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10 passos para garantir aplicação segura e eficaz da medicação em suínos

A principal causa do aparecimento da resistência na cadeia produtiva é o uso de forma indiscriminada dos antimicrobianos.

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A identificação e tratamento de doenças em suínos é um dos maiores desafios enfrentados pelos produtores. A resistência aos antimicrobianos, em particular, tem se mostrado uma barreira para a eficácia dos tratamentos.

Médica-veterinária e presidente da Abraves-PR, Luciana Diniz da Silveira: “O tempo de tratamento e o diagnóstico preciso são fundamentais para o sucesso da produção em larga escala” – Foto: Sandro Mesquita/OP Rural

A importância da gestão correta e criteriosa dos antimicrobianos e do aprimoramento contínuo dos sistemas de registro e monitoramento na suinocultura foram tratados pela médica-veterinária e presidente da Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos – Regional Paraná (Abraves-PR), Luciana Diniz da Silveira, durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado em meados de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná.

Conforme a profissional, a principal causa do aparecimento da resistência na cadeia produtiva é o uso de forma indiscriminada dos antimicrobianos. “Medicação não efetiva é a resistência a antimicrobianos. E a pressão seletiva das bactérias resistentes dentro do sistema de produção surge da combinação do uso excessivo, incorreto ou subdosagem de medicamentos”, explicou.

A médica-veterinária chamou atenção dos produtores sobre a importância de fazer uma gestão eficaz da granja, com anotações periódicas sobre os animais. “Precisamos melhorar as nossas anotações. Hoje temos sistemas como S2 e S4, que fazem todo o gerenciamento animal. Quando o técnico vai até a propriedade e pede para visualizar o S4 sobre a mortalidade, já é um norte para ele no que está sinalizando quanto à doença, seja ela respiratória, entérica ou por encefalite. Então, precisamos cada vez mais melhorar os nossos processos em termos de anotações, para que o técnico possa trabalhar com precisão nos diagnósticos”, enfatizou Luciana.

A escolha do antimicrobianos

A escolha dos antimicrobianos (ATM) é um processo que deve ser feito com cautela, respeitando alguns pontos importantes, entre os quais considerar a sensibilidade do agente ao princípio ativo, utilizando o antibiograma para identificar a sensibilidade do agente patogênico; seguir rigorosamente a dosagem recomendada na bula do medicamento, assegurando que o tratamento tenha a duração correta; respeitar os intervalos recomendados entre as doses, sejam de 12, 24 ou 48 horas, é essencial para a eficácia do tratamento; evitar subdosagem ou superdosagem, uma vez que administrar a dose exata ajuda a prevenir resistência e toxicidade; e  observar o período de carência nos terminadores, que é o tempo necessário antes do abate dos animais tratados, afim de evitar resíduos medicamentosos na carne.

A presidente da Abraves-PR afirma que a ampla variedade de medicamentos disponíveis, combinada com o crescente problema da resistência aos antibióticos, torna cada vez mais difícil para os técnicos definir o tratamento mais adequado.

Vias de administração de medicação

Existem várias vias de administração de medicamentos em suínos, cada uma com suas particularidades e vantagens. A administração oral pode ser feita através do alimento, da água (usando dosadores ou bebedouros) ou diretamente na boca do animal. A via injetável inclui injeções intramusculares (IM), subcutâneas (SC) e intradérmicas (ID). Já a via tópica é aplicada diretamente sobre a pele, seja por spray, nebulização ou pomada.

Luciana ressalta que a medicação injetável é segura, eficiente e proporciona rápida absorção e resultados, sendo ideal para tratamentos individuais e casos específicos. “A medicação injetável é recomendada em situações específicas, como quando há um número reduzido de animais afetados. É ideal para casos em que os animais doentes têm dificuldade de acesso à água ou à ração, como em situações na maternidade. Além disso, é indicada para tratamentos preventivos e quando se precisa garantir a dose exata de medicamento”, salienta.

A administração via água também é tida como segura, mas sua eficiência depende da ingestão de água pelos animais, bem como da instalação e qualidade da água utilizada, sendo adequada para tratamentos em massa.

E a administração via ração é considerada segura e não depende de instalações específicas, sendo eficiente de acordo com a ingestão alimentar dos animais. “Essa é a via mais comum na suinocultura, especialmente para tratamentos em massa”, aponta.

