na década de 1950 e cultivada até meados de 1960. Já na mesma década, a Bragg se tornou uma das principais cultivares utilizadas nos estados do Sul e em São Paulo.

Também foi apresentada a cultivar Davis, que se destacou pela resistência às doenças mancha-olho-de-rã e podridão parda da pressa. Segundo o engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Rogério de Sá Borges, a Davis marcou uma nova fase no melhoramento genético da cultura. “A partir de Davis houve uma preocupação um pouco maior com doenças. Lançada depois de Bragg, já com algumas melhorias sanitárias, essa cultivar tinha mais tolerância a doenças”, explicou.

Em 1966, foi lançada a primeira cultivar de soja genuinamente brasileira com importância comercial: a Santa Rosa, considerada uma das mais relevantes da história. E na década de 1970 surgiu a cultivar Paraná, que se destacava pela arquitetura das plantas e pela precocidade para a época.

Com a criação da Embrapa em 1975 foi iniciado um programa de melhoramento genético na instituição. No começo da década de 1980, a Embrapa lançou sua primeira cultivar própria, a BR-16, desenvolvida a partir de cruzamentos realizados no campo experimental de Londrina (PR). Com genealogia associada a cultivar Davis, a BR-16 teve grande sucesso até os anos 2000, devido à resistência a podridão parda da haste e ao cancro-da-haste, além da ampla adaptação. Seu plantio foi recomendado para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, até Minas Gerais, contribuindo para a expansão da soja no país.

Nos anos 1990, o foco foi a busca por qualidade fisiológica de sementes, resistência a doenças e precocidade. Nesse contexto, se destacaram as cultivares Embrapa 48 e BRS 133, resistentes à pústula bacteriana, mancha olho-de-rã e cancro-da-haste. Identificado no Brasil em 1989, o cancro-da-haste causou perdas de até 100%, forçando a retirada de cultivares suscetíveis do mercado. “Foi necessário fazer toda uma reconversão das variedades disponíveis, já que praticamente todas eram suscetíveis à doença. Como já havia programas de melhoramento estruturados, a resposta foi rápida. Esse avanço foi primordial para que o cultivo da soja não deixasse de existir no Brasil. Hoje, praticamente todas as variedades apresentam resistência ao cancro-da-haste”, afirmou Borges, ressaltando que depois disso o desenvolvimento de novas variedades foi de hábitos determinados.

A partir dos anos 2000, teve início uma nova geração de cultivares, marcada pela introdução da soja transgênica resistente a herbicidas e pela busca por ciclos mais curtos e porte de planta que viabilizassem a semeadura do milho safrinha. Também houve avanços na qualidade nutricional das cultivares.

Dessa fase, se destacam o BRS 232, com resistência ao nematoide de galhas, alto teor de proteína e elevado potencial produtivo, e o BRS 284, que trouxe como novidade o crescimento indeterminado. Com arquitetura diferenciada e ampla adaptação, a BRS 284 foi recomendada para estados como Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, e ainda é cultivada.

Antes da liberação da soja transgênica no Brasil, materiais de uso indeterminado foram introduzidos de forma ilegal, principalmente da Argentina. Esse tipo de soja tem menor sensibilidade à variação fotoperíodo, permitindo que o plantio ocorra mais precocemente. “As cultivares plantadas até então, de hábito determinado, tinham que ser plantadas entre o final de outubro e começo de novembro. Com as variedades indeterminadas, foi possível antecipar a semeadura, e hoje, por exemplo, na região de Cascavel (PR), a soja já começa a ser plantada em setembro”, expôs o analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja.

Segundo Borges, com o avanço do milho safrinha, a demanda por cultivares mais precoces aumentou. “Plantar a soja mais cedo possibilitava a colheita antecipada, garantindo uma semeadura do milho antes do inverno, reduzindo riscos de prejuízo e aumentando a produtividade. Esse movimento levou praticamente todas as empresas do setor, especialmente no Sul, a adotarem cultivares de hábitos indeterminados”, contou o doutor em Fitotecnia.

