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Peixes

​IFC Brasil 2024 será o primeiro evento Net Zero do setor de pescado no país

Com foco em sustentabilidade desde a primeira edição, o IFC Brasil vai além e chega a carbono neutro na sexta edição, realizada de 24 a 26 de setembro, em Foz do Iguaçu, no Paraná.

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Presidente do IFC Brasil, Altemir Gregolin: "Seguimos a linha da sustentabilidade como fio condutor do evento desde a primeira edição" - Fotos: Divulgação/Arquivo IFC

Em sua sexta edição, o IFC Brasil inova com Net Zero. O maior encontro do setor, que será realizado de 24 a 26 de setembro, em Foz do Iguaçu, no Paraná, vai zerar as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera e promover ações de compensação pelo impacto ambiental criado para a realização do evento, anuncia a CEO do International Fish Congress Brasil, Eliana Panty. Desta maneira, todo o material recolhido será destinado à reciclagem, compostagem ou coleta seletiva. As ações de sustentabilidade terão ainda a gestão de resíduos sólidos por cooperativas, reintegração social e iniciativas educativas voltadas para o público.

O IFC Brasil promove ações de sustentabilidade desde a sua primeira edição. Neste ano, porém, o ventofoi além. A proposta é tornar-se o primeiro evento neutro em emissões de carbono de todo o setor. Para Panty, esta iniciativa faz parte do propósito de produção de proteína com menor pegada de carbono. “Seguimos a linha da sustentabilidade como fio condutor do evento desde a primeira edição. Neste processo, fomos banindo plásticos, depois papel, sempre buscando ferramentas e tecnologias para descartar cada vez menos material”, disse a executiva.

Presidente do IFC Brasil, Altemir Gregolin: “O evento já era certificado quanto aos resíduos sólidos”

O presidente do evento, Altemir Gregolin, explica que, nas últimas três edições, todos os materiais e resíduos gerados no evento foram destinados a entidades que realizam a reciclagem. “O evento já era certificado quanto aos resíduos sólidos. Já usamos processos de tratamento biológico em toda a água utilizada no IFC Brasil para devolvê-la limpa à natureza, na mesma qualidade que chegou. Agora, chegamos em um novo patamar de sustentabilidade e comemoramos carbono neutro”, disse.

Para isso, a organização contratou uma empresa de consultoria, a Net Zero. Todo impacto gerado pelo encontro será calculado para que se chegue no valor de carbono equivalente (CO2e) do IFC Brasil 2024. “As emissões calculadas terão como base o consumo de energia de todo o evento, incluindo as emissões geradas pelo público, como veículos no estacionamento, consumo de água e geração de dejetos da infraestrutura da feira, tanto resíduos sólidos, quanto os recicláveis gerados conforme o volume, além do consumo de combustível fóssil de geradores”, pontuou.

O IFC Brasil 2024 será certificado pela GPX, empresa que vai neutralizar todo o carbono gerado pelo evento pelo consumo de energia dos três dias. “Eles vão calcular as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) geradas e emitir o certificado”, disse Panty, lembrando que o evento também vai fazer a divulgação de mensagens de educação ambiental e uso racional dos recursos hídricos. Para ter acesso ao IFC Brasil, os interessados devem se inscrever no site do evento (www.ifcbrasil.com.br).

Fonte: Assessoria IFC Brasil

Peixes Em sua 2ª edição

IFC Amazônia vai ampliar discussões sobre soluções e tecnologias para o desenvolvimento sustentável na região

Com mais de 40 horas de palestras, workshops e debates e público estimado em mais de cinco mil participantes, o congresso internacional traz especialistas da área de pesquisa, do setor produtivo e de instituições públicas e financeiras para apoiar o desenvolvimento da pesca e aquicultura na Amazônia.

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Fotos: Divulgação/IFC

O IFC Amazônia vai realizar a sua segunda edição entre os dias 12 e 14 de novembro, em Belém, no Pará. É a segunda vez que a cidade amazônica recebe o evento. Com caráter internacional, essa edição vai ampliar as discussões sobre soluções e tecnologias para o desenvolvimento sustentável na região, conectando palestras, workshops, feira de tecnologias e negócios e eventos paralelos.

