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Avicultura Perda de produtividade

β-mananos: é preciso encarar o problema com maior seriedade

Quando enzimas como fitase e xilanase passaram a ser usadas em caráter universal, abriram caminho para ganhos significativos na saúde e desempenho animal. Agora empresas debruçam esforços para ver o mesmo nível de atenção estendido a outro fator antinutricional: os β-mananos.

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Arquivo/OP Rural

Nas últimas décadas alguns dos aprimoramentos mais importantes na nutrição animal foram originados da melhor compreensão e subsequente abordagem, dos fatores antinutricionais em ingredientes alimentares. Quando enzimas como fitase e xilanase passaram a ser usadas em caráter universal, abriram caminho para ganhos significativos na saúde e desempenho animal.

Agora empresas debruçam esforços para ver o mesmo nível de atenção estendido a outro fator antinutricional: os β-mananos. Várias pesquisas mostram os danos que esses fatores podem causar ao desencadear os mecanismos de defesa do sistema imunológico inato que acabam provocando uma inflamação intestinal1,2. Os β-mananos provocam uma perda de energia metabolizável de até 90 kcal/kg, redução da uniformidade do lote e maior suscetibilidade a infecções.

Durante períodos de maior estresse, por exemplo, uma infecção aguda, os efeitos adversos dos β-mananos aumentam drasticamente, podendo levar a uma perda de produtividade que pode ultrapassar 20%. Quando isso acontece, a influência dos β-mananos sobre a saúde torna-se muito mais intensa, com maior mortalidade e morbidade. Obviamente, o problema é que os β-mananos são polissacarídeos comuns em ingredientes de origem vegetal. Para ajudar a entender como os β-mananos estão disseminados na alimentação de animais, estudiosos conduziram uma pesquisa para atualizar as tabelas de referências usadas para determinar se a aplicação de uma β-mananase para decompor esses PNA seria apropriada. Na entrevista a seguir, o pesquisador Karl Poulsen, consultor nutricional da Elanco, defende que a indústria encare o problema dos β-mananos com maior seriedade.

Que tipos de ingredientes tendem a conter β-mananos? Como eles diferem de outros fatores antinutricionais (FAN) como o inibidor de tripsina?

Karl Poulsen – Os β-mananos são encontrados na maioria dos ingredientes de alimentos à base de vegetais. São fibras de polissacarídeos não amiláceos (PNA) que pertencem à fração de hemicelulose das plantas. O teor de β-mananos solúveis em diferentes ingredientes varia de desprezível a mais de 5%. O teor de β-mananos é relativamente alto em muitas rações proteicas — cerca de 0,6% em farinhas de soja e girassol e até aproximadamente 7% em farinhas de guar e palmiste — portanto, tipicamente têm uma contribuição importante para o teor de β-mananos na dieta.

Os β-mananos são diferentes de outros FAN porque os danos que causam são criados principalmente por medidas de proteção geradas pelo sistema imunológico inato para combater os β-mananos. Em resumo, o sistema imunológico confunde até mesmo níveis muito baixos de β-mananos com patógenos invasores (PAMP, padrão molecular associado a patógeno) e então inicia uma defesa contra um problema que não existe. Essa atividade indireta faz com que os β-mananos sejam diferentes da maioria dos FAN, que têm uma influência direta sobre o desempenho ou a eficiência dos animais. Os inibidores de tripsina, que reduzem a atividade da tripsina, são um bom exemplo de FAN com influência direta. Outra diferença é que os inibidores de tripsina são inativados pelo processamento térmico, enquanto os β-mananos podem suportar os procedimentos térmicos usados na produção moderna de alimentos, como secagem, peletização e extrusão.

Por que pesquisar sobre o teor de β-mananos em diferentes ingredientes alimentares?

Karl Poulsen – Recentemente foi concluída uma pesquisa global sobre o teor de BM em ingredientes alimentares usados como rotina. A pesquisa inclui 236 amostras de ingredientes alimentares comuns de 21 países no mundo todo. Isto faz com que seja a maior pesquisa sobre β-mananos até o momento. Uma motivação importante por trás da pesquisa foi atualizar uma tabela de referência em termos do teor de β-mananos em ingredientes alimentares comuns. Essa tabela é importante porque nossa recomendação para uso de enzima poupadora de energia é baseada no teor estimado de β-mananos dietéticos e os valores estão incluídos em uma calculadora de mananos, que facilita a estimativa do teor de β-mananos na dieta e prediz se a adição de uma β-mananase será economicamente vantajosa.

