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Suínos / Peixes

“Não tem como reduzir uso de antibióticos sem reduzir a pressão de infecção”

Oldoni disse que a cadeia suinícola “vai patinar no começo”, mas acredita em manejo e sanidade para vencer os principais que cercam a mudança do atual sistema de produção

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“Não tem como reduzir uso de antibióticos sem reduzir a pressão de infecção”, aposta o médico veterinário Ph.D. em Doenças Infecciosas e gerente Corporativo em Saúde Animal para Suínos e Aves da BRF, Ivomar Oldoni. Ele foi um dos palestrantes no Encontro da Associação Brasileira de Médicos Veterinários Especialistas em Suínos (Abraves) Paraná, que aconteceu nos dias 15 e 16 de março, em Toledo, PR. Falando com a experiência na avicultura, Oldoni disse que a cadeia suinícola “vai patinar no começo”, mas acredita em manejo e sanidade para vencer os principais que cercam a mudança do atual sistema de produção para o livre de antimicrobianos promotores de crescimento.

De acordo com Oldoni, a avicultura teve que começar mais cedo do que a suinocultura a retirar antibióticos melhoradores de desempenho porque exporta para muitos países que já restringem, mas a suinocultura segue a mesma lógica, seja por restrições de países ou pela opinião pública. “A avicultura entrou antes nesse processo de retirada porque o Brasil exporta para quase 200 países, tendo que seguir legislações locais e de países de destino. A suinocultura vai expandir em exportação, obviamente, e também deve promover a retirada, se não por ciência, por demanda de clientes com resistência ao uso”, avalia. Além disso, cita que “o gene plasmidial MCR-1, responsável por resistência à Colistina, encontrado em E. Coli isoladas em suínos na China e em diversos outros países, trouxe medo na comunidade científica e o recomendado é o banimento”.

No início dos primeiros projetos com aves, entretanto, Oldoni lembra que a atividade sofreu com a mudança, teve índices de desempenho menores e mortalidade maior. “Desde os anos 90 o Brasil estuda tecnologias alternativas ao uso de AGP na produção de frangos. Quando iniciou a produção de frangos sem promotor, de 2002 a 2007, foi possível observarmos diferenças nos resultados zootécnicos. A mortalidade chegou a 3% (hoje é 2%, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal), houve desuniformidade no tamanho das aves e entre lotes, houve redução do ganho de peso, aumento da conversão alimentar e aumento de idade de abate”, cita. “Além disso, notamos que aumentou uso de antibiótico como terapêutico”, salienta.

Para sorte do setor, lembra, naquele momento o mercado estava com preços favoráveis, mas o começo para a suinocultura pode ser mais dificultoso. “Naquele momento (2007/07) o mercado pagava mais por isso, mas normalmente quando você retira, vai sair patinando. No entanto, tem que se adequar”, reforça.

A produção livre de antibióticos promotores de crescimento, ou AGP free, tem seus motivos, de acordo com o especialista. Primeiro, na opinião de Oldoni, antimicrobianos escondem produtores que usam manejos adequados e outros que não. “O antimicrobiano equipara todos os produtores, aqueles que produzem bem e aqueles que produzem mal”, justifica. Por outro lado, emenda, “a ciência não vislumbra o surgimento de novas moléculas nos próximos anos, há ocorrências de bactérias multirresistentes, ou superbactérias, que promovem dificuldade em debelar quadros infecciosos”.

Sem Pressão

Boas práticas de manejo são a chave para o sucesso da produção AGP free, orienta o especialista. Para ele, um ambiente adequado e rígidas regras de controle podem diminuir a pressão de infecção nas granjas, reduzindo a necessidade do uso de antimicrobianos. “Precisamos um ambiente adequado, para não ter agentes infecciosos e livrar o hospedeiro. A avicultura brasileira não tem Influenza Aviária, mas tem Salmonella, por isso o sistema de biosseguridade é rigoroso. Temos que conviver com a alta densidade na produção. Isso resolvemos com isolamento, mas é difícil. É preciso precisa restringir o acesso, obrigatoriamente ter telas – que funciona mais para questão viral do que bacteriana, mas funciona -, ter barreiras vegetais, se possível permanentes. Tem que respeitar o tempo entre lotes suficiente para limpar e desinfetar as instalações e assim diminuir a carga contaminante”, enfatiza.

Ainda conforme o estudioso, a pressão diminui com ambiência equilibrada nos galpões. “O bem estar animal e controle de ambiente, mantendo as temperaturas requeridas para cada fase e boa qualidade do ar ajudam a reduzir a pressão de infecção”, justifica. O profissional chama a atenção também para a necessidade de o produtor executar “bons programas nutricionais” para melhorar a sanidade suinícola.

Diminuir a pressão de infecção passa também por um bom programa de vacinação, que deve dar atenção especial às matrizes, aponta o pesquisador. “Para a produção de aves, foi um divisor de águas quando começamos a usar 100% de vacinas vivas. A partir de vacinas em incubatório, acabou Gumboro e até Coccidiose em campo”, lembra. A matriz suína, por carrear a maior parte da carga bacteriana para os leitões, merece atenção redobrada no programa vacinal.

Resistência

Na atividade proposta pela BRF, em 2010 eram 2.367 lotes medicados via água de bebida com promotores de crescimento. Em 2016, foram apenas seis lotes. “É possível fazer”, avalia. Oldoni comenta, no entanto, que a suinocultura brasileira ainda apresenta certa resistência para adotar novos comportamentos, seja no banimento de antimicrobianos como promotores de crescimento ou na mudança do manejo feito do dia a dia que precisa ser feito. “Sinto que a cadeia tem um desconforto ao falar sobre isso. Sabemos que deixa a agroindústria em uma situação difícil frente ao mercado, à opinião pública e à ciência, mas é um caminho que não tem volta”, avalia.

O sucesso de um programa AGP free, aponta Oldoni, depende ainda de três pilares: treinamento de equipe técnica, capacitação dos produtores e monitorias – com as aves é mais fácil, por meio de sacrifícios.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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