Na década de 2010, o melhoramento genético avançou com a introdução de cultivares mais resistentes à ferrugem asiática, tolerantes a percevejos e de ciclo precoce. Além disso, consolidou-se o uso de cultivares de crescimento indeterminado e a chegada da segunda geração de transgênicos, que combinavam resistência a herbicidas e tolerância a lagartas.

Nessa fase, a Embrapa expôs a cultivar convencional BRS 511, com tecnologia Shield® para resistência à ferrugem asiática, e a transgênica BRS 1003IPRO, que, além da resistência a herbicidas e lagartas, trouxe a tecnologia Block® para tolerância a percevejos.

Nos anos 2020, a BRS 1064IPRO se destacou como uma cultivar de segunda geração de transgênicos, com ampla adaptação para os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Além do alto potencial produtivo, apresenta estabilidade de produção, permitindo semeadura antecipada e encaixe no sistema de  sucessão e rotação da segunda safra. A cultivar também possui moderada resistência ao nematoide de galhas (M. javanica) e resistência à raça 3 do nematoide de cisto, tipo de crescimento indeterminado e elevado potencial de produção.

Atualmente, a soja evoluiu para a terceira geração de transgênicos, com cultivares tolerantes a um maior número de herbicidas, como glifosato, dicamba, 2,4-D e glufosinato de amônio. “Isso ampliou as opções de manejo das plantas daninhas na lavoura e aumentou a proteção contra lagartas”, evidenciou Borges.

Principais avanços da soja

O principal objetivo dos programas de melhoramento genético da soja é aumentar a produtividade, garantindo a sustentabilidade financeira do produtor. Além disso, a resistência a doenças, como o cancro-da-haste, foi um grande avanço para a continuidade da cultura no país. “Sem um programa de melhoramento genético isso não teria se tornado realizado. Se na época em que o cancro-da-haste devastou lavouras o Brasil dependesse de importação, a produção de soja no país poderia ter se tornado inviável. Consequentemente, não seríamos o maior produtor mundial e nem teríamos a relevância econômica que temos hoje, gerando milhares de empregos. Por isso, a pesquisa é fundamental”, reforça o doutor em Fitotecnia.

Cultivares adaptadas impulsionam produtividade da soja

Na década de 1950 e 1960, as primeiras cultivares de soja no Brasil produziam cerca de 1,5 mil quilos por hectare. Hoje, a média nacional já chega a 3,5 mil quilos, com variedades que podem atingir entre 5 mil e 6 mil quilos por hectare. Esse avanço foi possível graças à pesquisa científica e ao melhoramento genético, tanto pela Embrapa quanto por empresas privadas. Além do aumento de produtividade, a adaptação da cultura a diferentes regiões foi que permitiu a expansão da soja para o Cerrado.

No Mato Grosso, maior produtor do país, cultivares desenvolvidas para o Sul apresentam baixa adaptabilidade. “É essencial que os programas de melhoramento genético selecionem materiais com características específicas para cada região”, argumenta o engenheiro agrônomo. Esse processo, conhecido como tropicalização da soja, possibilitou a produção em áreas antes consideradas inviáveis. “Originalmente, a soja era cultivada em latitudes próximas a 30ºC. Hoje, já há produção até em Roraima, próxima à linha do Equador”, completa.

Desafios atuais

Atualmente, um dos principais desafios para a sojicultura são as condições climáticas adversas. As perdas por seca e estresse hídrico são cada vez mais significativas, exigindo respostas rápidas da pesquisa, com o desenvolvimento de cultivares mais tolerantes à estiagem e resistentes a temperaturas elevadas. “O produtor tem grande expectativa por cultivares com essas características. O melhoramento genético segue avançando, seja por métodos tradicionais, transgenia ou edição gênica, para atender a essas demandas”, ressaltou o especialista.