A realização da conferência em Belém é consequência da popularidade de um outro evento dos mesmos organizadores, o IFC Brasil, realizado anualmente em Foz do Iguaçu (PR), disse a CEO da Expo Fish e uma das organizadoras do IFC Amazônia, Eliana Panty. “Nossa meta é, neste ano atingir a marca de 5 mil participantes, tornando o IFC Amazônia um encontro da cadeia de pescado definitivo e proeminente na região”, afirmou a empresária.

Com mais de 40 horas de palestras, workshops e debates e público estimado em mais de cinco mil participantes, o congresso internacional traz especialistas da área de pesquisa, do setor produtivo e de instituições públicas e financeiras para apoiar o desenvolvimento da pesca e aquicultura na Amazônia, visando expandir a produção de pescado com sustentabilidade, pontuou o presidente do IFC Amazônia e ex-ministro da Pesca, Altemir Gregolin. “Um dos pontos altos do evento será reunir, entre expositores, especialistas e público, toda a diversidade do setor produtivo da Amazônia. A primeira edição superou todas as expectativas, então esperamos repetir o sucesso. Para se ter uma ideia, tivemos no ano passado cerca de 70 expositores, 4.540 inscritos, mais de 80 conferencistas, 40 horas de conteúdo com palestras nos vários auditórios e dez países participantes, além da maior audiência online de todos os eventos”, apontou Gregolin.

A importância da região

Ele destaca a necessidade desse tipo de encontro na região. “O IFC é um evento focado no setor produtivo com um congresso muito robusto, bem alinhado às necessidades do setor e do mercado e com uma feira de tecnologias e negócios. Este perfil de evento é uma novidade na Amazônia. Na primeira edição, tivemos empresas de várias regiões que participaram e estão muito interessadas em investir, ainda mais sabendo que o governo do Pará aprovou e regulamentou uma lei para a aquicultura, o que dá segurança jurídica ao investidor”.

Enquanto isso, Panty salienta que a intenção é movimentar ainda mais a cadeia do pescado na região amazônica. “Tivemos uma procura muito grande pelo pacote de conhecimento e tecnologia que trazemos com o evento. Outra coisa que a gente vê é um horizonte muito promissor economicamente e socialmente também, que é a oportunidade da produção. Aqui tem terra, água e grãos para o peixe de cultivo. A proteína vinda da água é a mais sustentável, a mais viável economicamente e está pulverizada em todo o território”, afirmou.
Ela reforça as oportunidades da região para o desenvolvimento da cadeia produtiva. “Temos na Amazônia o litoral, mas também os grandes leitos de rios, os reservatórios das usinas hidrelétricas e ainda temos os tanques superficiais, onde numa pequena propriedade é possível tirar toneladas de proteína que não seriam possíveis com outras espécies animais”, completou Panty.

Cultivo é o futuro

Um levantamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que a proteína de base do pescado vai alimentar o mundo nos próximos 30 anos e boa parte dessa produção virá dos cultivos de espécies e não da captura. “Então, isso sinaliza que o Pará está no lugar certo, está na hora certa e esse evento mostra que tem muita gente interessada”, reforçou.

Para Gregolin, a escolha de Belém como local do IFC na Amazônia demonstra o olhar atento do setor de todo país para o potencial da região e a capacidade de produzir com sustentabilidade. “Tinha que ser no Pará pelo histórico de produtor do estado e pelos investimentos que vem fazendo para desenvolver a cadeia produtiva, mostrando que é muito mais vantajoso e saudável a manutenção da floresta em pé e investir na piscicultura, na criação de peixe. Esse tipo de produção ajuda a preservar a Amazônia”, ressalta.