 

Quais são os achados mais notáveis da pesquisa mundial sobre β-mananos? O que a pesquisa concluiu?

Karl Poulsen – O principal resultado da pesquisa consistiu em novas informações sobre o teor de β-mananos solúveis em 36 ingredientes alimentares comuns. Os resultados não indicaram uma correlação entre os teores de proteína bruta ou fibra bruta e os β-mananos; portanto, o teor de β-mananos não é reduzido em farelo de soja com um teor mais elevado de proteína bruta e não está aumentado em farelo de soja com um teor mais alto de fibra bruta.

Qual é o nível mínimo de β-manano dietético necessário para afetar a saúde animal? Há alguma estimativa em relação a quanto esse problema seria comum em dietas de monogástricos no mundo todo, ou seja, a porcentagem de dietas que incluem β-mananos acima desse nível?

Karl Poulsen – Em condições de produção comercial, nossos estudos e experiência indicam que podemos esperar uma perda de 3% na eficiência de produção quando o teor de β-mananos solúveis ultrapassa 0,2-0,25% e a ração também contém pelo menos 12% de farelo de soja ou de girassol. Virtualmente todas as dietas para produção de frangos ou perus ultrapassam esses critérios para o teor de β-mananos, portanto, esse é um problema muito comum. Os efeitos adversos dos β-mananos são influenciados por dois fatores: o teor de β-mananos na dieta é importante, mas o nível de permeabilidade intestinal ou inflamação, provavelmente são muito mais importante. Acredita-se que o a permeabilidade intestinal seja mais importante porque os β-mananos parecem ser inofensivos na ausência de permeabilidade intestinal ou inflamação. Quase sempre existem muitos desafios nas condições de produção comercial, por isso algum nível de inflamação e permeabilidade intestinal sempre está presente. Estudos in vitro indicaram que teores de β-mananos de apenas 0,05% podem causar uma resposta inata potente.

É razoável esperar que as empresas testem regularmente os níveis de β-mananos em suas rações? Quando e com que regularidade isso deve ser feito? Que outras ações são recomendadas para controlar o potencial de efeitos negativos causados pelos β-mananos?

Karl Poulsen – O procedimento de ensaio usado para quantificar os β-mananos em ingredientes alimentares é bastante demorado e também muito caro. Sendo assim, mesmo que o custo não constituísse uma preocupação, eu não recomendaria que as empresas de alimentos realizassem suas próprias análises, principalmente porque os lotes dos quais as amostras forem colhidas, na maioria das vezes serão consumidos antes que os resultados estejam disponíveis.

Portanto, o melhor conselho é continuar a usar a tabela de referência para estimar o teor de β-mananos dietéticos e determinar se uma β-mananase deve ser adicionada. Essa atividade deve constituir a prática padrão. A única outra ação que as empresas podem fazer para controlar os efeitos negativos dos β-mananos é adicionar β-mananase como rotina a todas as rações com um teor de β-manano relevante.

O senhor acredita que o setor de modo geral compreende bem como os β-mananos podem ser problemáticos? Como o interesse nessa questão vem evoluindo?

Karl Poulsen – A compreensão da influência dos β-mananos sobre a produção animal continua a melhorar, mas cada pesquisa que realizamos para monitorar a conscientização sobre β-mananos continua a identificar essa questão como um obstáculo fundamental. Portanto, parte de nosso trabalho consiste em educar sobre o impacto dos β-mananos sobre a imunidade e o desempenho animal. Fitase e xilanase estavam no mercado havia muitos anos antes que seu uso se tornasse padrão e é realista esperar um desenvolvimento semelhante em relação ao uso e à aceitação da β-mananase.

Desse modo, esperamos continuar a investir em pesquisas para ampliar a compreensão da influência dos β-mananos sobre o sistema imunológico e a produção animal. Os primeiros nutricionistas com experiência sólida no uso de β-mananase não hesitam em recomendar a produtores avícolas que considerem o uso de β-mananase como ingrediente alimentar padrão, do mesmo modo que as enzimas fitase e carboidrases são usadas.