Além da adaptação climática, outro desafio é a qualidade da semente e da soja produzida. Nos Estados Unidos, há um movimento crescente para o desenvolvimento de grãos com alto teor de ácido oleico e baixo teor de ácido linoleico, resultando em um óleo de melhor qualidade. Essa evolução também está ligada ao uso da soja para biocombustíveis, incluindo o combustível de aviação. “Essas mudanças envolvem uma adaptação no perfil tecnológico do grão. Se não acompanharmos essa tendência, corremos o risco de que a soja brasileira perca competitividade no mercado global, tornando-se um produto de segunda categoria enquanto outros países lideram a produção de grãos com maior valor agregado”, alerta Borges. Segundo ele, o Brasil já está se antecipando a esse movimento, desenvolvendo materiais com perfis diferenciados de óleo e proteína, essenciais para se manter no mercado internacional.

Somado a  isso, nos últimos anos a cultura da soja passou a enfrentar novas doenças e pragas. A ferrugem asiática, por exemplo, foi identificada no Brasil pela primeira vez na safra 2001/2002 e hoje é uma das principais ameaças à produção. Outra preocupação crescente são os nematoides, que se espalham rapidamente e desafiam os produtores diariamente. “A pesquisa precisa oferecer soluções tanto em melhoramento genético quanto em manejo. A indústria busca alternativas com novos produtos, mas os desafios surgem continuamente. Com a expansão da área cultivada, novos problemas aparecem, exigindo que a pesquisa esteja sempre um passo à frente para antecipar e prevenir impactos expressivos no campo”, frisou Borges.

Importância do vazio sanitário

Para reduzir a incidência da ferrugem asiática, foi instituído o vazio sanitário, período sem cultivo da soja para evitar a chamada ‘ponte verde’, que favorece a sobrevivência de pragas e doenças. “Os fitopatologistas identificaram que a ferrugem da soja não sobrevive por muito tempo nos restos de cultura. Com três a quatro meses sem soja, o inóculo da doença reduz significativamente. Assim, mesmo que a ferrugem reapareça, ela demora mais a se espalhar, permitindo menor necessidade de aplicações de fungicidas”, detalha o profissional.

O uso excessivo de defensivos acelera a seleção de indivíduos resistentes dentro da população de fungos. “Cada aplicação pode selecionar organismos que sobrevivem ao produto, tornando o controle menos eficiente ao longo do tempo. Por isso, é essencial combinar manejo adequado com controle químico, preservando a eficácia das ferramentas disponíveis no mercado”, acrescenta Borges.

Estratégia do refúgio estrutural

Na transgenia, é recomendada a semeadura de 20% da área com cultivares sem o gene BT, estratégia conhecida como refúgio estrutural. “Isso permite a reprodução de lagartas suscetíveis, que cruzam com indivíduos resistentes ao BT, retardando o desenvolvimento de populações 100% resistentes”, esclarece Borges.

Ele alerta para o risco de perda de eficácia dessa tecnologia, como já ocorreu com variedades de milho BT. “Sempre haverá indivíduos resistentes que sobrevivem ao consumo de soja BT. Se toda a lavoura for transgênica, esses indivíduos resistentes cruzarão entre si, gerando descendentes totalmente imunes à tecnologia. O refúgio mantém uma população suscetível na área, prolongando a vida útil da tecnologia”, frisa o doutor em Fitotecnia.

Destino da produção de soja

A maior parte da soja produzida no Brasil é destinada à alimentação animal e à indústria de biocombustíveis, setor que vem ganhando participação. “O segmento de soja convencional, não transgênica, para consumo humano ainda é pequeno, mas a Embrapa mantém um programa de melhoramento genético ativo”, comenta Borges. No entanto, a commodity transgênica domina o mercado, principalmente na produção de ração.

Coleção com 65 mil tipos soja

As sementes das 16 cultivares de soja expostas no Show Rural, fazem parte do Banco Ativo de Germoplasma (BAG), uma coleção de aproximadamente 65 mil tipos de soja introduzidos da coleção dos Estados Unidos e de outros países da África, Europa, Ásia, Oriente Médio e Oceania. O BAG, mantido pela Embrapa, é responsável por guardar a variabilidade genética da soja. Quanto mais acessos diferentes e caracterizados, melhor é a utilização nos programas de melhoramento para desenvolvimento de novas variedades.