Passos recomendados para a aplicação de medicação em suínos

A presidente da Abraves-PR recomenda seguir 10 passos para garantir a correta aplicação de medicação em suínos, confira:

1º Passo – Inspecionar os animais

Realize inspeções duas vezes ao dia para verificar o arraçoamento e a limpeza das instalações. Utilize um bastão marcador de cera para identificar os animais. Fique atento aos principais sinais clínicos, como falta de apetite, animais que não se levantam para comer, movimentos de pedalagem, tosse com ou sem catarro, batedeira, aumento das articulações e fezes líquidas.

2º Passo – Identificar a medicação

Após a aplicação, marque os animais doentes com um bastão marcador de cera para garantir a padronização e o controle dos tratamentos.

3º Passo – Definir os medicamentos e suas dosagens

Consulte a tabela de uso de medicamentos ou as orientações do técnico para definir a dosagem adequada. Atenção aos detalhes: dosagem, frequência, via de aplicação e período de carência.

4º Passo – Conter os animais e aplicar o medicamento

Realize a contenção dos animais com calma para evitar lesões e estresse. Aplique o medicamento no local recomendado e registre todas as informações na planilha de controle, incluindo o número de animais medicados, data de início e término da aplicação, produto utilizado e período final da carência.

5º Passo – Mistura de medicamentos

Nunca misture diferentes medicamentos na mesma seringa. Cada medicamento deve ser administrado separadamente para evitar interações indesejadas.

6º Passo – Armazenar medicamentos e prazo de validade

Armazene os medicamentos em um armário fechado, em um local fresco e seco na granja. Mantenha apenas os medicamentos necessários para a atividade e verifique sempre o prazo de validade.

7º Passo – Higienizar agulhas e seringas

Após o uso, lave as agulhas e seringas com água e ferva as agulhas limpas por 10 minutos antes de armazená-las. Nunca guarde seringas com agulhas acopladas. Armazene as seringas secas em uma caixa plástica ou vidro com tampa, e coloque as agulhas em um frasco com tampa. Utilize pelo menos dois frascos: um para agulhas limpas e outro para agulhas usadas. Descarte agulhas tortas ou com ponta romba em local adequado.

8º Passo – Comunicar quebra de agulhas

Evite usar agulhas tortas ou com ponta romba. Caso uma agulha quebre, identifique imediatamente o local com um ‘x’ no lombo do animal e um círculo no local onde a agulha ficou alojada. Informe o técnico, identifique o animal com um brinco e providencie o seu abate separado, avisando o motorista.

9º Passo – Medicação via água

A medicação via água deve ser feita conforme a recomendação técnica e só nas propriedades com caixa específica ou dosador. Siga a dose recomendada, e os períodos de início e término do tratamento, bem como o período de carência. Limpe a caixa d’água e o dosador antes e após a medicação.

Luciana destaca os pontos críticos da medicação via água, que incluem solubilidade, uma vez que alguns antibióticos têm baixa solubilidade e são afetados pelo pH da água; integridade e limpeza do sistema de água, observando aspectos como a produção e descolamento do biofilme, sedimentação do produto, entupimento, vazamentos e vazão; estabilidade do princípio ativo também deve ser considerada, uma vez que alguns princípios ativos podem se degradar facilmente em meios ácidos ou básicos; portanto, é essencial respeitar as horas indicadas pelo fabricante. Além disso, a palatabilidade é um aspecto importante, já que suínos têm uma percepção gustativa aguçada e podem não consumir água medicada se ela tiver um gosto amargo, o que pode levar a uma subdosagem. “Para garantir uma hidratação adequada, a vazão ideal dos bebedouros deve ser de dois litros por minuto, com um bebedouro disponível para cada 10 leitões. É fundamental assegurar que a água fornecida seja de boa qualidade”, reforça a médica-veterinária.

10º Passo – Baia enfermaria/UTI

Respeite a lotação da baia enfermaria, utilizando leitoeiro (cortina sobre a baia) para manter os leitões uniformizados conforme o problema sanitário. Se houver mais de uma baia enfermaria, mantenha-as sempre limpas e secas.

Identificação rápida

Luciana destaca a importância da identificação precoce de doenças e enfatiza a necessidade de uma tomada de decisão ágil da cadeia produtiva na detecção de possíveis doenças no rebanho. “O tempo de tratamento e o diagnóstico preciso são fundamentais para o sucesso da produção em larga escala”, afirma.

Ela também observa que as perdas decorrentes do descarte de partes acometidas e condenações de carcaças afetam todos os elos da cadeia e reforça a necessidade de constância e rigor nos procedimentos para minimizar tais perdas.

