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“O bom manejo é o melhor substituto aos antibióticos”

Para profissional não há substâncias capazes de substituir com plenitude os antibióticos, e redução deve partir do princípio básico de produção que hoje não são respeitados

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“A verdade é que hoje a indústria, principalmente de suínos, é dependente dessa tecnologia. Com o modo de produção atual, é difícil pensar em alguma alternativa aos antibióticos”, revela o médico veterinário e consultor do jornal O Presente Rural, Pedro Henrique Tomasi. O profissional alerta para a redução drástica do uso dessas substâncias no mercado de proteína animal, mas espera que esse novo conceito de reduzir o uso de antibióticos chegue também na medicina humana. Para Tomasi, não há substâncias capazes de substituir com plenitude os antibióticos e que a redução deve partir do princípio básico de produção que hoje não são respeitados. “O bom manejo, no sentido mais amplo do termo, é o melhor substituto aos antibióticos”, assegura o especialista.

O Presente Rural (OP Rural) – A indústria química está preparada para produzir novos aditivos se não os antimicrobianos e oferecer ao produtor opções que os substituam?

Pedro Henrique Tomasi (PHT) – Na minha opinião, um dos grandes erros é esperar que seja lançado no mercado um produto “milagroso”, que tenha a mesma ação dos antibióticos. A indústria química é muito eficiente em pesquisar e lançar novos produtos e conceitos no mercado, mas os técnicos devem estar atentos e entender o mecanismo de ação destes “novos” produtos para fazer os questionamentos corretos, tais como quantos estudos foram realizados, se a dosagem recomendada está correta, etc.

Temos vários bons produtos alternativos no mercado, mas nenhum deles é 100% eficaz se não mudarmos nosso sistema de produção. Essa é a raiz do problema. Temos que voltar a respeitar alguns pontos básicos na produção. Observamos cenários tais como mistura de lotes, pouco vazio sanitário nas instalações, aumento da densidade de alojamento, entre outros, que nos levam a uma situação em que o uso de antibióticos passa a ser indispensável.

OP Rural – Quais os melhores substitutos aos antibióticos?

PHT – A primeira ferramenta a ser utilizada é o bom manejo. Isso todos os técnicos têm conhecimento, mas muitas vezes, sem generalizar, não há habilidade de passar esse conceito para os outros departamentos das empresas. É natural que quem cuida da parte financeira da empresa vai querer produzir mais animais, no mesmo espaço, no menor tempo possível, pois isso faz sentido do ponto de vista econômico. O que precisamos fazer é mostrar, com argumentos técnicos e principalmente econômicos que o vazio sanitário é importante, por exemplo. Então, eu diria que o bom manejo, no sentido mais amplo do termo, é o melhor substituto aos antibióticos!

O mercado hoje trabalha com uma ampla gama de conceitos. Alguns se mostram eficazes em uma empresa, mas não apresentam o mesmo resultado em outra. Volto a frisar que dificilmente teremos um produto que substitua totalmente os antibióticos, pois “se funcionar como um antibiótico, provavelmente um antibiótico será”. Isso, para nós, técnicos, é muito bom, pois reforça a nossa importância dentro dos sistemas de produção. Temos que estudar cada um dos conceitos, como probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos, extratos herbais, etc., e entender onde cada conceito e produto pode ser melhor utilizado.

OP Rural – No fim de 2016 o Brasil proibiu o uso da colistina como promotor de crescimento. Para que serve a colistina, quais foram os motivos para essa restrição e qual a alternativa que hoje o produtor tem?

PHT – A colistina é um antibiótico que age em bactérias Gram Negativas. Ele é utilizado em suinocultura para controlar principalmente a E. coli, que é uma bactéria que pertence a esse grupo. Essa droga não é absorvida pelo trato digestório, tendo apenas ação local, na luz do intestino. Ela foi deixada de ser utilizada em humanos durante décadas, porém, com o surgimento das superbactérias em ambientes hospitalares, a medicina humana “resgatou” essa molécula para ser utilizada, principalmente, em UTI’s – por não ser absorvida, ela precisa ser utilizada por via endovenosa.