O acesso à edição digital do Bovinos, Grãos & Máquinas é gratuito. Para ler a versão completa on-line, basta clicar aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Regeneração de pastagens e sistemas integrados ganham protagonismo na pecuária brasileira

Especialistas destacam que eficiência produtiva, solo saudável e adoção de ILPF são caminhos centrais para uma pecuária sustentável e de baixo carbono.

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Foto; Gabriel Faria

A regeneração de pastagens degradadas e a adoção de sistemas integrados de produção devem ocupar o centro da estratégia da pecuária brasileira para os próximos anos. Essa visão foi defendida por Fábio Dias, líder de Pecuária Sustentável da JBS, durante sua participação no VEJA Fórum de Agronegócio, realizado nesta segunda-feira (24), em São Paulo.

Ao participar do painel “Agricultura Sustentável: como produzir sem desmatar”, o executivo ressaltou que a eficiência produtiva e a sustentabilidade caminham juntas para garantir a perenidade do negócio. Com atuação em 20 países e relacionamento diário com centenas de milhares de produtores, a JBS enxerga a saúde da cadeia de fornecimento como prioridade. “A produção pecuária e agrícola precisa prosperar por muitos anos, não apenas por alguns. Se os produtores não forem bem, toda a cadeia não irá bem”, explicou.

Dias também analisou a mudança de paradigma no setor: se antes o foco estava exclusivamente no volume de produção, hoje a degradação e a queda de produtividade, especialmente em áreas de abertura mais antigas, impulsionaram uma nova mentalidade voltada à longevidade e à qualidade do solo.

Segundo Dias, essa agenda regenerativa é um imperativo de gestão, focada na melhoria contínua do ativo ambiental. “É fundamental garantir que a fazenda seja mantida em condições de produtividade superior a cada ano, demonstrando que a exploração pecuária de longo prazo é totalmente sustentável”, afirmou.

O executivo reforçou a singularidade do modelo brasileiro, capaz de acomodar duas ou três safras na mesma área. Nesse contexto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) surge como ferramenta vital. A presença animal no sistema não apenas diversifica a renda, mas eleva a biologia do solo e sua capacidade de estocagem de carbono. “Colocar animais numa área aumenta a vida do local, eleva a qualidade da terra e mantém o solo coberto durante todo o ano”, explicou Dias. De acordo com o executivo, a eficiência gerada pela ILPF, somada à redução da idade de abate dos animais, resulta em menor pressão por desmatamento e queda nas emissões entéricas, pavimentando o caminho para uma pecuária brasileira de baixo carbono.

Para acelerar a adoção dessas tecnologias e fortalecer a formalização da cadeia, a JBS estruturou um ecossistema robusto de difusão de conhecimento, assistência técnica e gerencial. O objetivo é empoderar o produtor para a tomada de decisões embasadas. “Construímos um ecossistema que difunde conhecimento e apoio aos produtores”, reforçou Dias.

Essa estratégia, operacionalizada por meio do programa Escritórios Verdes, criado em 2021, e que que oferecem assistência técnica, ambiental e gerencial gratuita, tem gerado impacto mensurável: desde então, já foram mais de 20.000 produtores apoiados, reinseridos na cadeia produtiva legal e sustentável.

O líder de Pecuária Sustentável da JBS concluiu que o potencial do Brasil em ter uma pecuária baixa em carbono é evidente, dada a capacidade de armazenagem do solo tropical e a redução da idade de abate dos animais. “Ao aumentar a produção por área, a JBS enxerga um futuro brilhante para a pecuária brasileira, onde a sustentabilidade se torna o novo padrão de eficiência e inclusão produtiva”, pontuou.

Fonte: Assessoria JBS
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Mercado do leite volta a cair em novembro e mantém pressão sobre o produtor

Demanda mais fraca e custos elevados sustentam pressão negativa sobre o preço ao produtor.