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Fonte: O Presente Rural

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Melhor ganho de peso, conversão alimentar e saúde intestinal são alguns dos benefícios do uso de probiótico em dietas de leitões na creche

O uso de probióticos representam uma alternativa capaz de criar um balanço da saúde intestinal. Isso porque a produção intensiva, na qual o animal ganha peso em um espaço curto de tempo, leva a um desbalanço da saúde intestinal.

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O atual cenário de uso cada vez mais restrito de antimicrobianos na suinocultura traz desafios para manter a eficiência produtiva no campo e a rentabilidade do produtor. Um ajuste da saúde intestinal dos animais, especialmente falando de leitões na creche, tem se mostrado uma estratégia eficiente para melhorar o desempenho. Assim, o uso de probióticos representam uma alternativa capaz de criar um balanço da saúde intestinal. Isso porque a produção intensiva, na qual o animal ganha peso em um espaço curto de tempo, leva a um desbalanço da saúde intestinal. E o probiótico é uma bactéria benéfica que vai passar pelo trato gastrointestinal e auxiliar esta microbiota, tornando-a mais equilibrada, contribuindo com a produção de ácido láctico, por exemplo, que passa pelo intestino e traz benefícios para a microbiota ali presente, auxiliando em seu crescimento e desencorajando o crescimento das bactérias patógenas.

Todo este quadro traz um novo desafio para nutricionistas: a escolha do probiótico mais adequado de acordo com a realidade de produção de cada empresa. Este é hoje um dos desafios mais importantes no contexto de saúde intestinal e nutrição animal em escala global, já que temos inúmeras alternativas disponíveis no mercado, com cepas diferentes e resultados muito variáveis. A escolha do probiótico deve considerar não apenas a quantidade mais adequada de inclusão, como também o processo de fabricação da ração, como a peletização, por exemplo. É preciso avaliar se esta cepa vai chegar íntegra no intestino dos animais e se o potencial genético dessa cepa responde aos objetivos da produção.

Os probióticos não são iguais. Mesmo que a gente veja a mesma espécie, os probióticos são diferentes porque a capacidade de uma cepa é diferente da outra. Elas têm características genéticas que precisam ser avaliadas, por isso o primeiro passo é entender que a oferta de probióticos não é igual. Outro ponto importante a considerar é a maneira como ele será aplicado via ração, pois estamos manipulando um organismo vivo que precisa chegar vivo até o animal. E as condições de peletização impactam diretamente o resultado. Então, algumas perguntas precisam ser respondidas, como qual é a inclusão necessária? Como fazer esta inclusão na dieta? Como testar a viabilidade dos esporos na ração pronta para o consumo? Como estamos misturando na ração? Estamos entregando a quantidade necessária? Sem estas respostas, não é possível atingir resultados satisfatórios.

Erros no uso

Os probióticos são uma ferramenta importante para promover uma melhor saúde intestinal dos animais e sua consequente melhora no desempenho, mas se não forem utilizados da maneira correta, não vai haver resultado. Existe uma série de casos de resultados inconsistentes no uso de probióticos porque eles foram usados de maneira incorreta. Ainda hoje há bastante equívoco na sua utilização.

A segurança da cepa probiótica é mais um ponto de atenção. Como estamos introduzindo bactérias em grandes quantidades dentro de nosso sistema produtivo, devemos ter certeza de sua segurança. Dessa forma, é importante que essas cepas não possuam genes para enterotoxinas hemolíticas, hemolisina e para citotoxinas. Da mesma forma é importante a investigação de genes relacionados a resistência a antibióticos, assim as cepas probióticas não devem conter plasmídeos identificados, nenhum gene relevante para a resistência à antibióticos, em especial aos de classe terapêutica, e tudo isso deve ser validado por ensaios de concentração inibitória mínima (MIC). Também é importante estar atento à resistência da cepa ao processamento térmico, ácidos orgânicos e formaldeído. Esse tipo de resistência demonstra a resiliência de uma cepa aos aditivos mais comumente utilizados e à exposição ao calor, seja este no processamento da ração ou mesmo dentro dos silos das granjas.

Estratégia: Probióticos como alternativa ao uso de antimicrobianos promotores de crescimento

Se existe uma série de cepas disponíveis que atendem aos mais diferentes desafios de produção, uma das estratégias muito utilizadas na suinocultura é para reduzir os efeitos negativos de produtividade com o uso restrito de antimicrobianos promotores de crescimento. Neste contexto, o Bacillus subtilis DSM 32315 é uma cepa de probiótico que tem demonstrado benefícios significativos para a saúde intestinal e o desempenho dos leitões.