Simpósio internacional de aquariofilia

Uma das novidades desta edição é a realização do 1º Simpósio Internacional de Aquariofilia no dia 13 de novembro, das 14 às 18 horas. Outras informações sobre o IFC Amazônia podem ser obtidas através da página do evento, do e-mail marketing@ifcbrasil.com.br ou através do telefone (49) 99882-3260.

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Fonte: O Presente Rural
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Peixes

Desafios sanitários pressionam produção de tilápias e ressaltam urgência no aprimoramento de vacinas

Até pouco tempo atrás o Streptococcus agalactiae sorotipo 1B era o único patógeno de grande relevância econômica na tilapicultura. No entanto, nos últimos anos, outros patógenos começaram a surgir, ampliando os desafios sanitários.

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Fotos: Shutterstock

Entre os maiores produtores mundiais de peixes de cultivo, o Brasil alcançou, no ano passado, uma produção de quase 890 mil toneladas, ficando atrás apenas de China, Indonésia e Egito. Desse volume, mais de 65% correspondeu à tilápia, reforçando sua posição como a espécie de maior relevância comercial no país. Com um crescimento de 5,28% em relação ao ano anterior, a tilapicultura reflete o bom desempenho do setor, impulsionado por investimentos crescentes em tecnologia, infraestrutura e práticas mais eficientes de manejo.

O cenário internacional também favorece a expansão da produção. As estimativas indicam que, neste ano, a produção global da espécie deve atingir 6,8 milhões de toneladas, com o Brasil consolidado como quarto maior produtor mundial. Com recursos hídricos abundantes, o país tem o potencial de escalar ainda mais.

Entretanto, o crescimento expressivo do setor traz consigo grandes desafios, entre os quais o aumento da proliferação de doenças. “Com a intensificação da produção, as enfermidades vêm se disseminando de forma mais rápida e com maior intensidade, colocando em risco a saúde dos plantéis e a sustentabilidade dos negócios. A busca por soluções eficazes, como o desenvolvimento de novas tecnologias de vacinação, se torna cada vez mais importante para garantir a continuidade desse crescimento de forma segura”, aponta a engenheira de Pesca e doutora em Aquicultura, Danielle Zanerato Damasceno, que foi uma das palestrantes do 3º Simpósio de Piscicultura do Oeste do Paraná (Simpop), realizado em meados de julho na cidade de Toledo.

Segundo a especialista, até pouco tempo atrás o Streptococcus agalactiae sorotipo 1B era o único patógeno de grande relevância econômica na tilapicultura. No entanto, nos últimos anos, outros patógenos começaram a surgir, ampliando os desafios sanitários. O Paraná, principal produtor de tilápias no Brasil, responsável por quase 40% da produção nacional, tem enfrentado graves problemas causados pelo Streptococcus 1B e pelo ISKNV, especialmente na região Norte do estado, além de lidar com patógenos como Francisella spp. e uma diversidade de fungos que têm contribuído para o aumento de mortalidade. “O crescimento da produção tem sido acompanhado pelo surgimento de novas doenças, com uma nova enfermidade surgindo a cada dois ou três anos”, expõe Danielle.

Conforme dados do Anuário da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), entre 2008 e 2011, a principal preocupação do setor era o Streptococcus agalactiae sorotipo 1B, contudo, nos anos seguintes surgiram novos patógenos, como Francisella spp., Streptococcus agalactiae sorotipo III, Iridovírus e Lactococcus petauri ST24, ampliando os desafios para os produtores e demandando uma constante atualização nas práticas de manejo e controle sanitário.

Exemplo a ser seguido

Quando o assunto é biosseguridade, vacinação e saúde, a especialista aponta que a tilapicultura pode se espelhar na cadeia produtiva do salmão. “O salmão pode servir como modelo, pois a biosseguridade em sistemas fechados é diferente daquela em ambiente externo, onde compartilhamos a água”, destaca.