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Foto: Shutterstock

O preço médio nacional do leite ao produtor fechou novembro de 2025 em R$ 2,44 por litro, conforme o boletim Indicadores Leite e Derivados, elaborado pelo Cileite/Embrapa. O valor representa queda de 3,8% na comparação mensal e recuo de 14,8% em 12 meses, consolidando um ano de forte retração para o setor.

A análise regional mostra que todos os estados acompanhados registraram variações negativas, como em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As barras do gráfico destacam uma tendência comum de queda, com redução próxima a 4%.

Derivados também caem

Foto: Sistema Faep

Os preços dos lácteos seguiram o mesmo movimento. O boletim indica retração de 1,0% no conjunto de “Leite e Derivados” e queda de 0,2% em outro agrupamento de produtos monitorados. Entre os itens acompanhados individualmente, o leite UHT apresentou variação negativa mais intensa, acompanhado por baixas em queijos, manteiga, creme de leite e leite condensado — todos com índices de redução destacados na coluna “Em 12 meses”.

Consumo interno não reage

O relatório também traz a evolução do ticket de compra de lácteos no varejo, mostrando oscilações ao longo de 2023, 2024 e 2025. A curva referente a 2025 revela leve recuperação no segundo semestre, mas ainda distante dos patamares observados em anos anteriores. Segundo o boletim, o consumo interno não tem acompanhado a oferta, o que contribui para a continuidade da pressão sobre os preços ao produtor.

Cenário segue desfavorável ao produtor

Com custos ainda elevados em várias regiões e baixa capacidade de repasse pela indústria, o momento permanece desafiador para a cadeia produtiva. A retração em praticamente todos os indicadores reforça o ambiente de margens apertadas e de incerteza para o início da temporada 2026.

Fonte: O Presente Rural com Cileite/Embrapa
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Mato Grosso institui Passaporte Verde e eleva padrão socioambiental da pecuária

Nova lei, que entra em vigor em 2026, estabelece critérios socioambientais e rastreabilidade completa do rebanho para atender às exigências dos mercados internacionais.

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Foto: Divulgação/Imac

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou, em duas votações, na última quarta-feira (19), o projeto de lei que institui o Programa Passaporte Verde, iniciativa que coloca o Estado na vanguarda da pecuária sustentável no Brasil. A nova legislação entra em vigor em janeiro de 2026 e estabelece critérios socioambientais para todo o monitoramento de rebanho bovino e bubalino mato-grossense, com o objetivo de atender às exigências dos mercados internacionais mais competitivos.

O Passaporte Verde, desenvolvido pelo Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) em parceria com o Governo do Estado e o setor produtivo, propõe o monitoramento socioambiental completo da cadeia da carne, desde o nascimento do animal até o abate. O programa prevê etapas de implantação para incluir propriedades de todos os portes, oferecendo suporte técnico e orientação aos produtores.

Entre os objetivos dessa política de sustentabilidade estão o desenvolvimento sustentável, a inclusão e consciência produtiva, o acesso ao mercado global, qualidade e monitoramento, incentivo de parcerias do setor privado com entidades públicas, a valorização de serviços ambientais, além do estímulo do ambiente de concorrência equitativa na cadeia produtiva.

A iniciativa reforça o compromisso de Mato Grosso com a produção responsável, rastreabilidade, transparência e conservação ambiental, critérios cada vez mais valorizados pelos importadores e consumidores globais. Países da Europa e da Ásia, por exemplo, têm adotado políticas que priorizam produtos com comprovação de origem sustentável e desmatamento zero. “Mato Grosso se consolida como pioneiro em sustentabilidade com o Passaporte Verde. Estamos mostrando ao mundo que é possível produzir mais, com responsabilidade ambiental e inclusão social. Esse programa será uma vitrine da pecuária moderna, transparente e comprometida com o futuro do planeta”, comemorou o presidente do Imac, Caio Penido.

Fonte: Assessoria Imac
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