Nas últimas décadas, vimos os antibióticos serem usados amplamente para prevenir infecções e melhorar o desempenho dos animais. Este uso é particularmente comum no período imediatamente após o desmame, quando os leitões são mais suscetíveis a doenças intestinais e ao estresse. No entanto, a crescente preocupação com a resistência antimicrobiana e a regulamentação mais rigorosa em alguns países têm incentivado a busca por alternativas aos antibióticos.

Benefícios do Bacillus subtilis DSM 32315

Estudos têm comprovado que a suplementação com Bacillus subtilis DSM 32315 pode melhorar a digestibilidade dos alimentos e a microbiota intestinal, resultando em um melhor desempenho dos leitões. Este probiótico atua modulando a população microbiana do intestino, promovendo um ambiente intestinal saudável e equilibrado.

Experimento Comparativo

Para avaliar a eficácia do Bacillus subtilis DSM 32315 em comparação com antibióticos, foi realizado um experimento com 120 leitões de creche, divididos em três tratamentos: um grupo controle (dieta basal sem aditivos), um grupo com antibióticos (dieta basal + 0,04 quilos por tonelada de virginiamicina) e um grupo com probiótico (dieta basal + 500 gramas por tonelada de Bacillus subtilis DSM 32315). Os leitões foram alimentados com essas dietas por 42 dias, com acesso livre ao alimento e a água.

Os parâmetros avaliados incluíram o desempenho (peso corporal, ganho de peso médio diário, consumo diário de ração e conversão alimentar), taxa de diarreia, morfologia intestinal (altura das vilosidades e profundidade das criptas), metabólitos intestinais (ácidos graxos de cadeia curta) e expressão de genes relacionados à barreira mucosa intestinal e à imunidade.

Resultados

Os resultados do experimento mostraram que os leitões suplementados com Bacillus subtilis DSM 32315 apresentaram desempenho e saúde intestinal comparáveis aos leitões que receberam antibióticos. Especificamente, os leitões do grupo com probiótico tiveram ganhos de peso, conversão alimentar e saúde intestinal similares aos do grupo tratado com antibióticos, demonstrando que o probiótico pode ser uma alternativa viável e eficaz ao uso de antibióticos em dietas de leitões na creche.

Experimento Adicional

Em outro experimento conduzido em uma das principais universidades do Brasil, verificamos que os animais que receberam o Bacillus subtilis DSM 32315 também tiveram desempenho igual ao dos animais que receberam dietas com lincomicina e espectinomicina. Este estudo reforça ainda mais a eficácia do probiótico como uma alternativa aos antibióticos tradicionais, proporcionando benefícios significativos para a saúde e o crescimento dos leitões.

Conclusão

A suplementação com Bacillus subtilis DSM 32315 oferece uma solução promissora para melhorar a saúde intestinal e o desempenho de crescimento dos leitões sem a necessidade de antibióticos. Este probiótico não apenas mantém o desempenho dos animais, mas também contribui para um manejo mais sustentável e responsável da saúde animal. Com a crescente demanda por práticas mais seguras e sustentáveis, o uso de probióticos como o Bacillus subtilis DSM 32315 se destaca como uma estratégia eficaz e inovadora.

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Fonte: Por Henrique Brand, médico-veterinário, mestre em Nutrição de Monogástricos, Nutrição de Suínos e Aves e diretor de Marketing Estratégico para Especialidades da Evonik nas Américas
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Presidente da Frimesa elenca principais obstáculos ao crescimento da suinocultura no Brasil

Enquanto Santa Catarina atinge 90% do mercado comprador de carne suína no mundo, o Paraná tem apenas 55% do market share.

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Presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek: “A granja deve ser monitorada com extrema cautela, porque uma vez que um animal deixa a granja com problemas de saúde, não há como corrigi-los no frigorífico” - Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Com um crescimento populacional crescente, mudanças nos padrões de consumo e instabilidade da economia brasileira, a suinocultura enfrenta uma série de complexidades que demandam resiliência, inovação e adaptação. Desde questões ambientais até preocupações com saúde animal e eficiência produtiva, a indústria suinícola se depara com constantes transformações.

Presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek: “Temos uma responsabilidade muito grande com o consumidor em garantir a qualidade e a segurança dos produtos”

Durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado nos dias 11 e 12 de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, o presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek, abordou os desafios atuais enfrentados pelo setor, envolvendo produção, indústria e mercado da carne suína.

Zydek ressaltou que a suinocultura vive de desafios, mencionando eventos recentes que impactaram de forma significativa o mercado global. “O problema sanitário na China, por exemplo, que levou a uma demanda intensa por proteínas, especialmente carne suína, resultou em um boom na produção brasileira entre 2019 e 2020. No entanto, a recuperação mais rápida do que o esperado pela China, fez com que o país reduzisse suas importações, combinada com os efeitos da pandemia de Covid-19, criou um certo equilíbrio entre oferta e demanda global”, expôs.

Contudo, em 2022 e ao longo de 2023, o executivo menciona que o setor enfrentou desafios econômicos expressivos, com a China aumentando sua produção e o mercado mundial tentando se ajustar. “Os preços elevados dos insumos, principalmente da ração, afetaram a viabilidade econômica da atividade suinícola. Embora a queda nos preços dos grãos tenha trazido algum alívio, os preços de exportação diminuíram em torno de US$ 1 mil a tonelada, sendo a carne suína vendida no mercado interno cerca de 5% mais barato que 2022, e em 2023 chegou a ser vendida 2% mais barato que 2022, refletindo em uma cadeia produtiva pressionada por margens cada vez mais estreitas”, salientou.

Desafios que colocam cadeia em cheque

Na produção, Zydek enfatiza que a questão sanitária continua sendo um desafio persistente, especialmente nos anos de 2023 e 2024, quando se tornou ainda mais crítica. “A qualidade sanitária é medida pelo aumento significativo das condenações nos frigoríficos, que hoje afetam entre 3,5% e 5,5% dos animais, que são descartados ou destinados à graxaria, resultando em prejuízos tanto para a indústria quanto para os produtores. Este cenário destaca o impacto da saúde animal em toda a cadeia produtiva”, evidencia.

O executivo destaca que a proteção rigorosa das propriedades é fundamental para prevenir a entrada de agentes externos que possam comprometer a segurança das granjas. “Apesar da resistência, muitas vezes, dos produtores em adotarem medidas preventivas, a prevenção é de suma importância devido à presença invisível desses agentes patogênicos. Outro fator que se deve ter atenção é com a adequada gestão ambiental das instalações, vital para mitigar e prevenir a propagação de doenças”, enfatizou, acrescentando: “A granja deve ser monitorada com extrema cautela, porque uma vez que um animal deixa a granja com problemas de saúde, não há como corrigi-los no frigorífico devido às regulamentações de segurança alimentar. Temos uma responsabilidade muito grande com o consumidor em garantir a qualidade e a segurança dos produtos”.

Ação conjunta

De acordo com o presidente da Frimesa, as doenças mais prevalentes nos frigoríficos da região Oeste do Paraná incluem o Senecavírus, que ressurgiu com intensidade há três anos e persiste. Zydek ressalta que, por se tratar de um vírus, a solução não pode ser individual; é necessária uma ação coletiva. “Por se tratar de um vírus não adianta apenas uma integradora ou um produtor tratar o problema de forma isolada, é preciso uma ação conjunta de toda uma região para tratar e prevenir o Senecavírus”, salienta.

Fotos: Divulgação/Arquivo Frimesa

Ele revela que a Frimesa assinou um convênio com a Embrapa para diagnosticar as medidas necessárias que a região Oeste do Paraná deve tomar para reduzir a incidência da doença. “Esse trabalho deve ficar pronto até setembro. Através dos resultados alcançados pretendemos trabalhar de forma intensiva com as cooperativas associadas, produtores e demais integradoras para implementar ações sanitárias conjuntas em toda a região”, adianta.

Além do Senecavírus, Zydek menciona que a Salmonella ainda é uma preocupação, apesar da redução na incidência, e que bactérias, principalmente em maternidades e crechários, continuam a afetar as aves até a fase adulta e influenciam a qualidade dos produtos nos frigoríficos. Ele também cita que as doenças respiratórias, como a pneumonia, figuram entre os principais motivos de condenação nos frigoríficos. “O maior patrimônio de uma propriedade não são as infraestruturas robustas ou os investimentos em tecnologia, mas sim a sanidade, por isso é cada vez mais importante adotar medidas de biossegurança nas granjas”, enfatiza.