Ela explica que a indústria do salmão desenvolveu, ao longo das últimas décadas, um conjunto de ferramentas de diagnóstico preventivo que podem ser adaptadas para outras espécies. “Embora o salmão seja uma espécie de alto valor agregado e o custo para produzir um quilo seja elevado, a atividade é considerada de baixo risco, pois é possível prever com precisão o que pode acontecer ao longo de todo o ciclo produtivo”, ressalta.

No caso do salmão do Atlântico, há diversas vacinas disponíveis, no entanto, isso não significa que a espécie receba todas essas vacinas. “O sistema imunológico do salmão não suportaria tantas vacinas, além de não haver espaço suficiente na cavidade intraperitoneal para todas elas”, explica a especialista, enfatizando que o avanço da tecnologia permite selecionar as vacinas mais relevantes para cada região e cada fase do ciclo produtivo, de acordo com os desafios sanitários enfrentados em cada momento.

Na tilapicultura, a vacina mais utilizada é contra o Streptococcus agalactiae sorotipo 1B, principal doença de impacto econômico, que afeta peixes em todas as fases. “Essa enfermidade, que antes era típica do verão, hoje ocorre ao longo de todo o ano, com a vacinação amplamente adotada em pisciculturas que utilizam tanques-rede”, afirma a engenheira de Pesca, salientando que é muito raro encontrar uma piscicultura de tanques-rede, especialmente de São Paulo sentido ao Nordeste, que não utilize a vacinação como ferramenta de prevenção e controle.

Vacinação

Os desafios sanitários nos tanques escavados estão se intensificando, especialmente com a recorrência do Streptococcus agalactiae sorotipo 1B, que tende a se manifestar de forma cada vez mais frequente ano após ano. Além das enfermidades, a variabilidade climática também tem agravado a situação, com verões cada vez mais severos elevando a temperatura da água, que pode atingir ou até ultrapassar os 35°C. “Essa condição afeta o ambiente dos tanques, comprometendo o desempenho dos peixes e, consequentemente, a qualidade da produção nos frigoríficos”, pontua.

Na mesma velocidade que as doenças evoluem, Danielle diz que as vacinas e os equipamentos para a imunização também têm avançado.

Engenheira de Pesca e doutora em Aquicultura, Danielle Zanerato Damasceno: “Se quisermos que a atividade cresça, que tenhamos água de qualidade e um ambiente livre de doenças resistentes, devemos considerar novas abordagens para a vacinação” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Atualmente, há dois modelos de vacinação disponíveis no mercado: o manual e o automático. A vacinação automática oferece maior precisão, autonomia e eficiência, mas a manual ainda é amplamente utilizada. “A vacinação manual apresenta muitos desafios, sendo um dos principais a formação de equipes qualificadas. A alta rotatividade de funcionários nas propriedades impacta de forma negativa os índices vacinais e a consistência no volume de vacinas aplicadas diariamente, comprometendo a eficácia do processo”, ressalta.

Futuro da vacinação

Atualmente se estima que cerca de 50% da tilápia produzida no Brasil receba vacinação. “O que mostra que há ainda muito a ser feito e desenvolvido. Embora o Brasil tenha adotado a vacinação há mais de uma década, essa prática ainda é relativamente nova. Mesmo com toda a nossa expertise, muitos produtos e técnicas podem e devem ser aprimorados”, reforça a doutora em Aquicultura, frisando a necessidade de aplicar a experiência adquirida com outras espécies para avançar na vacinação da tilápia, que é a mais produzida no país.

A especialista reforça que para garantir uma produção sustentável e de longo prazo, é preciso repensar as atuais práticas de vacinação. “Se quisermos que a atividade cresça, que tenhamos água de qualidade e um ambiente livre de doenças resistentes, devemos considerar novas abordagens para a vacinação”, expõe, mencionando que embora a vacinação em tanques escavados ainda não seja uma realidade amplamente adotada no Brasil, países como Costa Rica, Honduras e Colômbia, que produzem em tanques escavados, não conseguem produzir sem vacinar os peixes, porque a mortalidade ultrapassa 40%. “Sabemos que eventualmente vamos precisar adotar essa prática, então é importante começarmos a nos familiarizar com esses conceitos e tecnologias”, afirma.