Pessoalmente não acredito que o uso de uma molécula em animais de produção possa gerar a resistência em bactérias em humanos, isso ainda não foi provado pela ciência. Porém, a ciência também não provou que não existe essa transferência de resistência de animais para humanos e, por esse motivo, seu uso em animais foi proibido.

OP Rural – Há outras moléculas que podem ter seu uso proibido nos próximos meses. A restrição ao uso de antimicrobianos é uma tendência ou uma realidade sem volta e qual a relação com a resistência antimicrobiana?

PHT – Esse é um caminho que teremos que trilhar. Quem sabe, assim como em outras situações, teremos o uso dos antibióticos mais aceito num futuro que ainda vai demorar para chegar – em se tratando de ciência e de percepção do consumidor, nunca podemos falar que algo é para sempre. Mas, nesse momento, creio que teremos que passar por uma redução drástica no uso dessas drogas.

Com relação a resistência em humanos, reitero que não existe nenhuma conclusão de que o uso de antibióticos em animais leva a resistência em humanos. Nesse caso, utiliza-se o princípio da precaução. Mas, da mesma forma que nós, da Medicina Veterinária, temos que rever nossos conceitos, seria muito interessante que a medicina humana também o fizesse. Basta ter um pouco de contato com o meio para perceber que médicos que tratam de seres humanos também fazem uso muito indiscriminado de antibióticos e também não respeitam alguns princípios básicos de biossegurança. Todos nós da área de produção sabemos que temos muito mais cuidado para entrar numa granja de matrizes se comparados aos cuidados com acesso a um centro cirúrgico, por exemplo.

OP Rural – Com um sistema intensivo de produção, a indústria acaba criando vícios de manejo, que causam prejuízo no ambiente do sistema produtivo. Cite alguns e o que isso tem relação com o uso de antibióticos?

PHT – Aqui temos um longo caminho a percorrer. O vazio sanitário de instalações via de regra é mais curto que o necessário. Isso pode ser conferido em granjas de crescimento e terminação, onde o intervalo entre lotes é curto, e até mesmo em instalações de produção de leitos, onde o vazio das creches e das salas de maternidade são insuficientes.

Após a saída dos animais, o ambiente precisa ser limpo, mas limpo de verdade. A remoção física dos dejetos, seguida da lavagem das instalações com água – de preferência quente – e sabão é fundamental, para depois ser utilizado um agente desinfetante. De nada adianta gastar um caminhão de dinheiro comprando desinfetantes se estes são utilizados em ambientes que não estão limpos.

OP Rural – Em quais as fases da suinocultura esses vícios são mais prejudiciais?

PHT – Difícil responder a essa pergunta. Perder um animal ou o desempenho deste numa idade próxima ao abate tem um custo elevado. Da mesma forma que comprometer o desempenho numa fase inicial também. Ou seja, não podemos ser negligentes em nenhuma das fases.

OP Rural – Quais os impactos zootécnicos, sanitários e comerciais que vícios de manejo podem causar?

PHT – Essa é a grande dificuldade. Nós, técnicos, somos muito bons em realizar trabalhos técnicos, mas pecamos em transformar esse trabalho em números, e isso é o que importa no final do dia. Cada um de nós, dentro de sua empresa, deveria investir uma boa parte do seu tempo trabalhando com os dados gerados para poder usar isso a favor da boa produção animal.

OP Rural – O que produtores, técnicos e agroindústria precisam fazer para manter um manejo de qualidade?

PHT – Seguir o básico. Não podemos nos conformar se, num primeiro momento, não conseguimos aplicar nosso conhecimento técnico. É importante ter ciência de que se está fazendo um manejo não da maneira ideal, seja qual for a razão para isso, para se estudar e trabalhar uma forma de alterar essa situação. A mudança sempre deve começar por nós mesmos.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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