Fonte: OP Rural

Avicultura

Congresso APA debate avanços e desafios na avicultura de postura

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção.

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Considerado um dos maiores eventos avícolas do Brasil, o Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos foi mais uma vez sucesso absoluto de público. Realizado pela Associação Paulista de Avicultura (APA), a 21ª edição reuniu produtores, fornecedores, academia, profissionais da área e grandes nomes do setor no mês de março, em Ribeirão Preto (SP).

Coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura: “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção. Além disso, 75 trabalhos científicos foram expostos em pôsteres, enriquecendo ainda mais o ambiente acadêmico e profissional do evento.

O coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura, destaca a evolução do evento. “A cada ano o congresso tem crescido em tamanho, o que muito nos orgulha. Superamos todas as nossas expectativas”, enfatizou. “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”, frisou.

Debates

Na edição 2024 temas essenciais do cotidiano do setor foram abordados, incluindo sanidade, inovação, evolução genética, exigências nutricionais, qualidade da água na granja, práticas de manejo, uso de minerais e aditivos alternativos, qualidade de casca, análise de dados, vacinação contra coccidiose, nutrição de precisão, vacina autógena, Influenza aviária, entre outros. “O fato de estarmos em um evento que não tem um espaço de feira de negócios em paralelo contribui muito para a interação dos participantes, que aproveitam os momentos de intervalo para tirar dúvidas, compartilhar opiniões, adquirir novas ideias, até por estarmos ainda no início do ano muitos dos assuntos discutidos no congresso podem ser bem utilizados ao longo de 2024”, salientou o zootecnista Diogo Ito, membro da Comissão Organizadora.

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques: “Esse congresso oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano”

Riqueza de informações

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques compartilha suas impressões sobre o congresso e destaca os aspectos que mais a impressionaram: “Esta foi a primeira vez que participei deste congresso e foi uma experiência enriquecedora. Ele oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano, especialmente dada a especificidade da nossa área. Foi uma experiência repleta de aprendizados, oportunidades de networking e compartilhamento de conhecimento”, frisou.

Trabalhos premiados

Durante o evento, os melhores trabalhos científicos em cada categoria foram premiados. O estudante Felipe Dilelis, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, recebeu o prêmio na categoria Outras Áreas pelo trabalho intitulado “Biofilmes proteicos para manutenção da qualidade interna de ovos caipiras armazenados em temperatura ambiente”. Na categoria Sanidade, o prêmio foi para Viviane Amorim Ferreira, da Unesp Jaboticabal, pelo trabalho “Deleção do gene mgtC em Salmonella Gallinarum resulta em progressão retardada do Tifo Aviário”. Raully Lucas Silva, da Unesp de Jaboticabal, levou o 1º lugar na categoria Nutrição com o trabalho “Modelos não-lineares de efeito misto para predição das exigências de energia metabolizável e líquida em galinhas poedeiras na fase de postura”. Na categoria Manejo, o principal prêmio foi conquistado por Ednardo Rodrigues Freitas, da Universidade Federal do Ceará, com o trabalho “Programa de luz e forma física da ração pré-inicial sobre o desempenho de pintainhas até 35 dias de idade”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Desafios na integridade estrutural de frangos de corte e intervenções nutricionais

Investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento são essenciais para identificar e implementar estratégias sustentáveis que promovam a saúde e o bem-estar das aves, ao mesmo tempo em que garantam a produção eficiente e de alta qualidade na indústria avícola.

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Fotos: Shutterstock

Nas últimas décadas a indústria avícola tem feito avanços significativos, especialmente no que diz respeito às melhorias genéticas e ao manejo, resultando na produção de frangos de corte altamente eficiente e de crescimento rápido. O manejo e a nutrição foram meticulosamente ajustados para suprir as necessidades genéticas e produzir aves maiores em um período de tempo reduzido.