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Fonte: O Presente Rural
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Peixes

Com crescimento de 10% ao ano na última década, piscicultura brasileira enfrenta gargalos para se manter em expansão

Entre os principais entraves ao desenvolvimento dos peixes nativos no país estão a falta de industrialização, de genética aprimorada, de nutrição adequada e de políticas eficazes de sanidade.

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Fotos: Shutterstock

Mesmo diante de desafios, a piscicultura brasileira vem se expandindo a uma taxa de 10% ao ano na última década, tendo atingido no último ano 887.029 toneladas de peixes de cultivo produzidas, crescimento de 3,1% em relação a 2022. Superando adversidades como clima, questões sanitárias e gargalos logísticos, a atividade posiciona o Brasil entre os maiores produtores mundiais de peixes de cultivo, especialmente de tilápia, espécie que é o carro-chefe da produção nacional. Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Francisco Medeiros, destaca o crescimento robusto do setor, os gargalos e as perspectivas para os próximos meses de 2024.

Criada em outubro de 2014, a Peixe BR completa uma década de atuação este ano, período em que desempenhou um papel importante para o desenvolvimento da piscicultura nacional. “Nos últimos 10 anos, os peixes de cultivo foram a proteína animal que mais cresceu percentualmente no Brasil”, exalta Medeiros, atribuindo esse sucesso às ações estratégicas realizadas pela Associação junto aos seus associados, que resultaram em um aumento expressivo na produção e na melhoria dos processos de abate nas agroindústrias.

Um dos exemplos mais expressivos desse crescimento é da região Oeste do Paraná, considerada o maior polo de piscicultura do país. “As principais tecnologias e a maior produtividade se concentram nessa região, servindo de exemplo para outras regiões, como dos Grandes Lagos, em São Paulo, Triângulo Mineiro, Alto Paraíba e Morada Nova de Minas, no estado de Minas Gerais, além de Paulo Afonso, na Bahia”, expôs Medeiros, enfatizando que o Mato Grosso se destaca atualmente como o estado com maior número de investimentos na atividade, impulsionado pelas experiências bem-sucedidas no Oeste paranaense.

Principal espécie produzida no país, a tilápia representa mais de 65% da produção total, atingindo um crescimento de 10,2% ao ano na última década. “Um fator importante para o crescimento da tilapicultura é o fato de que a tilápia é o único pescado que é commodity no mundo, produzido em mais de 100 países e comercializado em mais de 140. Isso favorece o desenvolvimento da atividade, permitindo trocas de informações e acesso a tecnologias avançadas”, frisou o presidente da Peixes BR, evidenciando o interesse crescente de empresas de saúde animal, genética e nutrição no setor, impulsionado pela natureza globalizada da produção de tilápia. “Os grandes players do agronegócio, tanto nacional como internacional, estão entrando no mercado da piscicultura, o que traz novas oportunidades, mas também muitos desafios”, frisa.

Resiliência do setor

Apesar dos bons resultados, Medeiros ressalta que a atividade tem muito a melhorar, especialmente em termos de gestão e adaptação às condições climáticas, como as variações de temperatura que impactam a alimentação e o peso dos peixes. Porém, salienta que a cadeia produtiva é resiliente e está atenta às mudanças que afetam o setor e ao comportamento do mercado consumidor.

O presidente da Peixe BR também reforça que a estação mais fria do ano influencia diretamente na criação de tilápias. Ele explica que tradicionalmente, por volta de abril, as tilápias reduzem a alimentação devido à queda na temperatura da água, resultando em uma menor oferta de filé de tilápia no mercado. No entanto, Medeiros diz que 2024 foi atípico. “Em julho, o Paraná experimentou um frio mais prolongado, enquanto no início do inverno os períodos de frio foram curtos e menos intensos. Isso permitiu que as tilápias crescessem mais, atingindo um peso maior, o que resultou em um aumento na oferta de filé no mercado, já que os consumidores compram o produto por peso. Em 2023, a média de abate no Paraná era de 700 gramas, enquanto que em 2024 está em 950 gramas, ou seja, o produtor aumentou em um ano quase 30% a oferta de filé com a mesma quantidade de peixe”, menciona.