Desafios da Indústria

Entre os principais desafios enfrentados pela indústria, o presidente da Frimesa elencou condenações de carcaças, peso dos suínos abatidos, qualidade da carne, legislações e implementação de sistemas de autocontrole.

Ele destacou que a Frimesa, em conjunto com as demais cooperativas filiadas, construiu uma indústria frigorífica em Assis Chateaubriand (PR), com capacidade para abater até 15 mil suínos por dia. Atualmente, a unidade processa cinco mil suínos/mês e planeja aumentar para 7,5 mil/mês até o final de 2025, completando assim a primeira fase de suas operações. “A segunda fase é muito difícil de prever, vai depender muito da economia, da inflação, do poder aquisitivo, do mercado interno, da eleição do próximo presidente, entre outras variáveis. Enquanto isso vamos ficar em standby, pelo menos até final de 2026”, informou Zydek.

Obstáculos no mercado mundial

No que diz respeito aos desafios práticos enfrentados pelo setor suinícola, Zydek elenca cinco obstáculos. O primeiro está relacionado à habilitação das plantas frigoríficas para exportação. O executivo ressalta que enquanto Santa Catarina atinge 90% do mercado comprador de carne suína no mundo, o Paraná tem apenas 55% do market share. “Países como Coreia do Sul, Filipinas, Japão, México e Chile compram carne suína do Rio Grande do Sul há 12 anos, enquanto o Paraná ainda não pode exportar para esses destinos devido à burocracia e negociações internacionais não concluídas”, cita.

Mesmo após obter o certificado de área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal há três anos, o Paraná viu poucas mudanças efetivas, com exceção da República Dominicana, que passou a comprar carne suína paranaense neste período. “Aos demais países compradores, o Paraná ainda não tem acesso”, lamentou Zydek.

O segundo desafio é a competição com outras carnes. Conforme o executivo, a carne bovina lidera a preferência do consumidor brasileiro, seguida pela carne de frango e, por último, a carne suína. Zydek destacou que, embora a carne suína seja a mais consumida no mundo, com cerca de 112 milhões de toneladas anuais, no Brasil, a carne de frango é predominante devido ao menor custo. “Se conseguíssemos aumentar em 1kg o consumo de carne suína por brasileiro ao ano, seriam 210 mil toneladas a mais consumidas internamente”, ressaltou, enfatizando a importância da eficiência na produção, sanidade e comercialização da carne suína.

O terceiro ponto é o consumo per capita, que sofre influência direta do quarto ponto, que é o poder aquisitivo do brasileiro. Zydek observou que, desde o ano passado, a economia estagnada impactou o consumo de proteínas. “O consumidor não tem dinheiro suficiente para manter uma dieta proteica alta e começa a selecionar proteínas mais baratas ou vegetais”, explicou.

O quinto aspecto abordado foram as proteínas alternativas. Zydek acredita que esses produtos devem ser tratados como nichos de mercado. Ele mencionou que, após o lançamento pela Frimesa de um hambúrguer vegetal há seis anos, a produção foi descontinuada em 2023 devido ao baixo consumo. “Duvido que se consiga produzir carne suína em laboratório a R$ 10 o quilo”, disse, destacando os desafios de custo e a cultura alimentar dos brasileiros.

Presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek: “A granja deve ser monitorada com extrema cautela, porque uma vez que um animal deixa a granja com problemas de saúde, não há como corrigi-los no frigorífico”

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Fonte: O Presente Rural
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Forte alta do suíno vivo eleva poder de compra frente ao milho pelo 8º mês

Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário decorreu das altas de preços do suíno vivo superiores às verificadas para os principais insumos utilizados na atividade – milho e farelo de soja, comparando-se as médias de agosto e setembro.

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Foto: Ari Dias

O poder de compra de suinocultores paulistas frente ao milho cresceu pelo oitavo mês seguido, conforme apontam levantamentos do Cepea.

Em relação ao farelo de soja, setembro foi o terceiro mês consecutivo de aumento no poder de compra.

Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário decorreu das altas de preços do suíno vivo superiores às verificadas para os principais insumos utilizados na atividade (milho e farelo de soja), comparando-se as médias de agosto e setembro.

Na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o suíno vivo foi negociado ao valor médio de R$ 8,95/kg em setembro, forte aumento de 5,8% em relação ao de agosto.

Inclusive, este foi o quinto mês seguido de valorização, de acordo com levantamento do Cepea.

Fonte: Assessoria Cepea
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