No entanto, os frangos modernos tendem a priorizar a deposição muscular em detrimento do desenvolvimento do esqueleto e dos tecidos moles, o que pode resultar em desafios à integridade estrutural. Este artigo resume os desafios emergentes da integridade estrutural enfrentados pela indústria de frangos de corte, propondo intervenções nutricionais que podem mitigar esses problemas, incluindo pododermatite, questões relacionadas à qualidade da carcaça e incidência de claudicação.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Qualidade da carne 

O peito amadeirado (WB) é uma miopatia degenerativa observada em frangos de corte, resultando na degradação da qualidade dos filés de peito e rechaço/repúdio do consumidor. Os filés afetados exibem maior resistência antes e depois do cozimento, além de menor capacidade de retenção e absorção de água.

Apesar do significativo número de estudos conduzidos, a etiologia precisa ainda permanece obscura, indicando que a condição está associada a aves com taxas de crescimento mais aceleradas ou com filés de maior peso.

Uma das hipóteses sobre a etiologia da WB e de miopatias semelhantes é que frangos de corte com uma taxa de crescimento muscular hipertrófico demanda mais metabolicamente, o que pode resultar em maior risco de acúmulo de resíduos metabólicos, desencadeando assim um aumento do estresse oxidativo.

Os radicais livres acumulados são altamente reativos e podem danificar o DNA, RNA, proteínas e lipídios presentes nas células musculares, desencadeando inflamação e distúrbios metabólicos, que eventualmente levam à degeneração das fibras musculares. Quando os danos causados pelo aumento do estresse oxidativo excedem a capacidade regenerativa das células musculares, resulta em um acúmulo de tecido fibroso e gordura, contribuindo para miopatias como o WB.

Pododermatite

A pododermatite é uma inflamação da pele que resulta em lesões necróticas na superfície plantar das patas em aves. Foi observado que a umidade na cama é o principal fator que predispõe o desenvolvimento de pododermatite em aves. Sabe-se que minerais como Zn, Cu e Mn, desempenham um papel fundamental na manutenção da integridade estrutural de vários tecidos, incluindo a pele. Além disso, nutracêuticos como probióticos, prebióticos ou enzimas melhoram a integridade intestinal e promovem melhora na consistência fecal, consquentemente na qualidade da cama, podendo reduzir as lesões nas patas.

Diversas pesquisas foram conduzidas para investigar o papel dos minerais orgânicos na prevenção de lesões nas patas. Em um estudo conduzido em 2017 foi constatado que a suplementação de uma combinação dos oligoelementos Zn, Cu e Mn, na forma de quelato metal metionina hidroxi (MMHAC), não apenas melhorou o desempenho, mas também reduziu as lesões nas patas, aprimorando o processo de cicatrização de feridas.

Estratégias de intervenção

Diversas estratégias de intervenção estão sendo consideradas para diminuir a incidência de WB na indústria avícola, incluindo restrição alimentar, redução da densidade de nutrientes e diminuição de lisina durante a fase de crescimento. Essas estratégias têm o intuito de diminuir ou desacelerar a taxa de crescimento, no entanto, se não forem aplicadas adequadamente, essas abordagens apresentam o risco de comprometer o desempenho.

Por outro lado, estratégias baseadas em antioxidantes, como a inclusão de arginina, vitamina C, selênio e minerais na dieta, têm sido avaliadas para reduzir miopatias. O uso de antioxidantes reduz o estresse oxidativo em tecidos animais. Com o intuito de reduzir as miopatias, pesquisadores avaliaram o efeito de várias intervenções dietéticas (antioxidante dietético, mineral orgânico Zn-Cu-Mn- MMHAC e selênio) na incidência de WB quando as aves foram expostas ao estresse oxidativo.

Em resumo, sob diferentes condições de estresse oxidativo, programas de intervenção dietética podem aprimorar o desempenho e promover a integridade da carcaça, reduzindo problemas como o WB. Este efeito é provavelmente alcançado ao melhorar simultaneamente o status antioxidante, tanto exógeno quanto endógeno, reduzindo o estresse oxidativo e aprimorando o processo de cicatrização dos tecidos da ave.

Incidência de claudicação

A incidência de claudicação vem aumentando nas últimas décadas e está correlacionado com o rápido crescimento e peso corporal. Os machos mostram maior suscetibilidade à claudicação em comparação com as fêmeas. Ainda não está claro se a claudicação é um efeito direto do rápido aumento da taxa de crescimento e do peso corporal ou se é um efeito indireto do desenvolvimento inadequado dos ossos e tendões, ou mesmo da falha da barreira intestinal, provável é que seja uma junção dos fatores citados.