Embora o preço da tilápia esteja abaixo do praticado no mesmo período do ano passado, os produtores tiveram uma redução no custo da ração, o que influência diretamente na rentabilidade do negócio. “Neste cenário, a gestão eficiente se torna fundamental. Enquanto alguns produtores enfrentam prejuízos, outros conseguem equilibrar as contas e há ainda aqueles que estão lucrando”, afirma Medeiros, acrescentando que historicamente o inverno é um período de baixa liquidez ao produtor, porque o consumidor acaba substituindo a tilápia por outras proteínas. “Esperamos uma retomada nos preços até o final de setembro”, afirma, otimista, o presidente da Peixe BR.

Presença do Brasil no mercado internacional

O Brasil tem se destacado cada vez mais no mercado internacional de pescado, especialmente na exportação de tilápia. Quarto maior produtor mundial da espécie, o país atualmente exporta para mais de 40 nações, com destaque para os Estados Unidos (EUA) e o Canadá, os maiores consumidores de filé de tilápia do mundo. “O mercado norte-americano tem sido o foco principal das exportações brasileiras, com mais de 50% do volume exportado sendo de filés frescos, que são melhor remunerados nos EUA. Em contrapartida, os filés congelados enfrentam forte concorrência com os produtos chineses, que, embora de qualidade inferior ao pescado brasileiro, dominam parte do mercado devido a questões logísticas e de preço”, detalha Medeiros.

Contudo, um dos principais desafios enfrentados pelo Brasil para aumentar sua competitividade no mercado global é a logística. O transporte do filé de tilápia, que deve chegar aos EUA em até 48 horas após o peixe sair da água, é realizado via voos comerciais de passageiros, o que impõe limitações. Além disso, o processo de liberação dos certificados de exportação pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) pode levar até quatro dias, um prazo que, embora razoável para outros produtos do agronegócio, é insuficiente para a exportação de filé de tilápia fresco. “Temos trabalhado junto ao Ministério para otimizar esses prazos e, assim, permitir que o Brasil aumente sua participação no mercado internacional de tilápia”, adianta.

Perspectivas de crescimento

Para que o Brasil se consolide como um dos maiores exportadores de pescado do mundo, Medeiros diz que é essencial continuar aumentando a produção. Em 2023, as exportações cresceram 48% em relação ao ano anterior, contudo, segundo ele, o crescimento poderia ter sido ainda maior. “A indústria optou por priorizar o mercado interno, que ainda está em expansão e apresenta grande potencial de consumo”, salienta.

O cenário cambial atual, com o dólar acima de US$ 5,60, tem sido favorável para as exportações, tornando o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional. Mesmo assim, a indústria continua a atender prioritariamente o mercado interno, o que indica que, com o aumento da produção, o Brasil pode explorar ainda mais o mercado externo sem comprometer o abastecimento doméstico.

De acordo com Medeiros, o Brasil está bem posicionado para expandir suas exportações de pescado, mas enfrenta desafios logísticos que precisam ser superados para que o país aproveite todo o seu potencial no mercado global. “Com um produto de alta qualidade e um mercado interno em crescimento, o país tem todas as condições de aumentar sua competitividade e alcançar posições ainda mais altas no ranking mundial de exportadores de pescado”, avalia o presidente da Peixe BR.

A tilápia responde atualmente por 65% da produção de peixes de cultivo no Brasil, consolidando-se como a espécie líder do setor. Com esse protagonismo, surgem questionamentos sobre as perspectivas de crescimento nos próximos anos e os riscos de uma possível dependência excessiva dessa espécie. “O mundo escolheu consumir a tilápia, não é uma decisão exclusiva dos consumidores brasileiros, mas uma tendência global”, aponta o presidente da Peixe BR, enfatizando: “Assim como o suíno branco, o frango de corte, a soja e o milho se tornaram commodities de relevância mundial, a tilápia se destaca por sua produção competitiva e acessível a todas as faixas etárias e classes sociais. Ou seja, não é uma escolha do produtor brasileiro, é uma escolha do mundo”.

Consumo Interno

Apesar dos avanços, o consumo per capita de pescado no Brasil permanece abaixo do ideal, com média de aproximadamente 9 kg/habitante/ano, quando a nível mundial a média pode chegar a 20 kg/habitante/ano. “A Peixe BR tem realizado várias ações em parceria com as empresas associadas para impulsionar o consumo interno, no entanto, reconhecemos que ainda há espaço para maior adesão dos brasileiros ao peixe em suas dietas. Temos trabalhado ativamente para implementar diversas estratégias de incentivo ao consumo, o que tem feito com essa seja a proteína animal que mais cresceu em termos percentuais entre os consumidores brasileiros na última década”, enfatiza.

Gargalos na produção de peixes nativos

Enquanto a tilápia segue em expansão, os peixes nativos do Brasil enfrentam um cenário de desafios. O presidente da Peixe BR aponta que, nos últimos sete anos, a produção de espécies nativas sofreu uma retração de mais de 13%. Entre os principais entraves ao desenvolvimento dos peixes nativos no país estão a falta de industrialização, de genética aprimorada, de nutrição adequada e de políticas eficazes de sanidade.

Segundo uma projeção recente do Instituto Escolhas, o crescimento esperado para os peixes nativos nos próximos 10 anos é de apenas 4,6%. “Esse crescimento é acumulado em uma década, não anual. Diferente da tilápia, os peixes nativos carecem de investimentos em todas as áreas, desde genética até a indústria de abate”, evidencia Medeiros.

Um exemplo que ilustra essa disparidade é um contraste entre a cidade mineira Morada Nova de Minas, que produz 35 mil toneladas de peixes e possui sete frigoríficos com serviço de inspeção, enquanto Rondônia, estado líder na produção de peixes nativos, possui apenas três frigoríficos, evidenciando o gargalo na industrialização. “Sem a indústria de processamento, não há como expandir a produção de peixes nativos, pois o consumidor final raramente compra um peixe fresco inteiro para processar em casa. O processamento industrial é essencial para que o pescado chegue de forma prática e acessível ao prato dos brasileiros”, observa Medeiros.

Conforme o presidente da Peixe BR, a reestruturação da cadeia produtiva dos peixes nativos vai exigir pelo menos uma década de investimentos estratégicos, especialmente no desenvolvimento de indústrias de processamento. “Atualmente, sem essa estrutura, os peixes nativos estão se tornando um produto de nicho, o que não é necessariamente ruim, mas precisa ser valorizado com preços mais altos para garantir rentabilidade. Caso contrário, a perda de margem tornará inviável a continuidade dessa produção”, ressalta.

A situação já impacta diretamente estados como Mato Grosso e Rondônia, onde muitas estruturas produtivas estão desativadas. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, mais de 30% dos viveiros que antes cultivavam peixes nativos foram desativados por falta de rentabilidade e perspectivas de melhoria. “A produção existe, mas sem uma indústria adequada para absorver e processar esse pescado, a atividade se torna insustentável”, acrescenta.

Receita do setor

Em 2024, a produção de peixes de cultivo movimentou cerca de R$ 9 bilhões no Brasil, refletindo a força crescente do setor. As perspectivas para os próximos anos são promissoras, com projeções de expansão significativa. “A única certeza que temos é que em 2024 o crescimento será muito superior ao de 2023”, destaca Medeiros, reforçando que a receita com a tilápia deverá se manter em dois dígitos este ano.

No contexto geral da cadeia de peixes de cultivo, o setor deve alcançar um dos maiores aumentos de produção já registrados no país, especialmente se os próximos quatro meses se mantiverem estáveis. “Se tudo correr conforme o esperado, 2024 será o ano com o maior crescimento na produção de peixes de cultivo no Brasil”, projeta Medeiros.