As aves com claudicação enfrentam dificuldades para acessar ração e água, o que pode levá-las à desidratação e, eventualmente, à morte. As significativas perdas econômicas atribuídas à claudicação são resultados do aumento da taxa de mortalidade e das condenações durante o processamento no frigorífico. A necrose da cabeça femoral (NCF) é uma

condição metabólica mais prevalente em frangos de corte com crescimento acelerado, sendo reconhecida como a principal causa de claudicação.

Há evidências que mostram que as bactérias associadas ao NCF se originaram no intestino Enterococcus (E.) spp. Estudos demonstraram que a fonte de infecção por Enterococcus (E.) spp pode ser tanto de transmissão vertical quanto horizontal. A ventilação inadequada no aviário cria um ambiente propício, o que leva a rápida proliferação de bactérias afetando o intestino. Além disso, o estresse oxidativo ou doenças entéricas anteriores podem comprometer a integridade mucosa intestinal.

A falha na barreira intestinal pode facilitar a invasão de bactérias patogênicas, levando à translocação dessas bactérias para os ossos. Os ácidos orgânicos e óleos essenciais podem interferir no desenvolvimento da NCF, atenuando ou reduzindo a população de bactérias patogênicas, melhorando a função da barreira intestinal e reduzindo a translocação de bactérias através da parede intestinal. Os minerais desempenham um papel crucial no desenvolvimento ósseo e na saúde das articulações.

Descobertas recentes indicam que o Zn-Cu-Mn-MMHAC são fontes orgânicas eficazes para atender às necessidades de frangos de corte, melhorarando a saúde estrutural dos ossos, tendões, patas e intestino, e reduzindo a incidência de claudicação em aves.

Conclusão

Em resumo, enfrentar os desafios emergentes na integridade estrutural de frangos de corte requer uma abordagem multifacetada que combina práticas de manejo adequadas, intervenções nutricionais eficazes e uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes aos problemas observados. Investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento são essenciais para identificar e implementar estratégias sustentáveis que promovam a saúde e o bem-estar das aves, ao mesmo tempo em que garantam a produção eficiente e de alta qualidade na indústria avícola.

As referências bibliográficas estão com as autoras via e-mail manara.grigoletti@novusint.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Mercedes Vázquez-Añón, zootecnista, doutora em Ciência Animal e diretora de Iniciativas Estratégicas e Colaboração de Contas na Novus; e Kelen Zavarize, zootecnista, doutora em Nutrição e gerente de Serviços Técnicos na Novus.
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Avicultura Artigo

A importância das monitorias sanitárias no incubatório de aves

A qualidade dos pintos com um dia de vida é determinada pela interação de múltiplos fatores inerentes ao incubatório

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Divulgação Zoetis

Artigo escrito por: Beatriz Silva Santos, médica veterinária, assistente técnica da Zoetis na divisão de Aves para as regiões Sudeste e Centro-oeste*

A avicultura brasileira se destaca pelo uso de tecnologia avançada, controle de qualidade e constante monitoramento microbiológico nas diversas etapas da produção. Entre essas etapas, os incubatórios de aves têm o papel fundamental de conectar diferentes origens de ovos embrionados e o destino das aves recém-nascidas em um mesmo ambiente.

A qualidade dos pintos com um dia de vida é determinada pela interação de múltiplos fatores inerentes ao incubatório, que podem gerar condições ideais para a disseminação de patógenos, com consequentes perdas embrionárias e de pintinhos, má qualidade das aves e enfermidades que levarão a grandes prejuízos.

As bactérias, de modo geral, podem penetrar no ovo pelos poros em menos de 30 minutos após a postura. Esta penetração é facilitada, nos primeiros minutos após a postura, pela umidade e temperatura natural do ovo. Durante a incubação, a umidade e a temperatura também favorecem o rápido aumento da população microbiana.

As fontes de contaminação em uma planta de incubação, além de ovos contaminados e penugem dos pintinhos, podem estar associadas a vários fatores como a qualidade do ar e da água, o fluxo de pessoas (funcionários e visitantes) e de veículos, a presença de pragas (roedores e insetos), pássaros, a remoção e tratamento de resíduos (biológicos, químicos e físicos) e a higienização de ambientes e equipamentos.

Os incubatórios de aves e os nascedouros também são uma área de alto risco, pois fornecem temperatura e umidade ideais para muitos microrganismos sobreviverem e se reproduzirem.

Os patógenos mais prejudiciais aos pintos de um dia que podem causar mortalidade embrionária, mortalidade ao nascer, aumento de refugos e mortalidade nas primeiras semanas de idade são: Escherichia coli, que serve como parâmetro quantitativo da contaminação bacteriana em um incubatório; Salmonella e Pseudomonas e fungos da espécie Aspergillus.

Pesquisas realizadas demostraram que 70% dos casos de onfalite e morte embrionária são causadas por Escherichia coli e quando estes embriões não morrem, os pintinhos apresentam má reabsorção do saco vitelino, não ganham peso e apresentam baixo desempenho.

O Aspergillus fumigatus é o fungo de maior importância que pode crescer em um ambiente de incubatório de aves. Existe uma associação entre a presença de grande número de colônias de Aspergillus fumigatus com o desenvolvimento de aspergilose clínica nos primeiros dias de vida do pintinho. No entanto, grande quantidade destes indica que há necessidade de uma melhor higienização dos ovos na granja ou no incubatório.

Programa sanitário

Um programa sanitário deve ser elaborado para minimizar os riscos relacionados as fontes de contaminação que prejudicam a qualidade dos produtos da “granja ao prato”, desde os ovos férteis até a carne servida a mesa do consumidor, pois afetam a saúde das aves e/ou a saúde pública, com ênfase especial aos microrganismos causadores de ETA (Enfermidades transmitidas por alimentos), como Salmonella spp, Escherichia coli, Campylobacter jejuni, Staphylococcus aureus e Clostridium sp.

O programa deve ser rotineiramente realizado e os resultados regularmente conferidos e interpretados usando processos-padrão contínuos de validação e monitoramento da população microbiológica.

Para que as aves possam expressar seu potencial genético e produtivo elas devem estar dentro de padrões de genética, nutrição, manejo, ambiente e microbiológico desde o primeiro dia de vida. A avaliação microbiológica qualitativa e quantitativa funciona como um termômetro dos processos relacionados as reprodutoras e as medidas de biosseguridade dos incubatórios a fim de conferir se o programa sanitário adotado está sendo eficaz no controle destes microrganismos.

Entre os principais itens a ser monitorados nos incubatórios estão: qualidade dos ovos, limpeza do ambiente e equipamentos utilizados nos processos (carrinhos, bandejas de ovos, caixas de pintos, triturador), limpeza e fluxo de caminhões de transporte de ovos e pintos, qualidade da água, contaminação de ovos bicados, mecônio, pintos de 1 dia, vacinas de aves, mãos dos sexadores, troca de filtros, entre outros, de acordo com a especificidade das plantas, sempre buscando cumprir as exigências sanitárias do Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) e legislações do mercado brasileiro e internacional.

Outras análises utilizadas são: pesquisa de Salmonella spp. em swabs de superfícies; pesquisa de salmonellas e/ou outras bactérias em penugens, ovos bicados, mecônio e pintos de 1 dia; análise microbiológica de solução vacinal; análise bacteriológica e físico-química da água de abastecimento e água destilada; monitoramento e diagnóstico de enfermidades através de exames sorológicos, histopatológicos, biologia molecular; entre outras análises extras.

Ao analisar os resultados é possível agir na causa do problema, em casos de amostras fora dos padrões de qualidade estabelecidos. Pode ser necessário revisar o manejo dos ovos na granja, melhorar o processo de desinfecção deles e/ou do incubatório, verificar os procedimentos de sanitização de ambientes e equipamentos, avaliar a limpeza do sistema de climatização de aviários, controlar a qualidade da água e conferir a desinfecção em incubadoras e nascedouros, conforme o mapeamento das falhas encontradas.

Tão importantes quanto as análises microbiológicas, treinamentos regulares dos funcionários, a avaliação da qualidade dos ovos (AQO), embriodiagnóstico realizado por pessoas especializadas e checklists frequentes dos procedimentos de boas práticas de produção são monitorias sanitárias que garantem o sucesso do programa de biosseguridade, e consequentemente, a qualidade do produto final do incubatório de aves, os pintinhos de um dia.

Fonte: Assessoria
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