Esse cenário, contudo, favorece mais o consumidor do que o produtor, especialmente em um momento em que o Brasil caminha para uma supersafra de commodities. “O aumento da oferta tende a pressionar os preços para baixo, beneficiando os consumidores com produtos mais acessíveis, enquanto os produtores enfrentam margens de lucro reduzidas. Esse efeito varia de mercado para mercado, mas a tendência geral é de que o consumidor seja o principal beneficiado pela queda dos preços”, explica Medeiros.

Sanidade e mercado ditam rumos da piscicultura

O futuro da piscicultura no Brasil, especialmente no setor de tilapicultura, depende de uma série de fatores que vão além da capacidade produtiva dos criadores. “O sucesso da tilápia brasileira, por exemplo, está diretamente ligado a dinâmica do mercado de insumos, especialmente milho e soja, que são os principais componentes da alimentação dos peixes”, declara.

Além dos fatores econômicos, a sanidade tem se mostrado um dos maiores desafios tanto para a criação de tilápias quanto de peixes nativos. Segundo o presidente da Peixe BR, o mercado já é, por si só, um desafio permanente, com suas flutuações e demandas, mas a questão sanitária permanece como a maior preocupação para os piscicultores. “Todos os dias surgem novos desafios a serem superados. Precisamos aprender a conviver com isso e, ao mesmo tempo, investir em novas tecnologias e vacinas para garantir a saúde e a sustentabilidade do setor”, ressalta, contando que um dos maiores riscos enfrentados atualmente é a entrada do vírus TiLV, que pode causar grandes prejuízos à produção. “Estamos trabalhando incansavelmente para evitar a disseminação desse vírus, mas os riscos sanitários são sempre grandes”, expõe Medeiros.

Expectativas para encerrar 2024

Em contínua expansão, a expectativa da Peixe BR é que o Brasil consolide ainda mais sua posição como um dos principais produtores de tilápia no mundo. Medeiros diz que as perspectivas são promissoras, mas dependem de diversos fatores, desde o clima até mudanças regulatórias e de mercado. “Esperamos uma regularidade pluviométrica nos próximos meses de 2024, com maior concentração de chuvas entre setembro e outubro nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, essenciais para a reposição de represas e lagos para garantir boas condições para a produção, especialmente de peixes nativos, uma vez que a água é o principal insumo da piscicultura, e, sem ela, não há como sustentar o crescimento que projetamos”, enfatiza.

Medeiros destaca que o país conta com três principais tipos de produtores: independentes, empresas verticalizadas e as integradoras. Segundo o presidente da Peixe BR, o sistema de integração, que envolve parcerias entre pequenos produtores e grandes empresas ou cooperativas agropecuárias, está se tornando uma das formas mais seguras de operação, especialmente em um cenário de volatilidade de preços. Por outro lado, grandes grupos econômicos apostam na verticalização, controlando todas as etapas da cadeia produtiva. “A tendência é uma redução gradual do número de produtores independentes, que estão perdendo competitividade em comparação com

Presidente da Associação Brasileira da Piscicultura, Francisco Medeiros: “Um fator importante para o crescimento da tilapicultura é o fato de que a tilápia é o único pescado que é commodity no mundo” – Foto: Divulgação/Peixe BR

sistemas integrados e verticalizados. No médio e longo prazo, esse movimento deve continuar, com cada vez menos independentes no mercado”, prevê Medeiros.

Além disso, a gestão eficiente da propriedade se tornou tão ou mais importante do que a produção em si. “Protocolos de gestão são fundamentais para aprimorar processos e garantir a competitividade no setor”, reforça Medeiros, enfatizando que o futuro da piscicultura brasileira depende não só de inovações tecnológicas, mas também de uma gestão que acompanhe o crescimento do mercado, assegurando a sustentabilidade e a lucratividade dos negócios.

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Fonte: O Presente Rural
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